Dragon's Dogma 2 lançou recentemente e na Steam o jogo tem dezenas de microtransações que deixaram usuários furiosos. E com razão!
Se é errado ser conspirólogo, eu que não quero estar certo!

Recentemente lançaram Dragon’s Dogma 2, sequência de um jogo que nunca joguei logo meu interesse era zero pela continuação. As reviews dos veículos especializados, pelo que eu pude ver, foram majoritariamente positivas. Contudo, quando abri a página da Steam notei que havia uma considerável diferença. No momento que escrevo, cerca de 61% dos comentários – e aqui tem um texto que explica porque eu chamo de comentários e não reviews – sobre o jogo são negativos. Alguns prints que vi nas redes sociais indicam que o número mais cedo estava ainda maior.

A princípio não foi uma surpresa para mim. A port horrível de PC é um fenômeno bem comum e os comentários da Steam geralmente são utilizados como uma forma para o consumidor protestar. Tudo dentro do jogo democrático! Só que esse não é o caso de Dragon’s Dogma 2. Além do uso do Denuvo que é uma tecnologia de proteção que gamers se opõe há muito tempo porque afeta o desempenho, o que incomodou essa grande parcela de jogadores é outra fonte histórica de críticas nessa indústria: microtransações.

Até o momento, existe 21 itens diferentes de conteúdo que você pode comprar para Dragon’s Dogma 2. A maioria são coisas bem bobinhas, tipo sinais de fumaça para atrair harpias, uma chave para fugir da prisão, cristais de fenda, etc. Mas não são esses que fizeram o pessoal reclamar. O que chamou atenção foram coisas como itens para editar seu personagem e outro de teleporte que também podem ser adquiridos via microtransações.

Claro que não são apenas de detratores que se faz essa treta. Temos aqui alguns defensores. Dentre eles, pincei dois argumentos que se repetem com mais frequência. O primeiro fala que todos esses itens você consegue normalmente dentro do jogo. Então essas microtransações apenas agilizam a gameplay dando uma pequena vantagem para o jogador. Uma espécie de “cheat pago”, como vi descreverem. Essas pessoas até tem um bom ponto. Ainda estão erradas, porém ainda tem um bom ponto. Agora o outro argumento mais frequente é o de “é só não comprar wtf”. Nesse caso eu me sinto obrigado a destacar que a única diferença de gamer para otário é a quantidade de letras.

Enquanto eu acho que o segundo argumento merece nada mais do que deboche, com o primeiro a gente ainda pode ter um bom debate. Minha posição é de discordância pois acredito que essas pessoas estão cometendo um erro ingênuo. Só o fato de terem colocado essas microtransações DEPOIS das reviews saírem para mim já é o suficiente para criticar a ação. Mas tem outro lance que me preocupa nessa história e ele já não é de hoje.

Realmente as miscrotransações de Dragon’s Dogma 2 são um apanhado de itens bestas que você pode conseguir naturalmente no jogo com grind. Contudo eu não acho que esse seja a raiz do problema aqui, na verdade ela é mais profunda – vai bem além de Dragon’s Dogma 2 – e indica uma tendência preocupante na indústria. Sei que estou beirando o conspiracionismo, porém eu confio tanto em empresas quanto eu confio no anúncio que tem várias mulheres solteiras na minha região querendo me conhecer.

Alguns meses atrás eu me recordo do pessoal reclamando sobre o jogo Like a Dragon: Infinite Wealth porque a feature de New Game Plus estaria disponível apenas paras as versões Deluxe e Ultimate. Esse é um recurso básico de muitos jogos, alguns utilizam até de forma mais criativa como é o caso do metrodivania brasileiro REDO!, que vem desde os tempos de Chrono Trigger. Portanto um estúdio ter a pachorra de querer cobrar por essa feature é algo que deixa muita gente irritada e outras em alerta. Eu estou em ambos os grupos!

Há muito tempo que as empresas vem “testando a água” no que se refere aos recursos que ela pode colocar por trás de um paywall sem irritar os jogadores. E eu acho muito perigoso a ideia, no caso de Dragon’s Dogma 2 de aceitar isso apenas porque são uns itens que também dá para obter in-game. Para mim, isso abre muitos precedentes para empresas se aproveitarem do consumidor no futuro. Num futuro tão próximo que talvez já esteja até no presente.

Vou sair pela tangente aqui rapidinho porque eu tenho um exemplo que ilustra melhor essa minha preocupação. Um tempo atrás eu esbarrei com uns usuários na internet discutindo uma nova forma de precificar os jogos com base nas horas de gameplay. Ou seja, se o jogo tivesse em média umas 50 horas para ser concluído ele teria um preço x, se tivesse 100 horas o preço subiria para 2x e por aí vai. Qual o problema disso? Se esse pensamento fosse normalizado dentro da comunidade gamer o que mais teria era empresas inflando jogos com conteúdo besta. Coisas como milhares de colecionáveis, side quests genéricas e repetitivas e mapas desnecessariamente gigantes de se atravessar. Tudo apenas para estender algumas horas mais de gameplay e assim poder cobrar mais de você.

Voltando agora as microtransações de Dragon’s Dogma 2, para mim o perigo reside exatamente aí na normalizam dessa ideia da empresa vender itens normais de um jogo singleplayer, diga-se de passagem – pois abre mais espaço para te explorar. Basta os desenvolvedores colocarem taxas de drop baixíssimas nos itens de forma que você fica praticamente obrigado a comprá-los. Um seguidor deu um bom exemplo lá no Twitter que é o caso de Gran Turismo 7 que tem vários carros excessivamente caros que exigem que você gaste horas demais para consegui-los… mas aí você pode comprar com microtransações!

Então, concluindo, Dragon’s Dogma 2 está cobrando apenas por “um monte de item besta” de fato. Não é um grande problema para o jogo em si. Mas acho muita inocência achar que isso não fortalece uma mentalidade que tende a ferrar ainda mais quem consome jogos. Foi muito engraçado ver a Konami ousando cobrar por saves extras naquela bomba chamada Metal Gear Suvive. Mas vai ser engraçado quando isso surgir num futuro Final Fantasy?

Sim, por enquanto é só especulação e conspiracionismo meu. Porém, por outro lado, hoje na internet tem gente achando super de boa defender uma empresa estar cobrando dinheiro real por “itens bestas”. Alguns justificando até com “ah mas aquele jogo ali fez também”.

*sigh*

Como eu disse, a diferença entre gamer e otário é só a quantidade de letras!


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