Essa semana tivemos a 95ª cerimônia do Oscar. Como sempre, teve briga na internet porque as pessoas insistem em tentar tratar premiação com algum grau de objetividade. O queridinho da noite foi o filme Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo que arrebatou 7 prêmios incluindo o de Melhor Filme e de Melhor Direção. Coincidentemente, esse era um dos favoritos, do público, para o Oscar desse ano. Pelo menos nas redes sociais que eu sigo, esse foi um dos filmes mais comentados de 2022, então havia grandes expectativas para a premiação por parte dos fãs do filme.

Eu não me diria um fã, mas estava com eles nessas expectativas. Adoro Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo por ser um filme bem caótico, que não tem vergonha de ser ridículo, mas que também carrega uma sinceridade emocional muito doce. Ele contrapõe o nihilismo e apatia de uma geração pessimista ao abraçar o absurdo da nossa existência e advoga pela uma tentativa de compreender aqueles que nos cercam. Empatia, paciência, amor, etc; esse são um dos vários sentimentos que compõe o seu núcleo. Foi um dos meus filmes favoritos do ano passado e provavelmente será da vida também.

Mas é óbvio que a internet ia estragar isso tudo!

Acredito que a maioria aqui deve conhecer a Isabela Boscov. Ela é uma jornalista e crítica de cinema que ganhou a internet com suas resenhas de filmes e séries que ela publica no seu canal de YouTube. A Isabela conquistou o público não apenas por ser uma excelente profissional da área, mas porque também ela tem uma qualidade que é meio escassa em figuras como Pablo Villaça (que por alguma razão me bloqueou no Twitter): ela é imensamente simpática. Sendo assim, a Isabela Boscov conseguiu quebrar o estereotipo que muitas pessoas da audiência tem com a imagem dos críticos. Porém, infelizmente, não existe simpatia no mundo que consegue fazer frente ao mar de podridão e agressividade que é o Twitter.

Se você entrar agora no perfil da Isabela verá que não tem um tweet sequer sobre o Oscar de 2023. O que é algo muito estranho para uma crítica certo? É a maior cerimônia de premiação do cinema, gera muita atenção e é óbvio que qualquer profissional dessa área vai estar de olho no evento. Acontece que a Isabela Boscov falou sim bastante sobre o Oscar naquela noite, porém ela apagou todos seus tweets. Mas por quê? Porque ela foi virtualmente apedrejada pelos fãs de Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo. Seu crime? Falar isso aqui:

Tweet de Isabela Boscov que atraiu ódio de muitos fãs malucos de Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo
Ó meu Deus, que ofensa!!!

Cate no caso é a atriz Cate Blanchett que concorria ao Oscar de Melhor Atriz pelo filme Tár, mas que perdeu para Michelle Yeoh. Eu não vou ficar aqui entrando no mérito de quem merecia ou não ganhar o prêmio. Como já disse, não existe objetividade nisso e uma discussão chata de gente que precisa passar mais tempo fora de casa. Contudo é óbvio que a Isabela – e nem ninguém – merecia ser atacada só por não achar que Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo deveria levar algum dos prêmios. E olha que ela nem chegou a criticar a atuação da Michelle Yeoh, só mostrou ter preferência pela Cate Blanchett.

Mas os fãs não são seres que operam por meios lógicos.

Hoje no Twitter eu vi que o filme recebeu o apelido de “Juliette do Cinema” devido a fanbase insuportável (pleonasmo) que se formou ao redor dele. E não tem nem o que discordar desse apelido. Ele descreve perfeitamente o grau de fanatismo que pessoas conseguem criar seja por uma pessoa, por algum filme, série, jogo; ou seja por algo de fato importante.

Isso não é a primeira vez que algo do tipo acontece e não será a última. Já que eu falo mais de *sigh* vídeo games, tem o exemplo clássico de Undertale que tem fama de possuir um dos piores fandoms da internet. E acho irônico ver como que duas obras que tem no seu cerne o perdão, o amor e a empatia produziram comunidades tão tóxicas e agressivas. Claro que isso não é culpa de Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo e Undertale, nem das mentes por trás dessas obras. O problema é que fã é uma raça simplesmente desprezível!

Aqui no blog eu não sei se ficou aparente, lembro naquele texto do Omelete eu cheguei a mencionar, mas lá na minha conta do Twitter está bem claro todo o desprezo que eu sinto por fãs. E não é por fanbases/fandoms específicos, eu odeio a figura do fã em todas as suas formas e gostos! Isso não é um exagero para fins cômicos, eu detesto fãs mesmo. Nas minhas próprias palavras: fã é uma pessoa emocionalmente desequilibrada que supervaloriza demais a sua própria opinião nas coisas.

Mas aí você me pergunta: poxa, Belmonteiro! Tu não é fã de coisas?

Sou, por isso que sei que essa gente é insuportável. Já tentou falar de filme de terror comigo? Eu vou infernizar a tua vida!

Vamos pegar outro exemplo que junta jogo e série: The Last of Us. Há poucos meses tivemos o caso da Julia Sabbaga, editora-adjunta do Omelete, que foi atacada por fãs do jogo/série por causa de um artigo ruim na qual criticava a série. Aliás o texto que eu linkei ali em cima é sobre essa história para quem quiser conferir com mais detalhes. E eu concordo que há vários argumentos ruins no texto da Julia e, no geral, parecia que ela estava assistindo e analisando a série com uma tremenda má vontade. Porém, e lá vem hot take, NÃO JUSTIFICA AMEAÇAREM A MULHER DE MORTE!

Mais uma vez, não é um caso isolado. Um amigo meu lá do Twitter recentemente quase teve sua “carteirinha de fã” revogada por cometer o crime de criticar a falta de zumbis na série já que são um elemento tão importante para o universo da história. E aí a gente abre outra caixa de Pandora onde os fãs mostram como não entendem nem mesmo da mídia que consomem.

Na ânsia de querer elevar a The Last of Us a outro patamar, teve o discurso de que “não é uma história sobre zumbis”. Ao que a gente precisa responder com muita condescendência. Jura? Igual aos filmes dos George A. Romero como A Noite dos Mortos-Vivos, Despertar dos Mortos e Dia dos Mortos que também não são exatamente sobre zumbis. Train to Busan e Cargo também. Ou que tal Kingdom que tem um pesado contexto político e histórico por trás da sua trama? Uma história de zumbis não ser sobre zumbis é a coisa mais comum de histórias de zumbis!

Aí, logicamente, para tentar fazer The Last of Us diferentão os fãs tentaram justificar também que nem são zumbis, que são na verdade fungos. Outra vez a condescendência. Jura? Igual 28 Days Later que na verdade são humanos infectados com uma variante do vírus da raiva e o Cargo que eu citei também. Não é porque não é o clássico morto-vivo que estamos acostumados na cultura pop, The Last of Us ainda não é uma exceção. O jogo e a série usam as mesmas convenções que as histórias de zumbis estabeleceram por todas essas décadas.

Ainda tiveram a pachorra de lá no começo da série dizer que ela foi a responsável por “quebrar a maldição das adaptações de jogos” sendo que temos um histórico de animações que já tinham feito isso muito tempo antes. Mas aí, claro, que os fãs pra tentar dar algum mérito maior pra The Last of Us vai tentar dizer que foi a primeira série live action como se isso fosse fazer qualquer diferença.

Pode parecer que eu escrevi essa parte só pra cagar em cima da cabeça dos fãs de The Last of Us. E em parte foi mesmo porque fã de The Last of Us tem mais é que se foder (exceto meu amigo lá no Twitter, ele é sensato). Mas a real é que eu quero mostrar como fã é muito deslumbrado com a obra que tanto adora e parece querer que todo mundo a trate com essa idolatria também. Mesmo quando não precisa. Tanto o jogo quanto a série são muito aclamados por críticos e a audiência, não há necessidade de encher mais a bola deles. Mas o fã precisa dessa validação. Aí quando alguém não vai de acordo opinião dele, bate um ataque de insegurança e ele age como um símio que aprendeu a digitar.

Pode ser dito que eu sou estou olhando um lado da fanbase e que tem uma porrada de fã que não é assim. E eu acho uma crítica válida, mas que não faz a menor diferença. Pouco importa se a maioria dos fãs é moderada quando você tem uma parcela considerável que age de maneira agressiva. A Isabela Boscov não deletou seus tweets porque era meia dúzia de gato pingado, era uma turma imensa atacando ela.

Caralho, ‘cês tão entendendo o ponto que a gente está? Atacaram até Isabela Boscov! Só porque ela achou que outra atriz merecia o prêmio. Esse é o nível que o fã emocionado chega. E só sendo muito inocente para achar que o ocorrido com ela é um caso isolado, uma exceção, algo que não se repete com frequêcia. Até porque ela não foi a única a sofrer ataques por conta das suas opiniões a cerca da premiação ou quiçá emitir uma opinião que não seja de completa idolatria por Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo.

Por mim criminalizava o fã. Sem ironia!

Eu pretendo um dia escrever um texto mais elaborado explicando por A + B porque eu acho que a figura do fã precisa ser muito criticada e ridicularizada também. Não vai ser hoje. Hoje tô aqui pra exercitar meu ódio recreativo por essa galera que fica atacando os outros na internet porque elas não gostaram do filminho que ela gosta.

Estou dando continuidade ao ciclo do ódio? Com certeza! Estou indo contra aquilo que Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo prega? Infelizmente sim! Porém a minha paciência com fã já se esgotou faz tempo.

Gente insuportável que torna a experiência de falar sobre qualquer coisa na internet pior do que já é!


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