Megabonk: o eterno pós-Vampire Survivors (agora em 3D)

Imagem da jogabilidade de Megabonk, mais um jogo requentando a jogabilidade de Vampire Survivors

Em 2020, o desenvolvedor independente Luca Galante começou a trabalhar despretensiosamente em Vampire Survivors. Seu objetivo era nada mais do que recriar o jogo mobile Magic Survival que ele curtiu tanto. Mal sabia Luca que dois anos depois o seu humilde shoot’em up se tornaria um dos jogos indie mais populares da década. Mais influentes também! Após o sucesso de Vampire Survivors surgiram dezenas outros títulos que surfaram essa onda. Com isso surgiu um novo subgênero: o survivors-like, ou bullet heaven. Já eu prefiro outro termo que uso com todo o tom pejorativo de “jogo de streamer”.

Minha mais recente experiência foi Megabonk. Esse é mais um caso de um SUPOSTO amigo meu me dando jogos de presente mesmo eu dizendo que eu NÃO QUERO ganhar. Repito, por favor, NÃO ME DEEM survivors-like de presente na Steam. Meu problema com esses jogos foi se construindo com tempo. Lá atrás quando eu tinha poucas referências como Dino Survivors, eu reconhecia que tais títulos eram derivativos e ainda conseguia tirar divertimento neles. Contudo, chegando em Karate Survivor eu já estava exausto com o processo de gimmickzação que o survivors-like sofreu.

Todo “clone” parecia e ainda parece entender apenas uma parte do que fez Vampire Survivors ser esse sucesso. Por um lado eles conseguem reproduzir aquele aspecto viciante, retendo o jogador com uma infinidade de conteúdo desbloqueável (personagens, armas, fases, itens, etc). Por outro, eles não investem nos mistérios escondidos em cada mapa e nem pensam nessas fases para além da mesma estrutura de sobreviver a hordas de inimigos num intervalo de tempo específico. No final das contas acabamos apenas com outro Vampire Survivors com alguma nova gimmick. Pode ser na temática ou então na organização das armas e habilidades dos personagens, só precisa ser algo suficientemente diferente para chamar a atenção.

Por isso que eu nem preciso me dar o trabalho de explicar a jogabilidade de Megabonk, pois vocês já devem ter adivinhado pelo menos uns 80% dela. Mais uma vez você está numa arena derrotando a maior quantidade possível de inimigos que ficam mais fortes com o tempo, aprimorando as armas e habilidades passivas a cada nível, coletando power-ups e conseguindo itens e outras melhorias com NPCs e totens espalhados pelo mapa.

As maiores diferenças é que você precisa encontrar um portal para passar para o próximo estágio do mapa e o fato de ser um jogo 3D em que seu personagem pode pular. Portanto a geografia vira um obstáculo e admito que a luta com o chefão final é bacana por explorar esse aspecto. Contudo são apenas duas fases o que deixa o jogo tão rapidamente monótono que ele precisa ser mais difícil que o necessário para te obrigar a repeti-las várias vezes. Além disso, o jogo só permite que você escolha entre quatro armas e quatro livros com habilidades passivas, limitando a possibilidade de builds. Mais ainda quando dois desses espaços serão preenchidos pelo livro de experiência e o livro de sorte.

Chamo coisas como Megabonk de “jogo de streamer” porque a impressão que me passam é que são jogos desenhados para lives de gameplay. Megabonk escracha isso utilizando uma linguagem típica de bolha de internet memeira. Pelo amor de Deus, tem um personagem chamado Megachad. Então não tenho dúvidas que streamers o adotaram pelas próximas semanas até que surja um survivors-like novo ou o público simplesmente enjoe. Pois essa é outra característica desses jogos, o valor de replay deles não funciona a longo prazo. Uma vez que você desapegue dele, dificilmente voltará no futuro. Pelo menos comigo é assim. Nem mesmo Vampire Survivors conseguiu me chamar de volta com sua última colaboração com Castlevania porque eu já extrai tudo que essa jogabilidade tinha a me oferecer.

E é isso, gente. Não existe mais o que falar de Megabonk porque ele não tem nada realmente relevante para ser falado. É só mais um nessa infinidade de jogos pós-Vampire Survivors que não vamos lembrar mais no próximo ano porque alguém vai colocar mais um título nessa fila.


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