Apesar da sua enorme relevância nos RPGs eletrônicos, ainda mais para os JRPGs, eu e Final Fantasy nunca fomos amiguinhos. Para vocês terem uma ideia, eu tive mais contato com a franquia através de Kingdom Hearts do que pelos próprios jogos. Até uns anos atrás eu tinha encostado apenas em três deles: Final Fantasy V, VI & XII. Nenhum zerado! E não é que eu tivesse alguma coisa contra eles, só acontecia do meu interesse viajar para outros jogos. Levou tempo até eu criar o comprometimento necessário pra jogar um RPG do começo ao fim.

Se passaram umas duas décadas para que eu finalmente conseguisse zerar algum título dessa franquia. Aconteceu em 2021 com Final Fantasy V, pois essa era uma das pendências que eu queria tirar da minha lista. Isso também me levou a zerar o VI e, por último, o Final Fantasy VII. O XII eu ainda estou devendo, porém outros jogos tem entrado na frente nessa fila então só o tempo dirá quando a dívida será paga.

Aquele ano também marcou outro acontecimento, pois foi em 2021 que calhou de eu decidir jogar outra histórica franquia de JRPGs: Dragon Quest. Essa também era mais uma das que eu conhecia por nome, contudo nunca cheguei a jogar porque outras franquias me chamavam mais atenção. Só que em vez de fazer o mesmo que Final Fantasy, em Dragon Quest eu decidi começar do começo mesmo.

Então meu primeiro jogo de Dragon Quest foi de fato o primeiro jogo da franquia, lançado em 1986 para o NES/Nintendinho. Isso resultou numa pequena jornada que se estendeu até o Dragon Quest III. Não satisfeito, no ano seguinte eu dei continuidade com uma segunda jornada indo do Dragon Quest IV ao VI. E em meio a esses dois períodos que eu joguei os outros Final Fantasy, o que acabou me dando uma overdose de RPGs e tive que dar um tempo do gênero e de ambas franquias.

Isso se manteve até o mês passado quando eu finalmente decidi repetir a experiência de Dragon Quest com Final Fantasy. Daí, de março até o início de abril, eu fiquei jogando Final Fantasy I, II & III, todos nas suas versões originais. O motivo principal para tal ato é que eu me odeio. E o motivo secundário, como já expliquei num outro texto, é essa minha maluquice curiosidade em conhecer as origens de algumas franquias de jogos.

Logos de Final Fantasy I, II & III
Por que eu me disponho a isso?

Pois bem, findada mais uma jornada nesse universo de JRPGs antigos chega a hora de fazer mais um texto descrevendo as minhas impressões gerais de cada um desses jogos. Vou seguir na ordem de lançamento mesmo porque foi assim que eu joguei e eu não tenho mais criatividade pra fazer uma firula igual foi o de Dragon Quest com O Bom, o Mau e o Feio (filmaço, assistam!).

Adiantando rapidamente o teor deste texto, não posso dizer que foi uma das melhores experiências em conhecer a origem de uma franquia. Coincidiu bastante com o que aconteceu comigo e os três primeiros jogos de Dragon Quest onde só teve um deles que eu gostei de verdade e um outro quase me fez coringar. De qualquer forma, não me arrependo (mais ou menos) da escolha porque a ideia principal era apenas conhecer o início de Final Fantasy, independente se fosse bom ou ruim. Isso serviu pra me ajudar a compreender melhor a história da franquia, como ela se estabeleceu e, acima de tudo, como evoluiu jogo a jogo.

Então, sem mais delongas, vamos as minhas considerações!

PS: eu acabei deletando todas as screenshots que eu tirei durante o tempo que joguei esses Final Fantasy, então as imagens do texto são um oferecimento de World of Longplays.

FINAL FANTASY I (1987): UM INÍCIO M… CONTURBADO

Capa original de Final Fantasy I
Hello darkness, my old friend…

Se tem alguém aqui que leu meu texto de Dragon Quest sabe como eu me sinto a respeito do Dragon Quest II, porque há poucas coisas que eu odeie mais que ele. E Final Fantasy I é uma delas!

Recentemente falando sobre jogos antigos, eu mencionei que quando vamos analisar esse tipo de obra é necessário considerar o contexto no qual ela foi produzida. Só que tem um “porém” nessa questão. No próprio texto do Dragon Quest, se não me engano o primeiro, eu falei:

Um problema frequente que eu passo, e acredito que muitas outras pessoas também, com jogos antigos é que por mais que eu tente colocar a minha mente no contexto da época em que eles foram lançados, para levar em consideração os limites da tecnologia e também de game design, é impossível não deixar de sentir incômodo com várias mecânicas antiquadas daqueles tempos.

Portanto, mesmo fazendo algumas concessões por conta do período de desenvolvimento do jogo., existem particularidades que são tão frustrantes que não dá pra relevar nem com toda a boa vontade do mundo. O Final Fantasy I cai nesse quesito pois a gameplay dele não foi nem um exercício de paciência pra mim, foi um teste da minha própria sanidade.

Mesmo assim, por conhecer um pouco do contexto dos RPGs do NES, ainda consegui ter algumas (poucas) coisas boas pra falar desse jogo. E pra isso é importante entender que Final Fantasy I é um jogo pós-Dragon Quest. Foi graças ao sucesso do jogo de 1986 que o Hironobu Sakaguchi conseguiu a aprovação da Square para dar início ao projeto. E isso deixou ele e a sua equipe numa posição vantajosa. Primeiro porque eles tinham mais liberdade criativa já que ainda não existia uma expectativa para o que seria Final Fantasy. E segundo porque podiam usar os acertos e erros de Dragon Quest I para guiar o desenvolvimento do seu próprio jogo.

Intro de Final Fantasy I

Se eu fosse falar apenas na parte técnica, certamente o primeiro Final Fantasy está a frente do primeiro Dragon Quest. Não que os dois jogos sejam muito distantes em termos de qualidade, mas com certeza Final Fantasy está uns pontinhos acima. As novidades – para época, é claro – que o Sakaguchi e sua equipe trouxeram para a jogabilidade não apenas transformavam o jogo numa marca própria, mas também aprimorava o que Dragon Quest trouxe para a genealogia dos JRPGs.

O grosso das melhorias se encontra no sistema de lutas que é onde o jogo se sobressai nessas inovações. Final Fantasy I foi um dos primeiros JRPGs a utilizar fraquezas a determinados elementos nos seus monstros. Além disso o jogo insere uma mecânica de hits que aumentam de acordo com os níveis dos personagens além de trazer o sistema de classes, que já era tão comum nos RPGs ocidentais como Wizardry, dando liberdade ao jogador a montar sua equipe de acordo com suas preferências. A visão lateral hoje é uma mera trivialidade, mas nesse caso ajudou, junto com as animações rudimentares, a criar a ilusão de uma batalha mais movimentada.

Final Fantasy I conseguiu ter um mundo maior no seu tamanho como no dito lore bem aos moldes de um Dungeon & Dragons. Existem diferentes raças e culturas no jogo que ajudam a construir um universo mais enriquecido para sua história. E até narrativamente falando o primeiro Final Fantasy consegue se sobressair, dada as devidas proporções. Ainda tem muito uso de diálogo expositivo e a temática dos cristais elementais hoje soa muito com um cliché até mesmo dentro da franquia que repetiu esse tipo de história em outras sequências. Contudo, de acordo com o que você tinha de referência naquele período, Final Fantasy I trabalha bem dentro dos seus limites.

E falando assim até parece que é uma experiência positiva apesar das partes mais datadas da jogabilidade, certo? Bom… não!

Mesmo entendendo o contexto da época isso não muda o fato que a gameplay de Final Fantasy I é difícil de, como diriam os jovens, tankar. E não digo para os nossos padrões atuais, é frustrante por si só dada uma dificuldade muito desbalanceada e outros problemas da jogabilidade. Tem algumas coisas que dá para perdoar, como o fato de que o ataque de um personagem não vai automaticamente para o próximo alvo caso o atual seja morto. Porém com outras particularidades não dá para ser generoso!

As lutas com monstros comuns chegam a ser mais problemáticas que os chefões, te obrigando a enfrentar squads numerosos. Além de deixar as lutas muito longas, elas evidenciam o quão pouco balanceada a dificuldade do jogo é. Há monstros com stun em área que podem deixar seu grupo paralisado por vários turnos e sua equipe acaba morrendo sem chance de contra-atacar. E dada a lerdeza natural das mensagens e dos comandos, somadas ao tamanho das dungeons, você se vê obrigado a fugir de muita dessas lutas, seja por preguiça ou para não arriscar um game over.

Sistema de batalha de Final Fantasy I

O sistema de magias é baseado em cargas em vez de MP, o que até dá uma qualidade estratégica para as lutas, te fazendo evitar usá-las a maior parte do tempo. Não existe qualquer item para encher essas cargas e existe apenas um item de cura e que recupera pouquíssimo HP. As tendas não podem ser usadas em momento algum que não seja no mapa-múndi e assim sua utilidade é severamente limitada. As últimas dungeons são um pesadelo de demoradas por causa da própria lentidão da gameplay, que eu já mencionei, e também porque no meio dela é capaz de você morrer para um grupo comum de monstros. E, caso isso tudo já nas fosse o suficiente para desestimular qualquer jogador, a versão original tem vários bugs de armas, magias e até atributos cujos efeitos não funcionam como deveriam.

Todos esses problemas vão se acumulando e quanto mais você avança no jogo, piores eles ficam. Final Fantasy I teve seu valor em dar o pontapé inicial num dos maiores nomes dos RPGs eletrônicos da história, mas a experiência de jogo é uma coisa tão terrível que não vale o esforço nem para o fã mais doente da franquia.

FINAL FANTASY II (1988): PELO MENOS VOCÊ TENTOU

Capa original de Final Fantasy II
O que vale é a intenção

Dependendo para quem você perguntar, Final Fantasy II pode ser um jogo tão ruim quanto ou até pior que seu antecessor. Eu não estou em nenhum desses lados, na verdade considero ele um jogo superior só que com algumas ressalvas. Não iria tão longe a dizer que é um bom jogo, mas a minha reação com ele foi diferente. A gameplay não chega a ser frustrante, porém ela consegue ser absurdamente chata!

Mas vamos falar do elefante na sala que é ponto que todo mundo crítica, até certo ponto com razão, em Final Fantasy II: o sistema de “treino”.

Atributos sendo aumentados após a batalha em Final Fantasy II

Essa foi uma mudança que eu chamaria de corajosa na jogabilidade do Final Fantasy anterior. Aqui decidiram eliminar completamente os níveis dos personagens e a experiência adquirida após cada batalha. Em vez disso, o jogador precisa aumentar os atributos de cada personagem, a sua proficiência com armas e o nível das magias através de ações específicas para cada tipo de atributo. Por exemplo, ao receber determinada quantidade de hits o jogador tem chance de aumentar o HP máximo do personagem.

Repetir ataques físicos aumenta sua habilidade com a arma que o personagem está equipado e também pode aumentar sua força. Do mesmo modo, usar magias, e dependendo do tipo de magia, pode fazer você aumentar ou MP do personagem, ou a inteligência ou espírito. Consequentemente, depois de usar a mesma magia várias vezes você também aumenta o nível delas.

Só pelo fato do jogo decidir fazer essa mudança radical na sua jogabilidade naquela época é algo que eu achou digno de respeito. E na teoria esse sistema de treino é bem interessante. Na teoria! Como já devem ter imaginado, na prática as coisas não saíram tão bem. O grind é sempre um problema, ainda mais nos RPGs antigos onde isso era mais intensificado. Só que no Final Fantasy II faz o grind transcender e não de uma forma positiva.

É tedioso todo o processo de ter que treinar cada atributo de cada um dos personagens. As magias são a pior parte porque sãos as que mais demoram. A experiência que você ganha por cada uso não é muito alta e você tem que repetir isso para todas as demais. O jogo também toma uma decisão ruim de que alguns atributos diminuem conforme outros aumentam. Supostamente isso deveria impedir que o jogador ficasse muito poderoso, contudo não há um equilíbrio nesse sistema. Inteligência, por exemplo, é um atributo que possivelmente um ou mais personagens irão terminar com apenas 1 ponto já que ela diminui ao passo que a força aumenta, que é o atributo mais fácil de se evoluir.

Outro problema que isso causa é que ao longo da gameplay o quarto personagem da sua equipe muda constantemente. O último personagem permanente só aparece no final do jogo. E como demora treinar os atributos, você acaba desistindo de melhorar esses personagens porque sabe que em algum momento eles irão sair da equipe. Então é uma perda de tempo se dispor a treinar os temporários e assim seu time quase sempre com um elo muito mais fraco comparado aos demais.

Mas algo que impede o jogo de ficar tão frustrante quanto o Final Fantasy I que é o fato da dificuldade ter sido melhor equilibrada. Pelo menos para a maior parte do jogo. Ali na reta final há um aumento exponencial na força dos monstros, o que só piora na última dungeon, porém nem se equipara ao sofrimento que você passa no anterior. Por boa parte da história de Final Fantasy II você consegue ter uma progressão tranquila sem precisar de desprender muito tempo treinando os personagens.

E falando em história:

Se Final Fantasy II dá seus tropeços na jogabilidade, ele ao menos compensa bastante no lado da narrativa. Pra mim esse foi o melhor avanço que o jogo trouxe para a franquia. Aqui temos boa história de guerra, estruturada em pequenos arcos que são as missões que os personagens concluem na sua luta contra o Império de Palamecia. E não exagero em dizer que o enredo de Final Fantasy II é bom até mesmo para os padrões de hoje. Ok, ele ainda é um tanto simples e com várias elipses, entretanto ainda funciona muito bem.

O sacrifício de Josef em Final Fantasy II

Isso porque a narrativa convence. Os eventos progridem com clareza e riscos são estabelecidos. Muitos personagens morrem e de alguma forma você consegue sentir o peso dessas perdas, tornando a vitória muito mais satisfatório por todos os sacrifícios feitos pelo caminho. Existem motivações reais para se importar com os personagens além do mero fato deles serem os mocinhos. Você se simpatiza com a luta deles e sente que existe uma ameaça muito mais tangível e melhor desenvolvida para essa história.

Um outro detalhizinho, que nem é grandes coisas mas que eu achei particularmente interessante, foi a introdução de um sistema de gravar certas palavras nos diálogos entre personagens. Depois você pode selecionar essas palavras ao interagir com os NPCs e em alguns casos isso libera diálogos diferentes com informações importantes para se prosseguir no jogo. É uma forma bem rudimentar das árvores de diálogo, porém é curioso ver uma forma peculiar de trabalhar esse conceito num jogo mais antigo.

Agora se essa melhoria de narrativa compensa pela gameplay enfadonha, isso vai da consciência de cada um. Mesmo eu que gostei (novamente, com ressalvas) de Final Fantasy II não consigo recomendá-lo com plena tranquilidade. É um jogo que só vai ser tragável se você REALMENTE quer conhecer as origens da série. É uma experiência com um valor mais histórico, que boa parte dos jogadores não busca, do que aquela ideia mais comum de entretenimento.

Então como eu coloquei logo no início do tópico, nesse caso o que é importa é a intenção. Tentaram fazer algo diferente e conseguiram melhorar alguns aspectos do jogo anterior. Mas Final Fantasy II é aquele título que acerta tanto quanto erra, então o risco é todo seu se quiser jogá-lo.

FINAL FANTASY III (1990): FINALMENTE UM JOGO BOM

Capa original de Final Fantasy III
Aleluia! Um jogo que não me levou quase a loucura

Naquelas coincidências da vida, é justamente no terceiro título das franquias tanto de Dragon Quest quanto de Final Fantasy que eu falar que o jogo é genuinamente bom. Depois de vários solavancos, ambas as franquias conseguiram solidificar as jogabilidades e entregar uma experiência agradável de jogo. Final Fantasy III consegue pegar os aspectos positivos dos seus antecessores e amenizar, em muito, os negativos. Assim ele transmite uma sensação de que foi aqui que a franquia finalmente se encontrou.

Sistema de classes de Final Fantasy III

Vou começar de novo pela jogabilidade pois gostei como a equipe de Final Fantasy enfim conseguiu chegar num num formato ideal entre as experimentações que fizeram no I e no II. Pende muito mais pra jogabilidade do primeiro do que pro segundo, pois decidiram retornar com os níveis, as classes – com um sistema que futuramente seria aprimorado no Final Fantasy V – e também o sistema de magia baseado em cargas em vez de MP. E em paralelo ao nível do personagem, o jogo adiciona uma proficiência de classe também

É simples e funcional: o nível da classe avança conforme você as utiliza nas lutas. Cada classe possui modificadores próprios que alteram os atributos do personagem enquanto ela estiver equipada. Foi a jogabilidade de Final Fantasy III responsável por introduzir as habilidades especiais das classes, como o Jump dos Dragoons, o Throw dos Ninjas, entre outras coisas que viraram uma marca registrada da franquia. E em termos de dificuldade, é sem sombra de dúvidas o mais equilibrado dos três jogos. Até mesmo a última dungeon, apesar de muitíssimo longa e evidentemente mais difícil, não chega ser tão frustrante quanto as do Final Fantasy I & II.

Claro que nem tudo são flores e ainda tem uns probleminhas. Nem todas classes são bem efetivas e demora um pouco até você ter acesso a equipamentos e magias para algumas delas. O Dark Knight, por exemplo, leva um tempo desde o momento que você habilita a classe para conseguir as armas que permitem que ela seja útil em batalha. Outra coisa, que não é bem um defeito só que vira um empecilho, é o fato que para trocar de classe você precisa remover todos os equipamentos do personagem manualmente. Além disso, quando você seleciona uma parte do corpo do personagem o equipamento é removido automaticamente.

De qualquer forma esse são pontos que dá pra relevar com mais facilidade porque, no geral, você tem uma boa experiência de jogo e assim não se fixa tanto nesses problemas.

Uma das características da gameplay de Final Fantasy III que mais me agradou foi como ela arranja formas de te estimular a experimentar as diferentes classes e formações na sua equipe. Um exemplo vem logo no começo quando você precisa usar a magia Mini nos seus personagens para que eles possam acessar um mapa e tem que permanecer com esse status até o final da dungeon. Por causa disso, os ataques físicos de todos os personagens ficam inúteis e você precisa mudar para classes que tem foco em magias como Red ou Black Mage.

Algo similar acontece mais a frente, quando você encontra inimigos que tem capacidade de se multiplicar quando são atingidos por qualquer ataque que não venha de um Dark Knight ou então um boss que você precisa usar 4 Dragoons para conseguir derrotá-lo com mais facilidade. Assim Final Fantasy III estimula o jogador a fazer uma rotação entre classes em vez de focar somente numa para cada personagem.

Mesmo com o sistema de magia voltando a ser o mesmo do Final Fantasy I, dessa vez o jogo é bem mais generoso com a quantidade de cargas dependendo da sua classe. Portanto o jogador não precisa economizar tanto no uso de magias nas lutas contra inimigos comuns e pode se sustentar melhor em batalha. E acho que o melhor aspecto é que é nesse jogo que os desenvolvedores finalmente conseguiram fazer com que os ataques mudassem para o próximo alvo caso o monstro fosse morto por um outro personagem. Vocês não tem noção como esse pequeno detalhe faz toda a diferença!

E no que tange a história o jogo faz um bom trabalho também. Eu ainda prefiro a narrativa do segundo, mas admito que o mundo do Final Fantasy III é muito mais interessante de se explorar. Ele inverte algo que Dragon Quest III apresentou onde o personagem descobre um mundo secundário dentro do principal. Aqui nós começamos no mundo secundário e é na segunda metade do jogo que passamos a ter acesso ao mundo maior. A história traz de volta o tema dos cristais, investindo numa jornada cheia de elementos fantásticos, tal como o primeiro, porém melhor contada. Os personagens coadjuvantes também tem arcos simples, mas retornam no final para ter uma real importância para trama. Sendo assim, o que se destaca na narrativa de Final Fantasy III é como tudo parece ter setups e payoffs bem definidos e que se amarram perfeitamente no final.

Honestamente eu nem tenho muito o que falar dele, é simplesmente um bom jogo. Gameplay agradável e bem balanceada, as dungeons apresentam um pouco mais de criatividade, é divertido brincar com diferentes formações de equipe e a história é perfeitamente funcional. Tô ciente do remake para o Nintendo DS, mas francamente não vejo motivos de jogá-lo. O original ainda se sustenta mesmo considerando o padrão atual da franquia e esse aqui eu recomendo sem preocupação!

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse é um texto que não demanda nenhuma conclusão. Tudo que eu acho de cada jogo foi bem resumido nos tópicos anteriores e não vejo motivos pra revisar o que foi discutido. Seria chover no molhada.

Difícil dizer qual das duas experiências eu gostei mais, a de Dragon Quest ou de Final Fantasy, é irrelevante. Porque se for colocar numa balança eu acho que irão pesar igual ou terão uma diferença ínfima. Se por um lado eu gostei muito mais de Final Fantasy III do que eu gostei do Dragon Quest III, por outro detestei Final Fantasy I bem mais do que detestei o Dragon Quest II. E os outros dois jogos que sobraram pra mim nem fedem nem cheiram. Ou seja, no final dá na mesma.

Então, só para ter um último comentário sobre Final Fantasy: essa foi é uma origem atribulada para a franquia. Certamente tem seus altos e baixos, mas o valor histórico estará sempre ali. Se você só quer se distrair um pouco com joguinhos, esses estão longe de serem recomendados. Exceto o III, que como eu disso, ainda funciona bem.

Enfim, se tem de fato alguma conclusão a se tirar do texto é que:

NÃO JOGUEM FINAL FANTASY I

NUNCA!

JAMAIS!!

VOCÊS FORAM AVISADOS!!!

Mas assistam O Bom, o Mau e o Feio mesmo porque é um filme excelente!


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9 thoughts on “Os altos e baixos do início de Final Fantasy”
  1. Discordo. Acredito que muita da sua má impressão foi por ter jogado os originais de NES.
    1 e o 2 são melhores no GBA e depois no Ps1.
    O 3 é melhor no PSP, tem até turbo nas lutas.

    1. Mas o ponto do texto é analisar os originais do NES, não as ports/remakes. Não tô interessado em ter a “melhor experiência possível” com os jogos, só tô observando como a franquia surgiu e foi se modificando a cada nova entrada

  2. Primeiramente, parabéns pelo texto, me lembrou alguns blogs que eu lia muito antigamente e que até hoje tenho saudades, os que lembro de cabeça são o Shugames e o FTW Games. Com o advento do boom do Youtube, as pessoas acabaram dando muuuito mais prioridade pra vídeos, é mais fácil de consumir (eu mesmo curto muito também).

    Agora, sobre o artigo, eu também gosto dessa “vibe” de começar a jogar as franquias a partir dos primeiros games, então estou experienciando várias franquias como Doom, Mass Effect, Resident Evil, e outras, desde o primeiro game.

    Jogar Mass Effect, (ainda me falta o terceiro), me deu um gás pra tentar mais RPGs, então resolvi pegar o FF a partir do primeiro. Foi quando pesquisando sobre que eu descobri que o jogo original de NES tinha vários bugs, e tinha muito grind, não que eu não goste de grind, mas tem que ter um objetivo e uma recompensa gostosa no meio disso tudo.

    Descobri também então que tinha uma versão remaster com o I e o II pra GBA, uma versão remake pra PSP e o novo Pixel Remaster pra PC. Resolvi tentar jogar a versão de GBA, que parecia ser a mais semelhante ao original, mas com bugs corrigidos e algumas pequenas melhorias de QOL.

    Joguei até chegar na terceira cidade mais ou menos, acho que é uma cidade de anões, ou algo assim. Mas não consegui aguentar a jogabilidade… é muito travado, os encontros aleatórios são infinitos, e ficar morrendo pra grupo de inimigos comuns é chato pra porra. O que me fez desistir também foi que se os personagens não morriam nas batalhas, eles ficam envenenados e se eu não tivesse 30 antídotos, já era. O que faz ter a necessidade de ficar grindando infinitamente em batalhas longas e sem graça, e ficar voltando pra cidade pra dormir.

    Desisti, e resolvi tentar a versão do Pixel Remaster. É uma versão já melhorada, os menus são mais fáceis de navegar, da pra salvar dentro de dungeon, e algumas outras coisas de QOL também. Mas a jogabilidade é a mesma, cheguei até o mesmo lugar que cheguei no GBA e não tive vontade de avançar.

    Eu já tinha tentado jogar o primeiro Metroid no NES algum tempo antes, o que também não tinha dado muito certo. Então a partir dessas duas experiências com o NES, eu decidi que jogar 8 bits não rola pra mim… a jogabilidade é muito antiquada, e eu não tenho paciência ou vontade nem de grindar tanto, nem de não ter um save state pra não perder um bom progresso. Por isso que quando eu for começar novas franmquias eu pretendo sempre iniciar por jogos pelo menos dos 16 bits pra frente, os 8 bits eu posso sempre conferir em vídeos também se tiver interesse.

    1. Obrigado pelo comentário, Luis.

      Realmente os jogos de NES é um gosto a ser adquirido. Tem muita coisa que simplesmente não flui com base no que a gente tem de game design moderno. Só criando uma boa tose de tolerância para conseguir aguentar todos esses “problemas” de gameplay antigos. Eu ainda recomendo você dá um pouco mais de chance pra versão de GBA dos primeiros Final Fantasy porque ela é muito mais tragável (tô jogando ela atualmente, mas tive que dar uma parada pra me dedicar a outro projeto) quando você monta um time bom. O foda mesmo é conseguir se orientar pelo jogo e ainda continua com esse aspecto de não ter save points dentro das dungeons.

      Aproveito também para te recomendar a versão de GBA do primeiro Metroid que é a Zero Mission. Sério, melhora a gameplay em muito e ainda acrescenta um novo cenário que explora um pouco o passado da Samus.

      Enfim, valeu novamente pelo seu comentário!

  3. Minha relação com os tres primeiros FF’s também é meio conturbada.
    Quando zerei o primeiro, foi a versão de PSP, que é ridiculamente fácil ao ponto de ser chata: Falemos mal do FF1 de NES, mas ao menos o jogo era feito de uma maneira em que rodava ao redor de você “gerenciar recursos”, semelhante a um “Darkest Dungeon” da vida. A versão de PSP, porem, remove isso e não coloca nada no lugar, resultando que, com exceção do boss final, você não tem nenhum desafio do Astos/Lich pra frente, não há motivo para interagir com itens consumíveis ou com ativas, não há motivos pra usar armas que causem dano maior a certos elementos no momento que a arma que não causa ainda assim da mais dano, todas as lutas terminam em 1-2 turnos, etc
    Mesmo o conteúdo extra não funciona nele, já que o sistema de lutas do FF1 é barebones demais pra fazer algo que não seja, no final, um damage-rush. Talvez eu fosse gostar do Pixel Remaster do 1, por voltar aos sistemas originais, porem tive uma experiência negativa com o Pixel Remaster do 2 e sua quantia PORNOGRÁFICA de random encounters, então nem tentei.

    Falando no FF2: Se eu te disser que até me diverti com a versão de GBA dele? Parei quando você chega naquela ilha com um dragão (Depois da pirata entrar na sua party), pois ler que o jogo só tinha reviews negativas me desanimou do mesmo, e até hoje eu não zerei.

    FF3 só testei o Pixel Remaster, e ele é tão diferente tanto da versão do NES quando da de DS que da pra se considerar um jogo proprio, e eu parei um pouco depois daquele boss que é um esqueleto numa ilha-planta flutuante. Ocorre que manter as mesmas classes desde o inicio faz toda e qualquer luta ser trivial, porem trocar de classes faz o jogo ser desbalanceado (Contra o seu favor), vai ver ter zerado o FF5 antes (E ele ser meu favorito) tenha me deixado com uma expectativa alta demais, enfim…

    Concordando com o outro amigo dos comentários: Não consigo tankar jogos 8-bit, talvez as exceções sejam Tetris (Por motivos de Tetris) e Kirby’s Adventure, mas este ultimo era basicamente um jogo da época e do know-how de SNES, só que feito pro NES.

    1. Ótimo, escrevi o comentário e esqueci de apertar Enter kkkkkk

      Eu ainda vou testar o FFII do GBA. Na verdade já comecei, porém parei pra fazer texto de Heart and Soul e adiantar o de O Menu. Acredito que vou me divertir também, porque o único problema real que eu tive com ele (fora a última dungeon) é o grind chato pra aumentar os atributos. Narrativamente pra mim ele funciona bem então tendo uma história que me engaje eu consigo seguir seguir em frente.

      Mas também depois dele eu paro com FF por um tempo. Já está atrasando meu backlog demais!

  4. O meu primeiro FF foi o I do NES (me mate). Eu jogava na casa da minha tia em um DVD que continha jogos de NES, uma parceria entre a Nintendo e a Philco (ou Phillipis). Nunca fui muito longe, porque eu não ficava muito tempo lá. Só ia até um pouco depois da primeira Dungeon. O inicio era de boas, mas quando a ponte é concertada e vi os outros mobs, vi que era um jogo muito difícil. Eu nunca zerei o original. Joguei apenas o remake pra GBA, onde eu zerei.
    O II, odeio esse jogo, concordo que ele teve uma evolução profissional, mas até o remake dele eu odeio, não tenho paciência para ficar evoluindo status (exceto no XI).
    O III, é o único do NES que realmente dá pra jogar tranquilo.

    Esse texto me lembrou de um jogo que estou jogando atualmente de uma franquia de RPG Ocidental famosa: The Elder Scrolls. Estou jogando o primeiro jogo, o Arena, e é um jogo que não acho muito divertido, estou jogando apenas para conhecer a franquia como você fez com Final Fantasy. A gameplay do jogo é tediosa, a dificuldade pode ser problema em alguns momentos. A história pra mim é ok para um RPG, mas a forma como o jogo conduz ela é muito monótona, tipo, você vai em uma cidade fala com um NPC, ele te dá uma missão em uma Dungeon, você conclui e ele te mostra a localização da Dungeon que você realmente precisa, isso se repete no jogo inteiro. A única coisa que me surpreendeu no jogo foi o Open-World do jogo. Ele tem um dos mapas mais grandes para um jogo, e só isso mesmo.

    1. Matar? Não, vou te abraçar porque sei dos pesadelos que você deve ter passado no jogo, hahaha! Mas é legal a experiência de conhecer o passado dessas franquias, como FF e TES, mesmo que os jogos em si não sejam tão divertidos assim de se jogar hoje. Infelizmente é algo que só algumas dúzias de malucos como nós que se prestarão a fazer isso

      1. Sim kkkk, eu já soube por algumas pessoas que o TES II é melhor em quase tudo, mas acredito que a franquia também só se encontrou no III, pois é muito cultuado.

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