Poucas horas separam o momento que eu zerei Bastion, o primeiro título do aclamado estúdio Supergiant Games, e o momento que abri o editor de texto do meu blog. Contudo eu não sei o que escrever. Neste instante eu me encontro sem quaisquer palavras para falar do jogo. Não é porque ele “explodiu a minha cabeça” e mudou a minha concepção do que se pode alcançar nos vídeo games. Não há nada de extraordinário em Bastion nesse sentido. Simplesmente eu não sei como explicá-lo para vocês
Ok, calma! Eu consigo explicar Bastion, o jogo, eu só não consigo explicar Bastion, a experiência! Ainda ficou confuso, né?
Eu posso vir aqui e falar para vocês que Bastion é um RPG de ação com visão isométrica uma sequência de mapas enfrentando inimigos diversos para coletar alguns itens especiais. O combate é simples. Você pode equipar duas armas, geralmente uma de combate corpo-a-corpo e uma de longo alcance, além de uma habilidade secreta. Dentre o seu arsenal você encontra coisas como um martelo de duas mãos, um facão, um pique, um arco, duas pistolas, uma carabina, entre muitas outras armas. Algumas habilidades exigem que você tenha uma arma específica, outras independem do seu equipamento. Você também recebe três frascos para recuperar seu HP e mais três para usar suas habilidades secretas.
Outros comandos incluem um escudo que, além de defender, permite que você reflita o dano de volta para um inimigo se acertar o timing. Você também para desviar de um ataque, embora tenha que tomar cuidado para não cair para fora do mapa e receber uma pequena punição de dano. Os mapas são plataformas suspensas que se formam conforme você o explora. Derrotar inimigos dá experiência para se passar de nível, que aumenta o HP máximo do protagonista e também lhe concede mais um slot de drinques. Os drinques são itens que você pode equipar numa destilaria que concede efeitos especiais para o personagem, como mais defesa, mais frascos, aumentar a chance de dano crítico, entre outras coisas.
Viram? Bastion é mecanicamente bem simples, então não há nenhuma dificuldade de falar dele nesse aspecto. Então talvez seja a história do jogo que é complexa? Igualmente não!
A história começa com o protagonista, chamado apenas de Garoto, acordando nas ruínas da cidade de Caelondia após um evento que ficou conhecido como a Calamidade. Toda a cidade foi rasgada em pedaços, com blocos de terra flutuando pelos ares. Conforme o Garoto explora a cidade ele encontra todos os habitantes reduzidos a cinzas e monstros rondando o que restou do local. Eventualmente o rapaz chega no titular Bastion onde encontra outro sobrevivente, Rucks, que serve como narrador do jogo.
Uma outra característica de Bastion é que a história é contada em terceira pessoa – inc e em tempo real, produzindo um efeito similar a Call of Juarez: Gunslinger, cuja narrativa já foi tema aqui no blog. A trama não se desenrola sob o ponto de vista do Garoto, é Rucks que conta esses eventos para uma terceira personagem. Assim, algumas interações produzem diálogos diferentes e adicionam uma camada de narrador não-confiável para a história.
Portanto, Bastion também não é narrativamente complexo e sim narrativamente curioso.
“Então qual é a dificuldade de falar do jogo?”, vocês podem se perguntar agora. Acontece que Bastion é divertido. Não, Bastion é MUITO divertido. Ainda não está bom o bastante, preciso de um superlativo. Bastion é DIVERTIDÍSSIMO. E eu não sei como explicar exatamente esse nível de diversão em palavras. Porque o combate é simples e as fases são meio repetitivas, porém a gameplay geral produz uma imensa satisfação.
Tentando racionalizar esse sentimento, o mais próximo que eu consegui chegar foi encarar Bastion como o mais perfeito exemplo de equilíbrio. Não no sentido que eu dei para Maiden Cops recentemente. Imagina um gráfico de curva normal onde numa ponta você tem “simples”, na outra você teria “complexo” e a área abaixo da curva é a quantidade de diversão. Bastion se encontra no meio exato do gráfico onde a curva atinge o seu ápice. Isso faz parte de uma teoria que eu criei em que, conforme o jogo se torna mais complexo, ele fica menos divertido porque o jogador se sente sobrecarregado. Da mesma forma, se o jogo se torna muito simples, a diversão também cai porque esse mesmo jogador não se sentiria tão engajado com a gameplay.
Nesse cenário, Bastion tem uma jogabilidade que não possui mecânicas elaboradas, porém também não te trata feito um idiota. Ela é o suficientemente complexa para te manter interessado, ao passo que é simples o bastante para não chegar a te frustrar. Logo, entre jogos com combos mirabolantes ou com um único tipo de ataque, Bastion acaba triunfando.
O problema é que isso é algo que cai no “vê para crer”. Por mais que eu tente, eu não consigo transmitir a experiência de Bastion em palavras porque acredito que é algo que você apenas entenderá se jogá-lo. Então vou pedir a vocês um voto de confiança e dizer que testem Bastion por si só. E espero que a reação de vocês seja essa:
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