Depois de pagar umas dívidas antigas finalmente zerando Vila do Nevoeiro e Ahriman’s Prophecy eu tirei umas “férias” do RPG Maker. Mas agora voltei a ativa. Então resolvi começar o ano com um título mais recente que eu tinha baixado há uns meses e totalmente me esqueci de jogar: 1-Bit Explorer. Feito pelo Fiddleling, o jogo utiliza o RPG Maker MZ e você pode baixá-lo gratuitamente no Itch.io do autor. Deem uma força que já tem sequência a caminho.
Introdução rápida concluída, vamos partir para o jogo!
O nome já nos entrega muito do que você precisa saber sobre 1-Bit Explorer na sua jogabilidade e a direção artística tomada pelo Fiddleling. Ele segue a linha de aventura com foco na exploração, com uma ação bem pontual surgindo a partir da segunda metade do jogo. Combinada com a estética retrô em preto e branco, é evidente que a gameplay busca trazer a sensação de pegar um daqueles jogos mais antigos dos tempos de Atari, Nintendinho e Master System. Nesse âmbito, a história também foge aos padrões tradicionais modernos onde o próprio autor descreve 1-Bit Explorer como um jogo onde o mundo NÃO está em perigo e você NÃO é o escolhido.
Tanto a jogabilidade quanto a história são bem simples. A princípio! Você começa com uma quest bem mundana: encontrar as três moedas que faltam para a coleção do seu pai. Dali você explora a cidade interagindo com os NPCs, coletando e resolvendo puzzles básicos para concluir seu objetivo. Dá pra terminar essa parte na primeira hora de jogo, o que te leva até um dos três finais possíveis. Nesse momento é quando vemos que 1-Bit Explorer tem muito mais a mostrar do que sua superfície leva a crer. Ele te recompensar por ir além das três moedas, abrindo um universo um pouquinho maior e mais curioso para se explorar.
Dá até para identificar uma nítida divisão em três atos de 1-Bit Explorer. Temos uma primeira parte mais curta servindo de introdução, o meio onde a história se desenvolve e a meia-hora final reservada para o desfecho. O primeiro terço do jogo se dedica a quest das moedas e é do segundo em diante que jogo começa de verdade e ganha forma. Itens como a picareta, a pá e o traje de mergulho lhe dão acesso a novas seções do mapa. A partir daí 1-Bit Explorer traz à tona alguns temas lovecraftianos pa sua história e uma jogabilidade à la The Legend of Zelda clássico.
A divisão do mapa em blocos já era um aceno, mas é no segundo terço quando surgem templos temáticos que a inspiração fica mais claro. Principalmente pensando em A Link to the Past, pois a utilizar um sino em zonas específicas do mapa o jogador é transportado para uma espécie de mundo invertido que alude ao Dark World do Zelda de Super Nintendo.
Talvez algumas pessoas encontrem um pouco de dificuldade de saber o que fazer no jogo. Porém eu acho que ele te dá dicas visuais, textuais e até sonoras mais do que suficientes, basta prestar bem a atenção. Salvo um segredo que eu descobrir meio que sem querer, não tive qualquer problema para me orientar pelo jogo. Mas tem uma quest que admito que poderia ter uma informação prévia, porque caso você não tenha consigo um item particular antes de entrar num outro lugar também particular você acaba tornando-a impossível de se completar. Para não dar spoilers apenas digo para não se apressar em pegar todos os itens colecionáveis do jogo antes de conseguir a arma.
A terceira e última parte de 1-Bit Explorer é quando enfim somos apresentados ao sistema de combate de 1-Bit Explorer que é usado exclusivamente contra os chefões. Eu nem chego a encará-lo como um sistema de batalha per se, o vejo mais com um puzzle final de teste de reflexos. Porque basicamente você só precisa rolar pro lado para desviar dos ataques dos chefões e então disparar sua arma, contanto que tenha stamina o suficiente pra realizar a ação.
Mas devo dizer esse lado das lutas deixou a desejar. Não porque é utilizado poucas vezes e muito menos pro ser um sistema “limitado”. Com o tempo a gente percebe o quanto a simplicidade é uma característica louvável. O problema é que quando você completa as melhorias da sua arma, dá apenas para ficar parando em frente o chefão e spammar o botão de ataque. A luta acaba em segundos tirando toda e qualquer graça desse sistema.
A gameplay é bem curta, deve dar no máximo quatro horas de duração caso você queira concluir todas as missões. Isso funciona muito a favor do jogo afinal a proposta dele é fazer jus ao seu nome e dar uma experiência mais simples, direta e muito efetiva no jogador. Outro ponto positivo é como o Fiddleling não explica muito sobre o universo do jogo, mantendo uma aura de mistério que combina com o seu lado lovecraftiano de horror inexplicável. Até mesmo uma quest sobre descobrir mais informações sobre um personagem secundário termina te deixando com mais perguntas do que respostas. Para quem gosta de narrativas que deixam a interpretação 100% na mão da audiência, 1-Bit Explorer será uma boa escolha.
Eu gostaria de destacar um pouco mais da direção artística monocromática – se essa é a palavra correta a se usar aqui – porque mesmo como uma palheta de cor limitada o Fiddleling coloca um excelente grau de detalhes que não dificulta no discernimento das formas e objetos. Até mesmo boa parte dos personagens você consegue distinguir um dos outros. Somente num dado momento que tive um problema, em que não estava encontrando o NPC para iniciar uma das quests necessários para obter o terceiro final do jogo. Mas aqui o problema não foi da arte e sim porque como os demais NPCs do bar não tinha diálogos, automaticamente assumi que não dava para interagir com ninguém ali.
Para finalizar, 1-Bit Explorer é mais uma ótima adição ao catálogo de “jogos de RPG Maker que não são RPGs”. E tem uma quantidade relativamente considerável deles. Como eu disse, a sua simplicidade é louvável e o jogo carrega um senso de mistério instigante. A exploração é recompensadora e o autor já conseguiu estabelecer uma estética própria que estou curioso para ver como irá aprimorá-la no seu próximo jogo. Então fiquemos no aguardo de novidades! Sim, terá texto eventualmente.
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Saaaalve Belmonteiro!
Cara, já respondi no Twitter (ou X, sei lá hahaha) mas aqui posso falar um pouco mais.
Mais uma vez, muito honrado em receber um artigo dedicado ao jogo que eu criei, nunca imaginei uma coisa dessas acontecendo, é muito bacana essa atenção e carinho dos jogadores.
Zelda e Lovecraft foram grandes inspirações mesmo, um pelas mecânicas e outro mais pela exploração do desconhecido e o terror cósmico, algo que eu pretendo manter em futuros lançamentos dessa série dos Bits.
A parte visual nasceu de uma coisa mais conveniente para mim, mas se tornou algo que eu realmente adorei. A limitação de usar apenas preto e branco forçou a criatividade e a minha habilidade como criador, e eu fiquei muito contente com o resultado (mais ainda sabendo tem um pessoal curtiu também hahahah).
Feedbacks todos anotados, tanto elogios quanto críticas, e saiba que vou usar esse texto como plataforma para melhorar muito mais o meu trabalho!
Mais uma vez, muito obrigado por dedicar um tempo a jogar, platinar e escrever sobre esse projeto!
Um grande abraço!
Nem precisa agradecer. Eu já gosto de falar de RPG Maker, falar de um jogo bom então é ainda melhor. Confesso que o Lovecraft foi um chute meu porque eu conheço a obra dele indiretamente. Fico feliz em saber que o chute foi certeiro, hahaha! Mas fico mais feliz em saber que o texto possa ajudar no futuro, sei como é complicado receber feedback até mesmo dentro dos fóruns porque são poucos membros ainda ativos. No mais, você já tá no caminho certo. A gameplay tá muito boa e o visual que você desenvolveu está fantástico. Como já repeti algumas vezes, sigo no hype pela sequência!
Rapaz preciso jogar ou pelo menos acompanhar o gameplay do jogo.
Obs: respondi vc lá no condado. Fiquei um pouco afastado, mas estou voltando aos poucos. Abraço e sucesso com o Blog!
Vale a pena! Se eu não me engano tem alguém lá da Condado fazendo uma gameplay completa. Valeu, Bento!