– Mas e aquele 171, hein? Acha que algum dia lança?
– Hmpf!
– Que foi?
– Ah, velho! Eu só tô cansado dos jogos brasileiros.
– Nem sabia que você manjava do cenário nacional. Por que você tá cansado deles?
– Nada contra, mas é que os caras só sabem fazer jogo baseado na cultura brasileira.
– Hã, como assim?
– Tipo esse 171 por exemplo, ele é só um GTA brasileiro! Aí eu te pergunto: cadê a originalidade? Brasil parece que só tem jogo genérico, sem criatividade, que só vende por ser “Made in Brazil” e por isso que eu não tenho interesse no cenário nacional.
– Ué, achei que você tinha tinha gostado de Pocket Bravery.
– Sim, desse aí EU gostei. Mas e os gringos?
– O que tem os gringos?
– Eles não ligam pra gente.
– E daí, Michael Jackson?
– Pro mercado brasileiro crescer ele tem que se diversificar mais.
– Agora eu entendi, agora eu saquei! O cenário nacional é muito homogêneo mesmo. Porque, vamos pensar nuns jogos aqui: tem aquele Toren (ação-aventura), o ARIDA: Backland’s Awakening (survival), Dandara: Trials of Fear Edition (metroidvania), Tropicalia (RPG), Gaucho and the Grassland (simulação) e também Punhos de Repúdio (beat’em up). Catapimbas, só jogo igual!
– Bom, eu não conhecia alguns desses jogos… Mas isso não vem ao caso! Tô falando de outra coisa. Tipo, o problema é que os caras só sabem colocar temas brasileiros que os gringos não vão conhecer, ou seja, não vão ter interesse em comprar. Igual aquele Zueirama, lembra? Me diz se teve alguém fora os brasileiros que jogou aquilo?
– Aí você me venceu no argumento. Com esse único exemplo não tenho como discutir, de fato a gente SÓ faz Jogo Baseado na Cultura Brasileira™.
– Tô te falando! Pera, isso foi sarcasmo, não foi?
– Óbvio que não! Eu estava tentando pensar em outros jogos, porém você tem razão, só me veio exemplo com temas brasileiros na cabeça. Embora tenha aquele Horizon Chase…
– Oi?
– Horizon Chase Turbo, não se lembra? Jogo de corrida da Aquiris Game Studio inspirado em Top Gear, teve até uma sequência uns anos atrás.
– Ah sim, bem lembrado! Porém é só uma exceção, me diz aí outro jogo de cor-
– Slipstream!
– … mesmo assim é muito pouco se a gente pensar no quadro geral.
– Sem dúvida, “o quadro geral”. Você está absolutamente correto, me vejo sem qualquer outro exemplo. Se bem que…
– Se bem que o quê?
– Tem os jogos da JoyMasher, né?
– JoyMasher?
– Estúdio brasileiro que faz uns jogos com uma pegada retrô há mais ou menos dez anos. Eles têm uns quatro títulos diferentes, pensei que você conheceria um.
– T-tem algum com temática brasileira?
– Não exatamente: o primeiro deles foi Oniken que é tipo um Ninja Gaiden e logo em seguida teve o Odallus: The Dark Call, que é inspirado em Castlevania e The Legend of Zelda. Depois disso, eles fizeram o Blazing Chrome – aliás, é o melhor deles na minha opinião – misturando Contra com Metal Slug. Por fim, lançaram o Vengeful Guardian: Moonrider, plataforma de ação 2D que tem uns elementos de Mega Man. Só que não gostei muito desse, talvez você curtisse.
– Ok, mais tarde eu procuro esses. Mas então, chega de falar de jogo brasileiro porque acho que já deu para entender.
– Sim, deu para entender muita coisa mesmo. Pois é um absurdo a quantidade de Jogo Baseado na Cultura Brasileira™ que a gente tem. Todavia, se me permite, eu tenho só mais uma perguntinha pra você: A Lenda do Herói entra nessa categoria? Sabe, aquele jogo dos Castro Brothers?
– Ah, é jogo de youtuber então meio que é baseado na cultura brasileira. Igual o jogo do 99Vidas.
– De fato, se a gente ignorar que A Lenda do Herói se inspira nos jogos de Monster World e que ele fica brincando com as convenções do gênero de plataforma bem difundidas globalmente, podemos dizer que é um Jogo Baseado na Cultura Brasileira™. Igualzinho o jogo do 99Vidas!
– Ok, você tem um ponto. Mas como é que os gringos vão curtir se…
– Tem em inglês.
– … mesmo com as legendas…
– Adaptaram as músicas para inglês também.
– …
– Pois bem, vamos colocar esse na casinha das exceções. Acho que podemos desconsiderar Enigma do Medo do Cellbit também já que é outro “jogo de youtuber”. Embora, tecnicamente, ele é baseado numa campanha de RPG de terror e tem um lore próprio. Não sei se dá para dizer que é um Jogo Baseado na Cultura Brasileira™, mas vamos deixar para lá. Com certeza não tem gringo algum querendo jogar isso e no final das contas é tudo que importa.
– É isso, deixa pra l- cara, você tá me zoando?
– Jamais! Putz me lembrei de Super Chicken Jumper.
– Agora você tá inventando nome!
– Não, pô! Esse é aquele jogo do Gemaplys que eu te mostrei um tempão atrás. Uma versão hardcore do jogo do dinossaurinho do Google. Não tem uma brasileiridade tão explícita assim, porém é “jogo de youtuber” e, portanto, é Jogo Baseado na Cultura Brasileira™. Nossa, essa conversa me abriu os olhos!
– Então, eu disse que cansei de falar de jogo brasileiro.
– Jogo Baseado na Cultura Brasileira™!
– Hã?
– Nada não. Vamos mudar de assunto porque já vimos que existem RARAS exceções. Aliás, terminou de zerar Kaze and the Wild Masks que eu mandei pra você no seu aniversário?
– Zerei ontem! Muito bom, cara. Me lembrou vários plataformas que eu curtia. Que jogo massa!
– Pois é, e brasileiro ainda por cima!
– Ah vai se f- Tem mais algum jogo brasileiro que você gostaria de citar?
– Poucos porque eu não conheço a cena brasileira tão bem quanto você. Então só consigo pensar em mais alguns: Dodgeball Academia, Fobia: St. Dinfna Hotel, Dininho Adventures, Dino Survivors, Chroma Squad, Relic Hunters, Outlive, Unsighted, Maiden Cops, Metamorfose S, Mullet Madjack, Knights of Pen & Paper, Raccoo Venture, No Heroes Here, Shieldmaiden, Be Hero, Fish Person Shooter, Momodora 1, Momodora 2, Momodora 3, Momodora: Reverie Under the Moonlight, Momodora: Moonlit Farewell. Ufa, preciso até tomar uma água! Ah sim, Minoria que é do mesmo cara de Momodora.
– …
– O quê? Ora, tenho certeza que alguns, não, VÁRIOS deles se classificam como Jogo Baseado na Cultura Brasileira™.
– Já acabou?
– Quase! Posso falar de RPG Maker também? Porque tem Heart & Soul, Saint Seiya RPG: Asgard Chapter, CdZ: A Saga de Hades, DBZ: Do Começo ao Fim, Vila do Nevoeiro, Orca: A Lenda dos Mares, Inkey University, Memories of Mana, Las Aventurietas del Robercleiton TURBO, Era dos Deuses, O Artefato… Ei! Aonde é que você vai?
– Eu já entendi!
– Ih, mas você tá bravo? Pô, calma. Senta aí, toma alguma coisa. Vamos fazer assim, vou te mandar outro jogo de presente pra gente ficar de boa de novo. Você gosta de metroidvania, não gosta? Então dê uma olhada nesse esse aqui, REDO: é um jogo curtinho, pixel-art fantástica, tem uma ambientação meio lovecraftiana futurista, bastante ação. Acho que você vai curtir pra cacete.
– Eita, pior que parece foda mesmo. De que estúdio?
– Nenhum, se eu não me engano foi feito por um único desenvolvedor. Ele tá até trabalhando na sequência já, SESSIONS.
– E qual no nome dele pra eu procurar aqui no Twitter?
– Ah, deixa quieto!
– Qual o problema de me falar o nome do cara?
– Nenhum, só deixa pra lá.
– Me fala o nome, caralho!
– ROBSON PAIVA!
– Eu te odeio! Fui!
– Tá bom. Antes de você ir embora, você poderia me responder uma última pergunta? Prometo que não tem nada a ver com jogos.
– Ok, manda!
– Por curiosidade, me fala três filmes brasileiros que você acha bom?
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Não conhecia nem 95% desses jogos, tomar vergonha na cara e deixar anotado para futuras jogatinas.
Hahaha, mas assumo que muitos ali eu conheço mais por nome do que eu de fato joguei. Os que posso atestar que vale a pena conferir porque joguei são: Horizon Chase Turbo, Dodgeball Academia, Momodora: Reverie Under the Moonlight, os jogos da JoyMasher (mas eu não gosto do Vengeful Guardian mesmo), A Lenda do Herói e REDO!. Vila do Nevoeiro também é muito legal, porém é um jogo meio quebrado.
Horizon Chase Turbo é um dos poucos dessa lista que eu joguei, e gostei muito. Não sou muito fã de jogos de corrida, mas o estilo arcade e as músicas deram um charme especial para esse jogo.
Então acho que você vai curtir o Slipstream também porque a pegada dele é bem arcade dos anos 90