Concorrente aos prêmio de Game of the Year no The Game Awards de 2023 que gerou uma discussão besta se pode remake no GOTY
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Esses dias tivemos a revelação dos concorrentes ao evento-meme gamer do ano. Eu já início o texto com esse deboche bobo porque eu não enxergo o The Game Awards como nada além de uma piada. Mais ainda pelo que virou o Game of the Year. Entretanto o que me move não é exclusivamente uma revolta pueril de internet com quaisquer eventos de premiação. Não gosto do The Game Awards porque, mesmo com quase uma década de existência, ele não parece evoluir nem um pouco para além da imagem de um evento de anúncios glorificado.

O evento já angariou sua parcela de controvérsias – fala aí, Bill Clinton Kid? – e críticas que parecem se amontoar com os anos. Mesmo assim a impressão que fica é que os organizadores não tentam melhorar o processo. A maior evidência para mim está nas nomeações. Aqui não estou entrando num papo de “fulaninho merecia ser mais indicado do que sicraninho”, isso aí eu deixo para turminha de sempre de flamewar. Meu ponto é em cima de como a escolha dos candidatos às vezes parece ser feita à moda caralho.

Poderia citar aqui o ano passado quando indicaram Sifu, um beat’em up 3D, para categoria de Melhor Jogo de Luta. Mas para que reviver o passado quando o presente nos dá exemplos ainda melhores? Só esse ano tem dois ótimos para destacar. No prêmio de Melhor Treinador de E-sport um dos indicados falou publicamente que não trabalhou como treinador esse ano e pediu para ser retirado da lista. Uma informação que a equipe por trás do The Game Awards poderia facilmente revisar.

Há também a questão de Dave the Diver – oportunidade para lembrar de que tem um texto no Backlogger sobre ele – que está concorrendo na categoria de Melhor Jogo Indie apesar de não ser um jogo indie. Aliás, a representação de indies no The Game Awards é um foco recorrente de críticas ao evento. Nesse caso em particular fica pior porque o próprio vice-presidente da Mintrocket já esclareceu que Dave the Diver não é indie pois o estúdio é subsidiário da Nexon. Agora o anúncio da categoria repousa com uma bela nota da comunidade ali no Twitter.

Então, assim, existe muito o que se discutir sobre os problemas que o The Game Awards precisa corrigir já que é o evento mais popular de premiação de jogos. Isso independe se a gente acha que prêmios são ou não importantes. Tais críticas já estão sendo levantadas há tempos pela parte mais séria da comunidade e do jornalismo gamer. Porém, para a minha NÃO-surpresa a internet tem que gastar energia com uma NÃO-discussão de novo. A bola da vez é o fato de Resident Evil 4 ter sido indicado para a categoria do famigerado GOTY.

Para muitos isso não é nenhuma surpresa, afinal ele foi um dos jogos mais aclamados desse ano ano. Porém existem aqueles que não acham justo a indicação porque o jogo é um…

*tan, tan, tan, tan*

REMAKE!!!

Algumas pessoas “argumentam” que o GOTY especificamente deveria ser reservado apenas a jogos originais. Com base em que? Ora, nas vozes das cabeças delas! Eu não queria ser tão condescendente, mas é difícil não ser quando a reclamação é besta e a justificava é boba. Primeiro vamos olhar para o histórico do evento. Não é a primeira vez que um remake concorre a melhor jogo do ano. Em 2020 entre os indicados estava Final Fantasy VII Remake. Existe precedente, embora nem seria necessário que houvesse um. Segundo, e para mim o mais engraçado dessa história, é que Resident Evil não é nem o primeiro remake da franquia a concorrer. Antes de Final Fantasy VII, o remake de Resident Evil 2 já tinha dado as caras na premiação.

“Tá, mas fala outro aí então!”. Prefiro deixar um link.

Contudo não precisamos nem usar o histórico do evento como uma justificativa. Basta apenas ler a descrição da categoria de GOTY: “(…) o jogo que oferece a melhor experiência em todos os campos criativos e técnicos”. Precisa deixar mais claro que isso? Não existe nenhum critério falando que para concorrer ao prêmio de melhor jogo ele tem que ser “original”. Essa foi uma regra que o pessoal está tirando da bunda só para fazer uma reclamação sem base. Para mim não passa de pura mesquinharia de gente que queria que outro jogo fosse indicado ao prêmio.

Essa não-discussão de remake no GOTY me dá uma canseira especial porque, além de tudo que falei, é uma conversa atrasada. Vamos sair dos vídeo games rapidinho e ir para o cinema com o Oscar. Esse é outro evento que também tem sua boa parcela de críticas e detratores. A maior diferença com o The Games Awards é que o Oscar ainda goza de certo prestígio na sua mídia. Nele não existe, ao menos hoje não, qualquer implicância com a participação de remakes entre os concorrentes nesse evento. Inclusive já teve um que levou o prêmio de Melhor Filme. Enquanto isso, os gamers ainda perdem tempo e energia querendo determinar se pode ou não pode remake no GOTY.

No meio dessa, novamente, não-discussão vi algumas sugestões de uma possível solução criando uma categoria para premiar remakes e remasters. Eu discordo veementemente dela. Para mim isso é uma “solução” para um problema que não existe. Não é porque tem uma patota gamer achando ruim um remake concorrer que a gente tem que dar ouvidos para essa sandice. Mas mais do que isso, eu me oponho a ideia porque seria adicionar OUTRA categoria no The Game Awards, um evento já muito inflado de prêmios que parecem existir só para ter espaço para encaixar anúncios. Vamos olhar algumas dessas categorias existentes.

  • Melhor Jogo Indie, Melhor Jogo Indie de Estreia e Jogos de Impacto: vejam só, três categorias diferentes para premiar jogos indie e alguns “””indie”””. A última é especialmente sem sentido porque o jogo “ter uma mensagem” é algo que dá para você encaixar na maioria dos concorrentes de outros categorias;
  • Melhor Evento de E-Sports: um evento para premiar outros eventos é algo que me faz soltar arzinho pelo nariz;
  • Melhor Jogo Contínuo: tirando o potencial para fazer um meme com o filme Bonitinha, Mas Ordinária, essa categoria é uma óbvia desculpa para indicar jogos online com uma grande base de jogadores para tentar conseguir mais audiência;
  • Melhor Suporte à Comunidade: não vou nem perder tempo discorrendo sobre essa;
  • Deixo para o fim a categoria que me soa mais ridícula: Jogo Mais Antecipado. Eu respeito a inteligência de vocês o bastante para concluir que eu não preciso explicar porque dar um prêmio para um jogo que pode significar algo para a indústria é estúpido por definição.

Com isso eu terminando dizendo que não, a gente não precisa de mais uma categoria para o The Game Awards enfiar outro ad pela goela do espectador. Da mesma forma, remake nenhum precisa ser barrado de concorrer na categoria de GOTY apenas por ser remake. Não existe critério algum que impeça isso. Então assuma que você só está chateado porque seu joguinho não está ali no GOTY junto com os demais. Mas admito que tem uma coisa que precisamos de verdade: uma discussão real para a comunidade gamer, pois as pautas do dia estão cada vez mais toscas.


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