Curta-metragem de The Hug que tem uma óbvia inspiração em Five Nights at Freddy's
Ô bicho feio, moleque!

Aos fãs de Five Nights at Freddy’s (FNAF) que podem chegar a esse texto um pouco zangados: calma, o título é só clickbait!

Bom, mais ou menos. Apesar de eu não ser um hater da franquia, também não sou nenhum aliado. Até hoje só joguei o primeiro e nunca mais retornei para a série a não ser num ou dois vídeos sobre a história que já vi por curiosidade no YouTube. Eu até acho louvável a capacidade desses jogos simples de terror terem conseguido produzir uma comunidade extensa e ativa até hoje. Contudo eu não tenho a menor vontade de me juntar a essa galera ou explorar esse universo.

O único motivo de eu botar FNAF no título é mais do que óbvio, afinal tem um tempinho que saiu o tão aguardado – pelos fãs – filme da franquia produzido pela Blumhouse. E ele está dando o que falar, ainda que não sejam coisas muito positivas e muito menos novidade. Se tratando de adaptações de uma propriedade intelectual popular, é o mesmo de sempre: fãs estão amando, a crítica não. Em vez de ficar perdendo a paciência que eu já não tenho sobre essa relação de audiência x crítica, porque já tenho um texto sobre isso (mais de um até), decidi falar de coisas boas. Ao que nos leva a The Hug!

Como nunca fui fã eu não sei exatamente quando a popularidade de FNAF se iniciou, porém estou familiar com o “culto” em volta do jogo. Por isso que eu sei que a ideia sobre um filme não foi de agora. Inclusive já havia planos datando de 2015, porém dado uma produção muito turbulenta o projeto só foi se concretizar esse ano. Mas isso gerou um burburinho suficiente para algumas pessoas tentarem capitalizar nesse nicho. Eu tenho conhecimento de dois longas-metragens que são descaradamente uma tentativa de se apropriar do tema de bonecos animatrônicos assassinos. O primeiro foi Banana Splits, filme de 2019, que serve também como uma reimaginação sombria de uma série infantil do final dos anos 60 de mesmo nome. E dois anos depois tivemos Willy’s Wonderland: Parque Maldito que é o filme que todo mundo conhece porque tem o Nicholas Cage lutando contra os bonecões.

Já The Hug é um curta-metragem que precede ambos. Ele foi dirigido por Jack Bishop e Justin Njim e enviado para a primeira edição do Huluween Film Fest que estreou em 2018. Quem quiser assistir o curta, ele está disponível gratuitamente no YouTube e eu recomendo fortemente que vejam. Não porque seja fenomenal, é porque eu vou spoilá-lo todo no próximo parágrafo. Vai lá, são só 5 minutinhos.

A história se passa num aniversário no Pandory’s Pan Pizza Palace, uma pizzaria cuja atração principal é o boneco animatrônico do Pandory. Aiden, o aniversariante, e seus amigos trapaceiam numa das máquinas de jogos para conseguir tickets o bastante para iniciar um show do Pandory. Porém eles são interrompidos pelo funcionário da pizzaria que diz que o boneco está na sua “pausa para o jantar”. Isso não impede Aiden, que rouba as chaves do funcionário e liga o Pandory quando ninguém está vendo. O boneco interage com o garoto e o convence a lhe dar um abraço. Aiden começa a gritar quando Pandory o aperta forte demais, deixando cair uma máscara que revela uma expressão monstruosa no seu rosto. Só então o funcionário percebe que há algo de errado, porém chega tarde demais para impedir o destino do aniversariante.

Banana Splits e Willy’s Wonderland: Parque Maldito são dois evidentes filmes B. Até podem divertir na sua trasheira, entretanto ambos continuam bem ruinzinhos. The Hug, com seus humildes 5 minutos, para mim vence na questão da qualidade, mesmo não sendo nada espetacular. A razão é muito pelo fato dele ser apenas um curta que o ajuda a aplicar o conceito principal melhor que os dois longas-metragens. E inclusive acho que ele aplica melhor até mesmo que o próprio FNAF!

O fenômeno dessa marca é algo que eu acho mais interessante de se analisar do que a franquia, pois se tornou um nome que parece angariar fãs e haters na mesma proporção. Nesse cenário eu me encontro numa posição moderada, porque consigo enxergar as razões que levam ambos os lados a terem suas opiniões.

Vejo muita gente criticando a jogabilidade de FNAF e para mim isso isso é perda de tempo. Acredito que nem mesmo os fãs da franquia ligam para ela. Diria que nem ligam tanto para os jogos, pois o maior apelo de FNAF vem do lore enigmático dessa franquia. Uma vez que a história é contada cheia de lacunas, com detalhes nebulosos deixados intencionalmente abertos a interpretação, isso incentivou a formação de toda uma comunidade ao redor de teorias e especulações a respeito do universo do jogo. Só o MatPat produziu mais de 60 vídeos farmando na febre de FNAF.

Na minha opinião é isso que faz a franquia ter interessado várias pessoas e causado tanto desgosto em outras. Posso falar por mim, onde o grande problema que tenho com FNAF é a dimensão que a franquia tomou que afasta muita gente. Pois, embora as teorias podem servir de atrativo para mentes curiosas e imaginativas, para outras elas só produzem um cansaço. Aquele sentimento de: precisa realmente desse lore todo para um simples joguinho de terror? Porque se olhar o primeiro jogo como um caso isolado, ele é perfeitamente aceitável. Até mesmo levando em conta essa ênfase em jumpscare que ele tem, que no contexto de terror se tornou um termo pejorativo e mal empregado por ambos os lados da conversa.

E é aí que para mim The Hug acerta!

Não existe nada remotamente memorável na cinematografia do curta. Menos ainda no seu roteiro. Em um minuto você sabe como toda a trama se desenrolará. The Hug é apenas a execução na medida certa, dos valores de produção até a história, do que esse conceito permite. Ele não vai além do seu limite, mas também não fica abaixo dele. É só uma história de um garoto que é devorado por um boneco animatrônico, quase como uma lenda urbana.

Não há espaço para especulação. Você não fica se perguntando o que é o Pandory ou porque ele devora crianças. Se ele é um robô que teve um problema na sua programação, se é um demônio fingindo ser um boneco ou se é o espírito de um serial killer preso num animatrônico. Também não vira um universo expandido. Não existe The Hug 2, não existe The Hug: Pandory’s Origin, não existe The Hug: The Animated Series, não existe spin-off explorando a história da menina que viu o boneco atacando Aiden. Existe The Hug e acabou!

Nem tudo precisa virar uma franquia enorme que motiva vídeos inconclusivos de 4 horas ou mais para tentar explicar toda essa grandiosa história por trás desses jogos. Às vezes um curta no Huluween Film Fest é mais do que suficiente!


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