Tela inicial do fan game Metal Slug Counter, com o nome do jogo no centro da tela e a silhueta dos três personagens principais logo abaixo

Quem segue o blog há bastante tempo (duas pessoas) deve se lembrar que ano passado eu fiz uma lista de jogos feitos no OpenBOR. Dentre os vários jogos que recomendei, havia um fan game de Metal Slug, o Metal Slug Resistance. Apesar dele estar na lista, eu não gostei do jogo porque ele tem vários problemas na sua gameplay. A maioria desses problemas deriva do OpenBOR não ser a engine ideal para se fazer um run ‘n gun, mas achei curioso o bastante para citá-lo. Ontem acabei jogando outro fan game: Metal Slug Counter.

A recomendação veio indiretamente do meu caro colega Douglas “O Ilusionista” Baldan que publicou um vídeo curtinho da primeira fase lá no seu canal. Me interessei e, já que estava com uma meia-hora sobrando ontem a noite, resolvi dar uma chance.

Primeira missão de Metal Slug Counter. Uma cidade arrasada pela guerra com o letreiro "Mission Start!" piscando no meio da tela

Metal Slug Counter é uma criação de FelipeBsilva e você pode baixar gratuitamente no seu perfil da Game Jolt. O jogo tem até umas fases de shoot’em up, porém a jogabilidade principal é de um jogo de ação de combate corpo-a-corpo. Comparado ao outro fan game, Metal Slug Counter é bem melhor. Mas esse não é um elogio tão bom tendo em vista o que eu penso de Metal Slug Resistance. Além disso, o jogo tem sua própria dose de problemas também.

Não há nada a se falar dos gráficos, afinal são sprites tirados dos jogos da franquia então não tem como ficar feio. Também não há nada para falar da estrutura das fases, é um jogo bem linear cujo único desafio além dos inimigos são alguns buracos que você precisa saltar sobre nas últimas fases. Mas há bastante a se falar da jogabilidade e, infelizmente, a maior parte não é positiva.

Eu entendo que por ser um fan game no OpenBOR é necessário maneirar as expectativas. Ao mesmo tempo, também não dá para ser tão generoso quando temos ótimos exemplos na plataforma. Tem o Pocket Dimension Clash 2 do Douglas, o Caverna do Dragão do zVitor e vários outros que citei naquela minha lista do ano passado. Por isso que, embora eu não desgoste de Metal Slug Counter, fico com dificuldades de recomendá-lo para quem não é da comunidade de OpenBOR.

Fase da nave em meio a uma autoestrada arrasada. No chão há veículos militares bem estilizados, enquanto o personagem dispara contra eles

Mas então quais são as minhas rusgas com o jogo?

A proposta de Metal Slug Counter é ser um jogo de ação mais simples. Você tem três personagens armados com sabres de luz e um par de luvas elétricas. Cada um tem uma barra de especial que enche automaticamente e solta um ataque a longa distância que pega todos os inimigos em linha reta. Até aí está tudo ok. O problema é a mobilidade dos personagens. Todos os três são meio lentos e isso fica ainda mais perceptível nas fases de shoot’em up. A última, em particular, onde você controla uma nave é sofrível de quanto demora para você apenas subir e descer, dificultando em muito a desviar de ataques.

Só esse detalhe já representa um problema grande para um jogo de ação, mas isso piora quando você inclui os inimigos na equação. A maioria deles tem ataque a longa distância, então você está sempre em desvantagem dada a velocidade do seu personagem. A Rocky, que usa o par de luvas, eu usei somente uma vez porque é a que mais sofre com isso. Ela tem o menor alcance e parece ser ainda mais pesada que os outros dois personagens.

O tamanho da tela também acaba se tornando um problema já que Metal Slug Counter segue o aspecto 16:9. Muitos e muitos inimigos aparecem de ambos os lados da tela e leva uma eternidade para o seu personagem ir de um lado para o outro. E mesmo com todo esse tamanho você frequentemente recebe ataques vindo de fora da tela. Com a baixa velocidade e quantidade de inimigos que aparecem de uma vez, há várias situações que é impossível evitar de ser atingido.

Fase do deserto. Inimigos armados vem em cima de camelos, enquanto uma arma gigante no fundo dispara murais de pedra no jogador

Caso isso não bastasse, muitos inimigos comuns conseguem resistir a uma boa quantidade de dano. Isso não seria um problema se o jogo fosse um run n’ gun onde você pode manter a distância e desviar com segurança. Mas como aqui você tem que chegar perto, sempre que tem um desses literais tanques você já pode esperar perder uma ou duas vidas para derrotá-lo. Ironicamente os chefões chegam a dar menos trabalho que esses inimigos porque é mais fácil ficar no ponto cedo deles e puni-los com vários hits antes de desviar. O jogo só não fica tão frustrante de zerar porque você tem NOVECENTOS E NOVENTA E NOVE créditos, então só não chega no final quem resolver jogar de olhos vendados.

No balanço geral, eu acho que Metal Slug Counter está com o coração no lugar certo. É um jogo funcional, bem mais do que Metal Slug Resistance, só precisa fazer uns ajustes aqui e ali na jogabilidade. Aumentar a velocidade dos personagens, diminuir a quantidade de inimigos, a vida de alguns deles e também ajustar o tamanho da tela pode trazer grandes benefícios para a experiência. Então dá para se divertir se você for capaz de relevar esses problemas. No meu caso, o gosto amargo daquele outro fan game ainda pesa no meu julgamento.


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2 thoughts on “Pelo menos Metal Slug Counter tem o coração no lugar certo”

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