Cavaleiros do Zodíaco – A Saga de Hades: o importante é (NÃO) ser fiel

A imagem é uma edição de uma capa que mostra os bustos laterais dos cinco cavaleiros de Bronze (Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki) de Cavaleiros do Zodíaco à esquerda. Na direita, há uma silhueta de Seiya e abaixo a logo de Cavaleiros do Zodíaco  com o letreiro de A Saga de Hades abaixo

Acredito que quem me acompanha há um tempo já cansou de ouvir que eu tive um passado nos fóruns de RPG Maker. Os períodos que passei nessas comunidades foram muito importantes para minha “formação” com vídeo games, me mostrando um contato mais íntimo com jogos. Tomei como um projeto pessoal registrar o que posso sobre um lado tão pouco conhecido do desenvolvimento amador de jogos, portanto, hoje trago mais uma pedrinha entre aquelas que pavimentaram a estrada do RPG Maker no Brasil.

Senta que lá vem (um pouco de) história!

Meu primeiro contato com o RPG Maker, conscientemente, foi com sites antigos que disponibilizavam jogos gratuitos como Superdownloads, Baixaki e a icônica Casa dos Jogos. Logo eu explico a adição do “conscientemente”. Com o tempo eu percebi que alguns jogos tinham uma semelhança estética, o que me levou a descobrir a existência de RPG Maker e, por consequência, os fóruns da época. Passei um curto período explorando as páginas de comunidades como Castelo RPG e a RPG Menace, conhecendo uma infinidade de projetos que me enchiam os olhos com a perspectiva que dava para criar joguinhos.

Passado mais um tempinho por aquelas bandas eu reparei que entre os projetos havia uma tendência de fangames de animês da época. Os que mais se destacaram eram, evidentemente, Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco, já que eles também foram responsáveis pela criação das primeiras gerações de otakus brasileiros (se isso foi bom já são outros quinhentos) que parecia ter uma intersecção com as comunidades de RPG Maker. Alguns jogos tentavam adaptar os arcos dos animês, como Dragon Ball: Do Começo ao Fim, Samurai X e o clássico Saint Seiya RPG: Asgard Chapter do Lord_Dracon. Porém existiam projetos com histórias originais que apenas se utilizavam dos personagens, como Dragon Ball Z: A Vingança da Raça Tsufurujin, Pikachu’s Quest e Cavaleiros do Zodíaco: As Novas Lendas. Este último era de autoria de um usuário chamado GustavoLC que será muito importante em dois parágrafos.

Na época eu achava todos esses jogos o máximo, mas isso porque eu era uma criança totalmente deslumbrada com aquele universo. Não tenho dúvidas que se pegasse para jogar alguns desses títulos de novo eu iria identificar vários defeitos neles. Não tenho dúvidas porque eu já fiz isso. Os “problemas técnicos” são uma parte central do meu texto de Asgard Chapter, contudo, como apontei lá, qualidade e polimento não eram fatores que guiavam os projetos de RPG Maker. Não é à toa que mesmo com todos seus defeitos, Asgard Chapter é ainda muito querido pela comunidade. Inclusive eu tenho evidências (anedóticas) de como ele serviu de porta de entrada para muita gente nesse mundinho maker. Inclusive² ele foi o meu primeiro contato com RPG Maker antes de eu saber o que era RPG Maker, porque um amigo tinha o jogo no PC dele.

Portanto os fangames daquela época foram tão marcantes para mim quanto os demais jogos de RPG Maker que eu me deparei. Não joguei todos, até porque não sou tão investido assim nas coisas, mas boa parte deles. Dentre todos o que possivelmente era o meu favorito, visto que é o que eu mais me lembro, foi a Cavaleiros do Zodíaco: A Saga de Hades, também de autoria do GustavoLC.

Imagens da gameplay de Cavaleiros do Zodíaco: A Saga de Hades feito no RPG Maker 2k por GustavoLC

Só mais dois pontos antes de falar do jogo. Sempre que eu citar A Saga de Hades neste artigo saibam que eu estou me referindo ao fangame do RPG Maker e não ao respectivo arco do mangá original do Masami Kurumada. E caso alguém tenha interesse em jogar, eu encontrei um blog antigo do GustavoLC com links ativos para baixar A Saga de Hades e também os outros dois jogos de Cavaleiros do Zodíaco que ele fez.

AGORA o texto pode começar de verdade!

Vou chutar poucos anos separam Saint Seiya RPG: Asgard Chapter, do Lord_Dracon, de Cavaleiros do Zodíaco: A Saga de Hades, do GustavoLC. Pode até parecer que isso não faz muita diferença, porém faz. Sempre que falo de Asgard Chapter eu chamo atenção para o fato dele provavelmente ser um dos primeiros jogos brasileiros de RPG Maker. Ou seja, quando o Lord_Dracon começou o seu projeto era tudo mato. Quase ninguém sabia usar a ferramenta direito, a internet ainda era um ambiente muito complicado de se transitar, achar tutoriais em português não era fácil. Recursos então? Rá! Não vou me aprofundar em mais detalhes, sugiro darem uma olhada no meu outro texto.

Nesse sentido, A Saga de Hades vinha com uma ampla vantagem. Ainda mais quando ele era o terceiro jogo de autoria do GustavoLC. O rapaz lançou o fangame ali em 2003, um período um pouco melhor do que aquele em que o Lord_Dracon desenvolveu o seu. As comunidades ganharam forma, recursos e tutoriais surgiam com mais frequência e você aprendia muita coisa apenas abrindo o projeto do amiguinho. Por isso A Saga de Hades tinha um potencial de ser bem melhor que seu antecessor e de fato ele foi. Lembro que até mesmo criança eu o considerava como o superior entre os dois jogos e depois de revisitá-lo eu mantenho a afirmação. Contudo gostaria de destacar dois pontos: 1) isso não faz a menor diferença, joguem os dois & 2) há algumas ressalvas.

Porque não é como se A Saga de Hades fosse uma obra-prima. Ainda era um fangame amador que tinha muitos dos problemas comuns de jogos de RPG Maker. Eu até acho que o primeiro projeto do GustavoLC, Cavaleiros do Zodíacos: As Novas Lendas, é muito mais consistente na sua simplicidade do que ele. De qualquer forma, deve ser dado quando é merecido e existe uma evolução nesse jogo, tal como um esforço notável em tentar fazer um fangame que as pessoas gostem não apenas por ser uma propriedade intelectual que elas curtem.

A apresentação da história, por exemplo, eu considero muito boa. Não são apenas imagens estáticas com uma caixa de texto com um resumo muito rápido e superficial do drama.

Há um esforço narrativo maior de forma que mesmo que você não esteja familiarizado com o lore de Cavaleiros do Zodíaco você consiga entender o que está se passando no arco de Hades. Salvo algumas instâncias em que o background do personagem fica nebuloso como no caso do Kanon e um pouco do Shion.

Apesar de limitações impostas pelo RPG Maker, o GustavoLC tenta ao máximo dar mais dramaticidade às cenas – afinal Cavaleiros do Zodíaco é nada sem o melodrama – com edição de imagens e mais cutscenes. A cena do confronto entre Shaka e Saga, Shura & Camus mostra bem essa qualidade do projeto.

Cena da morte de Shaka ao enfrentar os Cavaleiros Renegados, Saga, Shura e Camus

Porém o texto já é uma parte que vemos alguns tropeços. Não falo nem pelos eventuais errinhos gramaticais, isso é quase que uma característica inata dos jogos de RPG Maker. Eu quero dizer que é perceptível que quando o GustavoLC não tem o apoio do texto original a qualidade cai um pouco nos diálogos, alguns soando pouco natural para aqueles personagens.

Onde o jogo vai pecar mais é em relação a jogabilidade, especificamente no combate. O sistema de batalha é o padrão do RPG Maker 2kbaseado nos primeiros jogos de Dragon Quest – e o esforço que vemos na narrativa não aparece tanto aqui. Entretanto, isso também é uma característica recorrente de outros jogos de RPG Maker em que o problema não é nem a falta de balanceamento, é a total trivialização do combate. Salvo o Hades e uma batalha opcional, não existe qualquer luta que te faça passar algum aperto e tudo se limita a spammar ataque atrás de ataque. Você até pode usar uma técnica ou outra, mas isso no máximo encurta a luta em um ou dois turnos.

Além disso tem os personagens. Tirando as habilidades específicas de cada um, não dá para distingui-los pelos seus atributos porque são diferenças bem mínimas. Os Cavaleiros de Ouro até chegam a ter pequenas variações, porém os Cavaleiros de Bronze possuem os mesmo níveis de força, agilidade, defesa, etc. Sendo assim, não tem aquele personagem que serve como tank, ou então velocista, com mais proficiência para ataques especiais e por aí vai. Você está basicamente controlando os mesmos bonecos com alguns poderzinhos diferentes.

Não que não haja alguns lapsos criativos dentro da jogabilidade de A Saga de Hades. Um detalhe pequeno, mas que eu achei legal é poder equipar as armas da Armadura de Libra depois que o Dohko entra pra equipe. Falando nisso, o jogo tem um elenco extenso de personagens selecionáveis, totalizando 12 ao todo. Você começa controlando alguns Cavaleiros de Ouro, depois os Cavaleiros de Bronze e no Submundo pode usar todos. São eles: Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun, Ikki, Mu, Aldebaran, Aioria, Miro, Dohko, Kannon e Shaka. A interface é bem simples e… espera, Aldebaran?!

O leitor metafórico que metaforicamente está familiarizado com a história de Cavaleiros do Zodíaco pode ter estranhado essa última parte. Tanto no mangá quanto no animê, o Aldebaran é morto pelo Espectro de Hades, Niobe de Deep, logo no começo do arco. O mesmo não acontece em A Saga de Hades. Quando você chega na Casa de Touro, ele entra para a equipe e juntos vocês derrotam o Niobe.

Imagens do fangame de Cavaleiros de Zodíaco de GustavoLC, A Saga de Hades, no qual ele muda a história do original e mantém o Cavaleiro de Touro vivo depois da sua luta contra Niobe de Deep

Junto com o jogo tem um manual em HTML que traz muitas informações extras sobre o desenvolvimento de A Saga de Hades. Ter acesso a um “dev’s log” não era algo muito comum de se ver no RPG Maker e nesse caso específico eu fico muito grato que o GustavoLC tenha se dado o trabalho de fazer. Lá ele comenta que decidiu manter o Aldebaran vivo por dois motivos. Um era bem prático, porque sem o Cavaleiro de Touro o jogo teria 11 personagens que dificultaria fazer uma interface harmônica para selecioná-los. Contudo eu prefiro o segundo motivo que é mais pessoal: porque ele quis!

Ok, o GustavoLC não usou exatamente essas palavras. Na opinião dele, foi meio sacana matar o Aldebaran logo no primeiro Espectro que aparece e, já que ele gostava do personagem (e quem não gosta do Rei dos Cornos, né?), resolveu alterar a história. Essa é só uma das várias mudanças que o GustavoLC faz no seu jogo que contrariam a versão original e o que me leva hoje a achar A Saga de Hades tão interessante. É um joguinho legal, ainda mais para sua época, porém seu mérito é não tentar ser uma representação fiel do mangá de Kurumada.

Eu não revisitei A Saga de Hades apenas porque tinha interesse em reviver algumas memórias do passado. Tão pouco porque sou um grande fã de Cavaleiros do Zodíaco. Pelo contrário, minha relação com Cavaleiros do Zodíaco é repleta de lacunas. Até então eu somente tinha visto alguns episódios espaçados e alguns dos filmes. Tanto que o imaginário que eu tinha do arco de Hades foi criado justamente por esse jogo. Acontece que ano passado eu decidi conhecer toda a obra do Kurumada, tanto o mangá de Cavaleiros do Zodíaco quanto outros que não tiveram o mesmo reconhecimento mundial. Quando eu cheguei na última parte da história, pensei que seria uma procurar o jogo para fazer uma comparação despretensiosa entre os dois. Foi nessa experiência que eu acabei chegando no tema central do texto.

Mais ou menos um ano e meio atrás, eu escrevi Pela morte do cânon. Este é um ensaio no qual eu defendo a minha posição de que cânon é um conceito que precisa ser abandonado nas discussões sobre mídias diversas. Esse tópico tangencia uma segunda ideia que eu também desaprovo que é idolatria por fidelidade em adaptações de alguma obra. É um discurso mais comum em fanbases que já vi circular muito em meios otakus. Contudo não é uma pauta exclusiva desse grupo e se espalha por várias outras tribos da cultura pop. Eu enfatizo os otakus porque com frequência vejo alguns deles advogando por novos animês que “sejam mais próximos do original”.

Capa do animê Dragon Ball Z Kai mostrando os personagens Freeza, Vegeta, Gohan, Piccolo e Goku
Imagem MERAMENTE ilustrativa

Acho que não preciso dizer o quanto acho tosquinha essa ideia de fidelidade em adaptações, mas direi mesmo. Discordo dessa mentalidade porque ela ignora que cada mídia tem suas particularidades próprias. Certos elementos não se traduzem bem de um formato para outro, logo você invariavelmente precisará fazer mudanças. Porém eu nem me importo com essa justificativa porque eu acredito que todo artistas deve sempre gozar de liberdades criativas. Podemos até discutir se a visão dele foi boa ou não para a adaptação, porém NUNCA devemos desencorajar o diferente.

A não ser que seja versão live action de animação clássica da Disney.

De tal forma, eu nem me oponho a ideia de fidelidade per se. O que eu desgosto é essa mania de achar que fidelidade implica em qualidade. Para mim, a idealizada adaptação fiel é um desejo de gente artisticamente medíocre (e digo isso com toda consciência de que Fullmetal Alchemist: Brotherhood é um dos meus animês favoritos) e de fã acomodado. Por isso me atenho à máxima que se você busca ao igual próximo ao original, apenas veja o original uma segunda vez. Não há fidelidade maior do que essa!

Com A Saga de Hades o GustavoLC tinha que pensar em como ajustar o formato de Cavaleiros do Zodíaco para funcionar na estrutura de um típico RPG “Dragon Quest-like”. Algo que não é tão fácil porque devemos lembrar que o mangá usa a fórmula primal do battle shounen. A história se desenrola por uma sequência de lutas, geralmente duelos, com boa parte do desenvolvimento dos personagens ocorrendo durante o seu embate enquanto alternamos constantemente entre o restante do elenco.

Por isso que ele decide colocar o Aioria e o Miro chegando no Santuário junto com o Dohke em vez de colocá-los protegendo suas respectivas Casas. Desse modo, o GustavoLC consegue manter uma narrativa linear na perspectiva do Mu, sem ter que ficar indo e voltando entre os Cavaleiros Renegados e os outros Cavaleiros de Ouro. Claro que isso gera perdas também. Boas cenas são sacrificadas nesse processo como o capítulo no qual o Miro reconhece o Kanon como seu companheiro e um Cavaleiro de Athena. Mas a gente precisa entender que isso acontece na versão do Kurumada do arco de Hades e nós estamos jogando a versão do GustavoLC.

A mesma coisa acontece na sequência do Submundo. Em vez de separar os Cavaleiros e seguir a trama no ponto de vista do Seiya e do Shun, o GustavoLC reúne todos os Cavaleiros, de Bronze e de Ouro, já na entrada da região. Isso dá ao jogador a possibilidade de usar todos os personagens que quiser, mas eu acho que acrescenta um algo a mais. Ao passarmos a jornada inteira no Submundo com os Cavaleiros isso fortalece o senso de unidade e cooperação entre eles. Por isso eu acho que o desfecho no Muro das Lamentações é muito mais satisfatório no jogo do que no mangá, pois tivemos a chance de passar todo aquele tempo com os Cavaleiros.

Então uma coisa diferente que essa adaptação em particular traz pra dentro de uma história que já conhecíamos e isso produz novos sentimentos. Se A Saga de Hades seguisse o passo-a-passo do mangá, no máximo o que poderia acontecer é a gente ter o mesmo sentimento. Coisa que, novamente, você teria apenas revendo o original.

Várias imagens do fangame de Cavaleiros do Zodíaco sobre o arco de Hades onde o desenvolvedor, GustavoLC, resolveu fazer várias mudanças em relação ao original

Outra coisa também que o GustavoLC toma a liberdade é de expandir A Saga de Hades com conteúdo original. O arco no mangá é dividido em três partes, o Santuário, o Submundo e os Campos Elísios. No jogo existe um quarto capítulo que se situa entre o Santuário e o Submundo que é o Castelo de Heinstein. Algo que me surpreendeu ao ler Cavaleiros do Zodíaco foi ver que depois do Santuário eles praticamente pulam direto para a sala do portal para o Submundo. Essa surpresa se originou por causa do fangame. Nele a gente tem a oportunidade de explorar o castelo com os Cavaleiros de Bronze antes de encontrar a Pandora e o Radamanthys. De novo, uma coisa diferente que nos faz ter sentimentos novos.

Mas se sairmos desse lado abstrato de sentimentos, as liberdades criativas de A Saga de Hades também tem suas qualidades pragmáticas. O GustavoLC enche de segredos que tornam explorar o mapa mais gratificantes, seja por descobrir equipamentos novos ou apenas por ter mais interações com o universo do jogo. Sem contar que isso abriu espaço para ele trazer outras referências da mitologia grega e até da Divina Comédia de Dante Alighieri para dentro do lore da Saga de Hades.

Você pode encontrar a velha Sibila de Cumas numa caverna e pode enfrentar o monstro lendário Píton. Em dada seção do Submundo você passa pela Malebolge que na Divina Comédia é o oitavo círculo do Inferno que se divide em várias trincheiras. No jogo o GustavoLC transforma a Malebolge nas Malebolges, dez cavernas protegidas por um Espectro de Hades diferente. Logo depois ele também inclui as quatro esferas do Inferno – Caina, Antenora, Ptoloméia e Judeca – que viram os domínios defendidos pelos Juízes de Hades que levam a até sua mansão. Ah! Também não dá pra deixar de mencionar os próprios Espectros, né?

No original é dito que existem ao todo 108 Espectros de Hades, contando com os Juízes. Conversando com um amigo – este de fato um fã de carteirinha de Cavaleiros do Zodíaco – ele me disse que se o Kurumada criou 30 Espectros foi muito. Inclusive eu aprecio demais uma cena do mangá que dá para visualizar que era o autor dizendo “cansei de desenhar esses caras” então ele coloca um personagem dizendo que todos foram derrotados.

No jogo você enfrenta quase todos eles de fato. Junto com alguns amigos desenhistas, o GustavoLC criou dezenas e mais dezenas de Espectros. Alguns você encontra no caminho normal da campanha, outros você encontra escondidos. Por exemplo, se você interagir várias vezes com um quadro no Castelo de Heinstein um Espectro salta da pintura e inicia uma batalha. No Submundo existe um jardim que se você estiver com um item em particular no seu inventário, surge outro Espectro para te enfrentar. Com isso, uma das graças da gameplay é caçar esses inimigos pelo mapa. São lutas triviais como virtualmente todas as lutas do fangame, porém elas dão uma encorpada no universo.

Tudo isso não existiria se o GustavoLC decidisse fazer um jogo que fosse fiel à obra original, algo que tiraria sua própria autoridade como um desenvolvedor. Essa foi uma qualidade que ele já trouxe no seu primeiro jogo, As Novas Lendas, que é uma história que nem mesmo se encaixa na cronologia de Cavaleiros do Zodíaco. É um punhado de ideias que ele resolveu explorar num universo que lhe era caro. Para mim esse é o tipo de paixão e criatividade que quero ver numa adaptação. Se um humilde fangame de um rapaz amador nos anos 2000 consegue fazer isso, qualquer outra superprodução consegue e deve tentar também. Deixem a fidelidade apenas para os seus relacionamentos.


 Backlogger precisa do seu apoio para crescer. Então, por favor, compartilhe ou deixe um comentário que isso ajuda imensamente o blog. Você também pode me seguir em outras redes BlueskyTumblr. Para mais críticas clique aqui.

2 comentários em “Cavaleiros do Zodíaco – A Saga de Hades: o importante é (NÃO) ser fiel”

  1. Grande artigo. Parabéns!
    Lembro perfeitamente destes jogos. Joguei todos kkkk
    Menos o do Pikachu.
    Realmente o da Saga de Hades é diferenciado. E estou esperando até hoje o Pokecdz kkk
    Abraço, continue com o excelente trabalho.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima