O combate de Wizard of Legend é da hora… pena que é roguelike

A imagem mostra uma batalha do roguelike Wizard of Legend. Dois magos atacam soldados reanimados com magias de fogo e raio

Apesar de eu afirmar categoricamente neste blog como eu tenho nada menos do que nojo pelo gênero de roguelike, eu ainda me pego jogando alguns títulos. Isso acontece porque eu sou assumidamente hipócrita e não demonstro qualquer vontade para corrigir esse desvio de caráter. Por desvio de caráter eu me refiro a jogar roguelike, não a ser hipócrita. Piadas à parte, já tem um mês mais ou menos que eu zerei Wizard of Legend e depois desse tempo decidi fazer um comentário rápido.

Da mesma forma que o motivo que me levou a jogar Hades foi o apelo da sua temática, mitologia grega, eu decidi dar uma chance a Wizard of Legend porque gosto da ideia de lutas pautadas em magias. Não é à toa que dois dos meus desenhos favoritos são Avatar: A Lenda de Aang e o muitíssimo superior A Lenda de Korra, ambos pelo uso das dobras de elementos nas sequências de ação. Logo, não é de se surpreender que o que mais me cativou em Wizard of Legend foi o seu combate. Até porque está no título do texto.

Passando rapidamente pela gameplay, você controla um mago que decide participar das Provas do Caos, um evento anual que acontece no reino fictício de Lanova. Para receber o título homônimo de Wizard of Legend, você precisa superar todos os desafios das Provas e derrotar os membros do Conselho de Magia. O jogo se divide em dez andares de uma dungeon criada por geração procedural, agrupados tematicamente num elemento (Fogo, Gelo, Terra, Vento, Raio e Caos). Cada andar é recheado de inimigos, armadilhas, tesouros e no final você tem que derrotar um chefão aleatório. Já nos andares múltiplos de três você duela com os magos do Conselho e no último o Mestre Sura.

Se tratando de um roguelike, obviamente que se você morrer terá que reiniciar do primeiro andar e nenhuma dungeon é igual a anterior. Cada vez que você derrota um mago do Conselho surgem inimigos mais fortes e com ataques extra. Para te ajudar a sobreviver, você tem à sua disposição relíquias mágicas que te concedem atributos especiais, mantos com efeitos diversos e outros NPCs como vendedores, alfaiates, etc; que você encontra em cada andar da dungeon. Ah sim, também não podemos esquecer das Arcanas.

Arcanas são as magias do jogo, separadas pelos mesmos elementos dos andares e no início de cada run você pode equipar até quatro. Elas se dividem em quatro tipos diferentes, Basic, Dash, Standard e Signature, cada uma com uma especificidade própria. Basic Arcanas são mais fracas e mais velozes, com um tempo de recarga curto, servindo como seu ataque normal. Dash Arcanas adicionam um efeito especial no dash padrão do personagem. Standard Arcanas são magias mais poderosas e com efeitos variados, ofensivos ou defensivos. E por fim, as Signature Arcanas são similares às Standard, porém podem ser carregadas ao causar dano nos inimigos. Uma vez que sua barra esteja cheia, você pode liberar um ataque mais poderoso.

Ok, agora chega de falar da jogabilidade com o mesmo estilo um verbete da Wikipédia. Eu não citei Avatar à toa para mostrar que Eu Amo Desenhos™. Wizard of Legend me passa a sensação de ser o próprio Avatar por me deixar controlar diversos elementos. A graça do jogo está na infinidade de builds que podemos montar, combinando as mais diversas Arcanas. Ao todo são 206 magias que você pode conseguir e isso leva a milhares de possibilidades. Algumas irão funcionar, outras provavelmente não. De qualquer forma, o que nos mantém investido no jogo é esse potencial gigante de experimentação.

Só que aí vem o fato de Wizard of Legend ser roguelike…

A primeira vez que eu derrotei o Mestre Sura eu fiquei muito satisfeito. Até mais do que deveria! Foram diversas tentativas frustradas que me deixaram na iminência de abandonar o jogo, mas com insistência consegui concluir uma run. Ainda animado, segui com Wizard of Legend e mais uma vez consegui derrotar o Sura. Não teve a mesma satisfação da primeira, porém o bastante para eu continuar jogando. Quando eu o derrotei lá pela terceira ou quarta vez eu olhei para tela do meu computador e falei “hm”. Aquela luta foi consideravelmente mais fácil do que as anteriores, contudo eu não consegui sentir que era fruto da melhora da minha habilidade no jogo. Com absoluta certeza foi por conta da build.

Um problema que eu tenho com muitos jogos que envolvem RNG é que por vezes eu me questiono se meu sucesso foi mérito meu ou se apenas dei sorte de pegar uma rota mais fácil e com itens melhores. No caso de Wizard of Legend isso ficou bem claro quando um amigo meu na Steam viu que eu estava jogando e me mandou um vídeo de uma build destruidora que ele conseguiu fazer. Esse amigo derrotou o Sura em questão de segundos usando um combo de magias potencializadas pelas suas relíquias. Fiquei muito impressionado e, paradoxalmente, a minha vontade de continuar jogando se extinguiu naquele instante.

Essa interação me fez lembrar de uma das runs nas quais eu usei uma Basic Arcana com efeito em área que era ótima para fazer o famoso crowd control. Nunca antes tive tanta facilidade em avançar pelos andares sem dar qualquer chance de reação para os inimigos mais fracos. Porém no último andar ficou evidente o quanto aquela magia era ruim em duelos. Então na run seguinte eu escolhi a mesma Basic Arcana, só que no último comerciante eu resolvi substituir a minha Basic Arcana. A diferença na luta contra o Sura foi gritante.

Nessa hora alguém pode argumentar que essa é a real graça de Wizard of Legend. Você tem que ir adaptando a sua build conforme avança na dungeon para garantir que você possa ser o mais efetivo possível nos últimos andares. Ok, eu concordo com isso na maior parte do argumento. O problema é que isso ainda nos deixa a mercê da sorte porque não é tão fácil assim modificar sua build no meio do caminho. De qualquer forma, você precisa contar que os itens ou Arcanas certos apareçam para você. Lembro que em uma das minhas runs eu queria fazer uma build especializada para Signature Arcana.

Contudo, a maior parte das relíquias que eu encontrei não beneficiaram esse aspecto. Tentei então mudar de estratégia e apenas acabei com uma build incompleta e pouco efetiva. Levou mais umas tentativas até o RNG ser misericordioso comigo e me entregar itens que melhoram a Signature. Novamente a luta contra o Mestre Sura foi muito tranquila. Nesse momento eu passei a ter a mesma sensação que tive ao jogar Titan Souls e isso nunca é um bom sinal. Nada corta mais o tesão na gameplay (para mim) do que sentir que a vitória é mais influenciada por sorte do que habilidade.

Sendo assim, eu concordo que Wizard of Legend é muito legal. O combate é uma delícia e eu me diverti, até certo ponto, testando umas builds. Porém a sua natureza de roguelike impede que eu me invista 100% nele. Depois que não existe mais o desafio pessoal de conseguir concluir uma run, os motivos para continuar jogando caem vertiginosamente. Duvido que eu voltarei a jogá-lo um dia, da mesma forma que nunca voltei a jogar Dead Cells.

E essa vai para o meu amigo, porque não importa quantas mensagens você me mandar, EU NÃO VOU JOGAR WIZARD OF LEGEND 2. Para mim já deu desse gênero. Roguelike nunca mais!

*instalando Dandy Ace*


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