O final de One Piece não será satisfatório. Não depois de tanto tempo de publicação do mangá
It’s Joever, Luffy!

Eu tô fora da bolha otaku, graças a Deus, mas eu passo um tempo nada saudável no Twitter. Por conta disso algumas discussões dessa organização criminosa comunidade acabam chegando até mim. A mais recente foi a “controvérsia” com o último capítulo de Boku no Hero Academia publicado há alguns dias, Muitos leitores se desagradaram pelo destino do protagonista que deixou o final um pouco amargo. Isso virou uma pauta sobre outros mangás e animês que tiveram desfechos que desagradaram o público. E aí que entra o futuro final de One Piece!

Para ser honesto, eu não faço a menor ideia se tem uma discussão real a respeito de One Piece. A ideia só me veio à cabeça porque um perfil de animês fez um um tweet inofensivo levantando essa questão se o Echiro Oda seria capaz de dar um bom final a sua obra. Não sei se no Backlogger eu falei isso em algum momento, porém no meu perfil eu já mencionei mais de uma vez que eu não tenho confiança que o final de One Piece possa ser remotamente satisfatório.

Mas vamos por partes e primeiro tenho que voltar rapidinha ao Boku no Hero Academia. Não li e possivelmente não lerei o mangá num futuro próximo, por isso não tenho como entrar no mérito da qualidade do seu final. Porém, mesmo que eu tivesse lido, para mim pouco importaria. Vejam que usei tanto no título quanto no texto a palavra ‘satisfatório’ e não coisas como ‘bom’ ou ‘ruim’. Porque eu vejo que a suposta qualidade (ou falta de) do último capítulo está em segundo plano, para o público o que importa é o seu nível de satisfação com as escolhas que foram tomadas.

Em Boku no Hero Academia, até onde a minha pesquisa de contados cinco minutos pode encontrar, a insatisfações vem com o destino dado ao protagonista. Isso é até um pouco compreensível porque, no geral, as pessoas tendem a gostar mais de finais felizes. “E eles viveram felizes para sempre” pode soar um clichê brega, mas funciona. E no caso de mangás – e por consequência os animês também – isso se agrava por serem produções que se estendem por muitos anos. Quanto mais tempo uma obra dura, mais existe uma pressão para que ela acabe bem porque os fãs fizeram um tremendo investimento emocional na história e nos seus personagens. Nesse sentido, imagine o que se espera de One Piece que já caminha para sua terceira década de duração?

As aventuras de Luffy e o bando dos Chapéu-de-Palha são publicadas desde 1997 e já somam mais de mil capítulos contínuos. É um fenômeno estrondoso, dentro e fora do Japão, e hoje é a história em quadrinhos mais vendida de todos os tempos. E para mim é um grande trem rumo ao descarrilamento.

Nos comentários daquele tweet que citei lá em cima, vi algumas pessoas inocentemente dizendo que acreditam que o final será bom porque o Oda já sabe como vai ser. A gente teria que assumir que o que quer que ele imaginou seja de fato bom. Mas mais do que isso, elas ainda estão pensando que a qualidade ainda importa nesse contexto.

O final de One Piece irá depender de vários fatores. Um dos principais é sobre o mistério do que é o tal do tesouro do One Piece que estão todos procurando. Aqui é onde o Oda se meteu na sua pior sinuca de bico. Ele tem duas escolhas: não revelar a natureza do One Piece ou dar uma explicação sobre o que o tesouro é. No primeiro caso não tenho qualquer dúvida que será algo universalmente odiado. Só que o segundo também não é uma aposta segura porque corre o risco de muita gente ter a reação de “Ah… era só isso?”.

Em ambos cenários têm um mesmo elemento que dificulta tudo. One Piece já está com 30 anos de publicação e possivelmente vai terminar até um pouco além dessa margem. Você pode acreditar que o Oda é gênio, melhor mangaká da história e o que for. Isso vai de cada um. Mas eu tenho para mim que algo é certo: nenhum autor é capaz de superar uma expectativa construída há três décadas. Quando eu digo que não existe chance do final de One Piece ser satisfatório é por uma descrença de não existir qualquer coisa que justifique tanta espera.

O tempo é uma variável que influencia muito a nossa percepção das coisas. Isso explica o motivo de porque eu decidi abandonar One Piece há bastante tempo. Não é que eu apenas parei de acompanhar, eu não me importo mais com esse universo e fiz isso para evitar maiores decepções.

Ao longo da minha história com One Piece, que se deu através do animê, eu parei de assistir duas vezes antes da terceira definitiva. A primeira aconteceu em meio ao arco de Enies Lobby porque, depois de assistir tantos episódios, eu já estava saturado então decidi fazer uma pausa. Voltei um bom tempo depois e dessa vez eu fui até o final de Thriller Park. Da última vez eu parei após aquele arco do Arquipélago Não-Sei-das-Quantas. O fato de eu nem me prestar a pesquisar o nome é para indicar o quanto eu não ligo mais para a história do Oda.

Quando eu terminei esse arco, lembro que minha reação foi de “Nossa, que arco medíocre!”. Aqui precisa explicar uma coisa: apesar de medíocre ser um sinônimo de mediano, sempre que eu utilizo é com uma conotação muito mais negativa. Eu já tinha passado por outros arcos de One Piece que achei medianos, só que nenhum deles causou essa reação que tive como o Arquipélago Não-Sei-das-Quantas. Isso não surgiu devido uma percepção que a história estaria piorando, a razão é outra. Para chegar naquele arco houve um grande desvio na trama. A gente passou por Impel Down, depois Marine Ford e ainda precisou de um timeskip. É tempo demais já em cima de todos os anos para chegar ali. Tudo isso para termos um puta arco medíocre de reunir a equipe para continuar a trama.

Com 27 anos de publicação e 25 de anime, One Piece já perdeu o direito de ter um arco medíocre. O Arquipélago Não-Sei-das-Quantas seria aceitável uns 250 episódios atrás. Passado da margem dos 500 não dá mais. Aí que eu percebi que não tinha como eu continuar vendo o animê e nem tentar ir para mangá. Qualquer coisa que a história me entregasse, fosse boa ou ruim, ela viria acompanhada com o pensamento de “Quase 30 anos dessa bosta, hein?”. Erros seriam potencializados. Acertos seriam mitigados. Não pelos méritos, ou deméritos, da obra ou do seu autor e simplesmente porque já se passou tempo demais.

E vejo que isso está cada vez se tornando um peso maior para One Piece e mais pessoas estão sendo afetadas. Por exemplo, quando o Luffy usou o tal do Gear 5 eu lembro de ver muitos comentários de gente que se desapontou. Alguns diziam que era pela animação, outro pela forma que foi introduzido no arco. Para mim é mais simples, é porque é o MALDITO GEAR 5! Só mais um poderzinho que Oda inventou para dar um novo boost de força no Luffy. O nome é novo, a ideia é a mesma, nada especial. Quase três décadas, gente. Meh!

Há quem ainda tente argumentar que mesmo que o final de One Piece seja ruim, porque o que importa foi a aventura. Para essas pessoas eu recomendo pesquisar o que é copium no Google. É um papinho muito bonitinho (e pau-mole) para se repetir nas redes sociais, mas na prática a gente vê outra coisa. Game of Thrones foi uma das séries mais populares da história, a ponto que a HBO passou a fazer estreia simultânea das suas temporadas em diversos países. Agora eu pergunto, qual é a lembrança que o público tem dela: das cinco maravilhosas primeiras temporadas ou do final bosta que a série teve? As pessoas não perdoam nem o final ruim de um filme que passaram duas horas assistindo, quiçá uma obra que se estende por décadas?

Então é isso. Daqui uns anos estamos de volta. Eu aqui no meu velho e querido banco e vocês aí em todo o mundo porque… não existe a menor chance do final de One Piece ser final satisfatório. Forças aí, Oda! Mas também quem mandou ficar enchendo linguiça, né?


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