O que a Era Millennium pode ensinar para o MCU

Diferentes Godzillas dos filmes da Era Millennium

Semanas atrás eu falei como fui possuído pelo ritmo kaiju, algo que já vem acontecendo há meses. Recentemente decidi dar uma desacelerada para focar em outras coisas, mas de qualquer forma esses filmes de monstros gigantes se tornaram uma parte fundamental da minha personalidade. E, como tudo que eu passo a consumir, os kaijus vão se tornar matéria-prima para uma série de textos. Eu queria começar com um ensaio comparando os filmes japoneses com os americanos das décadas de 50/60, contudo a vida é cheia de surpresas. Forças para além da minha compreensão me obrigaram a adiantar a discussão que eu queria ter sobre o Marvel Cinematic Universe (MCU) e a Era Millennium da franquia do Godzilla.

Considerando a velocidade com que as coisas se movem na internet, essa é uma notícia já quase pré-histórica: na última Comic-Con a Marvel Studios revelou que o Robert Downey Jr. voltaria ao MCU, não como Homem de Ferro e sim na pele do vilão Doutor Destino. Foi um anúncio que pegou muita gente e surpresa e o trecho da apresentação se tornou um dos mais assistidos. Entretanto, não podemos dizer que as reações foram um consenso como, por exemplo, eu. Já tem um bom tempo que eu me desprendi dos filmes do MCU e a volta do Robert Downey Jr. me cheira a desespero.

Muitos dizem que a fórmula da Marvel já cansou, que os filmes de super-heróis saturaram e que o MCU está estagnado criativamente. Talvez essa última parte eu tenha adicionado por mim mesmo, mas tenho certeza que algumas pessoas concordam com essa afirmação.

Apesar de não acompanhar mais os filmes – salvo uma recém exceção a convite de um amigo – eu acabo pensando no MCU de vez em quando. Mais especificamente no porquê de eu ter enjoado deles, já que eu gosto bastante de histórias envolvendo super-heróis. A conclusão que cheguei é que meu problema não é exatamente com os filmes e sim com Kevin Feige & Cia e como o MCU opera. Para mim, o projeto chegou a um ponto em que a necessidade de se manter uma continuidade entre filmes (e séries) acabam limitando muito as histórias que poderiam ser ali contadas.

E é aí que a Era Millennium do Godzilla entra nessa história. Depois de ler e assistir os filmes desse período da franquia, eu percebi o que eu gostaria que tivéssemos nos filmes de super-herói. Não posso assumir que todos tenham a remota ideia do que diabos eu estou falando, então antes de entrar nessa discussão sobre o MCU, vamos precisar de uma breve (assim espero) contextualizada:

A ERA MILLENNIUM DE GODZILLA

Versões do Godzilla de três diferentes eras: Showa, Heisei e Millennium
Da esquerda para direita: Showa, Heisei e Millennium

No Japão, a história se divide em eras segundo um antigo sistema chinês adotado no século VII. Ele passou por várias mudanças ao longo dos anos e, agora nos tempos modernos, o sistema acompanha a ascensão de um novo imperador com um nome por reinado. Atualmente o país está na Era Reiwa, que se iniciou em 2019, após a Era Heisei (1989-2019) que por sua vez sucedeu a Era Showa (1926-1989).

Esse sistema não serve apenas para fazer uma contagem no tempo, ele também tem sua relevância cultural. As eras também se associam a movimentos artísticos que ocorreram nesses períodos e a razão de eu destacar as três últimas é por conta do advento de mídias como o cinema e a televisão. Há várias franquias japonesas que podem ser analisadas em fases de acordo com as eras. É o caso das séries de Kamen Rider e Super Sentai, ambas originadas na Era Showa e que seguiram ativas durante a Era Heisei e ainda hoje na Era Reiwa. Mas o maior exemplo é o Godzilla, que esse ano completará 70 aninhos, que tem o recorde de ser a franquia de cinema mais duradoura da história.

Um detalhe curioso sobre os filmes do Godzilla é que eles possuem uma era própria. Eu não sei se tem outro caso desse tipo, mas se tiver, digam aí nos comentários. É a tal Era Millennium citada na introdução, que ocorreu no curto intervalo de 1999 e 2004 no meio da Era Heisei. A razão de existirem duas eras distintas na franquia de Godzilla para esse período é porque seus filmes – que são produzidos pela Toho desde a década de 50 – encerraram em 1995. Daqui a pouco explico isso melhor. Mas, de novo, a vida é uma caixinha de surpresas e um evento acabaria mudando os planos do estúdio: o filme americano do Godzilla de 1998.

Vamos voltar um pouquinho mais no tempo.

O infame filme americano do Godzilla de 1998

Godzilla precede o MCU nessa ideia de criar um universo compartilhado no cinema. Como devem saber, o personagem surgiu com seu primeiro filme em 1954 e se tornou um estrondoso sucesso. Isso levou a uma sequência no ano seguinte falhou em atingir as expectativas da Toho, muito por culpa do próprio estúdio ter apressado a produção. Então, tão como no filme, o Godzilla ficou dormente por alguns anos enquanto a Toho investia em outros projetos. Foi nesse período que surgiram outros importantes monstros do panteão kaiju como o Rodan, em 1956, e a Mothra, em 1961.

Com os kaijus ganhando mais interesse no público, a Toho decide trazer o Godzilla de volta em 1962 em no filme King Kong vs. Godzilla. Aqui então que se inicia o império do nosso querido lagartão atômico que passou a incorporar os outros kaijus na sua continuidade, como Godzilla Contra a Ilha Sagrada e Ghidrah, O Monstro Tricéfalo, ambos de 1964. Eventualmente a febre kaiju foi minguando e depois de um fracasso de bilheteria com O Terror do Mechagodzilla (1975) a Toho avaliou que seria melhor deixar o personagem num hiato até gerar um novo interesse, fazendo planos para revivê-lo. Metaforicamente!

Esse hiato durou pouco menos de uma década. Em 1984, comemorando os 30 anos da franquia, chega nas telas de cinema The Return of Godzilla*. Apesar de ainda se encontrar na Era Showa, o filme decide ignorar toda a continuidade construída nesse período, com exceção do original de 54. Com uma recepção bem positiva, The Return of Godzilla inaugurou uma nova fase para o personagem e criou uma nova continuidade a partir da sua sequência, Godzilla vs. Biollante, que colocou a franquia por definitivo na Era Heisei.

*como nem todo filme do Godzilla teve um
lançamento oficial no Brasil, alguns
vou deixar com o título em inglês
que é mais fácil para encontrar.

Mais cinco filmes foram produzidos dentro dessa segunda linha do tempo de Godzilla, com o último sendo Godzilla vs. Destroyer em 1995. Só que dessa vez o final da saga foi de caso pensado. A Toho decidiu que era melhor ter uma segunda pausa para não saturar o mercado novamente. Pelo menos o japonês. Porque com o fim da Era Heisei do Godzilla, o estúdio entrou em negociações com a TriStar para que ela produzisse uma nova série de filmes para o público americano. Isso culminou no filme de 98 que foi um completo desastre, tanto de crítica quanto de bilheteria, e matou o projeto já na primeira tentativa.

Mas alguns males vêm para o bem. Mesmo sendo considerado uma das piores encarnações do Godzilla, o filme acabou gerando interesse suficiente no personagem para que a Toho se sentisse confiante em investir numa nova leva de filmes. Daí que surgiu a famigerada Era Millennium que tem uma particularidade bem especial em relação às anteriores. E qual seria? Bom, acho que isso é conversa para um novo tópico.

OS FILMES DA ERA MILLENNIUM

Pôsteres dos filmes do Godzilla da Era Millennium:Godzilla 2000: Millenium (1999), com direção de Takao Ōkawara;Godzilla vs. Megaguirus (2000), Godzilla Against Mechagodzilla (2002) & Godzilla: Tokyo S.O.S (2003), todos os três dirigidos por Masaaki Tezuka;Godzilla, Mothra and King Ghidorah: Giant Monsters All-Out Attack (2001), com direção de Shūsuke Kaneko e que aqui vou me referir pela sigla GMK;Godzilla: Final Wars (2004), o último filme desse período e dirigido por Ryuhei Kitamura.
Filmaços da porra (alguns deles)

De todas as eras da franquia (excluindo a Reiwa porque ainda está em curso), a Millennium é atualmente a mais curta tanto em extensão quanto em quantidade de filmes. Na Era Showa tivemos ao todo 15 filmes do Godzilla distribuídos por 21 anos. A Era Heisei durou bem menos, 11 anos, e teve ao todo sete filmes. Por sua vez, a Era Millenium se estendeu por apenas cinco anos, culminando no 50° aniversário do Godzilla, mas teve seis filmes durante esse intervalo. São eles:

  • Godzilla 2000: Millenium (1999), com direção de Takao Ōkawara;
  • Godzilla vs. Megaguirus (2000), Godzilla Against Mechagodzilla (2002) & Godzilla: Tokyo S.O.S (2003), todos os três dirigidos por Masaaki Tezuka;
  • Godzilla, Mothra and King Ghidorah: Giant Monsters All-Out Attack (2001), com direção de Shūsuke Kaneko e que aqui vou me referir pela sigla GMK;
  • Godzilla: Final Wars (2004), o último filme desse período e dirigido por Ryuhei Kitamura.

Não estou muito por dentro da fanbase de Godzilla – e nem quero estar porque eu tenho nojo de fã – porém já vi comentários que diziam que a Era Millennium era a mais fraca da franquia. Nado contra essa maré porque ela por enquanto é a minha favorita justamente por como a organizaram em comparação com as eras anteriores. Em vez de estabelecer uma terceira continuidade, a Era Millennium opera como uma antologia cuja linha do tempo pode ao mesmo tempo coexistir com os filmes da Era Showa e Heisei como também ser o seu próprio universo paralelo.

Com exceção de Tokyo S.O.S, que é sequência direta de Godzilla Against Mechadozilla, todos os filmes dessa era são independentes um do outro. Os diretores tiveram uma liberdade bem maior para criar novas histórias com o personagem já que não estavam presos ao seu antecessor. Todos eles têm como ponto em comum o filme de 1954, mas a partir daí cada diretor decide o que fazer no seu universo.

Por exemplo, o filme que abre essa era, Godzilla 2000: Milllennium, é praticamente uma resposta ao Godzilla americano de 98. Ōkawara traz de volta a interpretação do personagem como uma força da natureza que ameaça o Japão sem motivo aparente e resgata a ideia de raças alienígenas que apareceu em vários filmes da Era Showa. Porém, o Godzilla especificamente pode ser lido como uma extensão dessa era quanto o da Era Heisei, ou até mesmo uma versão completamente desses dois.

Passando para Godzilla vs. Megaguirus, do Masaaki Tezuka, temos aqui algo também inusitado. O filme considera o de 1954 como parte da sua cronologia, entretanto ele resolve ignorar o final. Nesse universo o Godzilla nunca foi derrotado pelo Oxygen Destroyer, portanto ele é de fato a versão original. Tanto que é esse filme que aborda mais explicitamente a temática da energia nuclear que talvez seja o elemento mais presente no imaginário popular a respeito do Godzilla.

Godzilla, Mothra and King Ghidorah: Giant Monsters All-Out Attack, um dos melhores filmes da Era Millennium do Godzilla

O GMK decide fazer uma quebra com os filmes anteriores no que tange ao gênero. Ambos Godzilla 2000: Millennium e Godzilla vs. Megaguirus investem mais em conceitos mais comuns da ficção científica. O primeiro, como falei, tem alienígenas como centro da trama e o segundo resolve falar sobre dimensões paralelas. Já o Kanenko prefere assumir uma linha mais sobrenatural e fantástica no GMA. Na sua versão, o Godzilla que aparece para ameaçar o Japão é na verdade um zumbi porque o corpo do monstro destruído em 54 é ressuscitado pelos espíritos daqueles que morreram na Segunda Guerra Mundial. Curiosamente esse filme considera também o Godzilla americano na sua história, pois há menções de um suposto monstro que atacou os Estados Unidos.

Após esse filme, o Tezuka retorna para dirigir mais um filme, Godzilla Against Mechagodzilla, que ganha uma sequência também dirigida por ele, Tokyo S.O.S. A particularidade desses dois filmes é que ele retorna com várias figuras do “kaijuverso” como, evidentemente, o Mechagodzilla e também a Mothra. Além deles, temos menções a Varan (1958), A Invasão dos Gargantuas (1966) e O Desafio dos Monstros (1970). Mas não é como se esses filmes se colocassem na mesma linha temporal da Era Showa, eles simplesmente selecionam os títulos que acha útil para incorporar na sua cronologia.

Como capítulo final da Era Millennium temos o épico de ação Final Wars, que claramente ecoa O Despertar dos Monstros (1968) e coloca o Godzilla para enfrentar dúzias de monstros da franquia. Incluindo também o Godzilla americano para dar uma última cutucada naquele filme. Se eu não estou enganado, todos os kaijus desse filme surgiram na Era Showa e Final Wars permite também que você considere-o como uma continuidade daquela linha do tempo ou que simplesmente esses monstros surgiram no seu universo.

Essa foi uma descrição bem por cima da Era Millennium porque não dá para se aprofundar tanto num único texto. A não ser que vocês queiram ler parágrafos quilométricos. Findado o Final Wars, a Toho colocou o Godzilla na sua quarta hibernação que dessa vez iria durar exatos dez anos até a chegada do filme americano que deu certo em 2014.

Enfim, acho que depois de tantos e tantos parágrafos temos contexto o bastante para entender o porquê de eu achar a Era Millennium valiosa, seja para a própria franquia do Godzilla ou seja, como iremos ver agora, para o MCU.

O QUE MCU PODERIA APRENDER COM OS FILMES DE GODZILLA

Meme do Homem Aranha para falar como o MCU poderia aprender com Godzilla
Não é MCU, mas eu não tinha alternativa

Muito se discute sobre a aparente qualidade (ou falta dela) dos filmes da Marvel. Para ser sincero, eu nem acho que essa seja uma variável tão importante assim. Não mais. Hoje eu já não me preocupo muito em assistir algo por ele ser considerado bom, eu tento achar coisas que me pareçam interessantes independente da qualidade. Até porque ela é bem subjetiva. Quando eu trago a Era Millennium para essa conversa não é porque eu acho que ela seja composta só de filmes fenomenais. Eu nem mesmo gosto de alguns deles.

Godzilla vs. Megaguirus é um. Já não sou muito chegado ao gênero da ficção científica – curto obras específicas como Blade Runner, Alien, Mobile Suit Gundam, Dead Space, etc – e esse filme tem um agravante por eu desaprovar a sua beligerância. Existem fortes temas militaristas ao longo de toda Era Millennium, que eu não tenho nada inerentemente contra. Meu problema é o quão mal guiados esses temas são no filme. Na última cena temos a protagonista olhando para a cidade destruída pela super arma com a qual derrotam o Godzilla e a música que toca ao fundo deixa o momento com um tom questionavelmente heroico. É quase a mesma mentalidade americana de “olha, causamos toda essa destruição, mas o que importa é que no final das contas nosso exército salvou o dia!”.

Também eu não sou um grande fã de Final Wars. Eu entendo a proposta, porém não curto. Eu preferia mil vezes um filme mais focado no personagem do que uma tentativa de fazer um embate épico que deixa o Godzilla ausente por praticamente o filme todo só para então correr com uma dúzia de duelos. Que, honestamente, não me impressionaram. Suitmation é sempre uma diversão de ver na tela, porém aqui acontece num ritmo tão corrido que mais parece que querem mostrar todos os trajes do que de fato desenvolver uma boa porradaria kaiju.

Só que mesmo não gostando desses filmes eu ainda os acho interessantes por tentar coisas diferentes em relação aos seus pares. Coisa que eu passei a sentir cada vez menos nos filmes do MCU porque para mim falta voz ali dentro. Claro, existem muito mais diretores diferentes dentro do MCU do que houve na franquia de Godzilla. Porém, quase nenhum deles tem muita liberdade criativa para atuar na franquia para não impactar as sagas macro que conectam todos os filmes. Mesmo que sejam diretores diferentes, eles ainda estão sujeitos ao planejamento do MCU e assim não se pode tomar qualquer risco criativo.

Por exemplo, Sam Raimi é um diretor que eu gosto muito e ele tem uma assinatura bem evidente nos seus filmes. Os seis filmes do Homem Aranha foram responsáveis por ajudar a mover a engrenagem dos super-heróis no cinema. É um cara que evidentemente tem voz. Contudo em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura dá uma certa sensação que ele foi capado das suas capacidades criativas. Podem até argumentar que ele tomou riscos ao colocar a Feiticeira Escarlate como vilã. Mas será mesmo? Não tenho a menor dúvida que ele só pode fazer isso porque a Elizabeth Olsen já não estava mais tão interessada em continuar no papel depois da WandaVision e nem havia planos para utilizá-la na próxima fase do MCU.

Não foi um risco criativo, foi um “risco” permitido.

É isso que vem me incomodando no MCU. Você tem todo esse panteão de personagens diferentes com um potencial infinito de histórias que se pode contar e a Marvel não explora para nada. Até mesmo o conceito do multiverso já ficou evidente qual será seu uso no MCU. Depois de títulos como Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, Deadpool & Wolverine e a futura aparição do Doutor Destino, o multiverso não é uma forma de contar novas histórias com os personagens que já vimos. Ele é só uma desculpa para utilizar da nostalgia do público por certos atores para aumentar uns bons milhões na bilheteria.

Tobey Maguire, Andrew Garfield e Tom Holland. Os três atores a interpretarem o Homem-Aranha nas últimas décadas
Aqui que começou a palhaçada de verdade

Com isso eu não quero dizer que a franquia do Godzilla é isenta dessas mesmas táticas. Final Wars é um óbvio fanservice para os fãs de filmes de kaiju. Também existe algum nível de controle criativo por parte da Toho em cima das obras. Citando um dos casos que eu conheço, quando o Kaneko apresentou a primeira versão do roteiro de GMK os personagens que fariam parte do filme eram o Baragon, o Anguirus e o Varan. Porém os produtores pediram para que ele inserisse a Mothra e o Ghidorah na história porque tinham mais valor de marca.

A Era Millennium não foi criada sem óbvios interesses comerciais e com mais integridade artística do que o MCU. Contudo ela possui uma liberdade criativa que excede qualquer coisa que a Marvel venha tentando no cinema. Até mesmo quando existe essa intromissão dos produtores, ainda se dá para criar algo novo. O Kaneko foi lá, pegou o Ghidorah, que ao longo de toda franquia foi representado como um monstro invasor, e transformou-o num kaiju guardião aos moldes da Mothra. Ao mesmo tempo que ele pega o Godzilla, que nos filmes anteriores eram uma força da natureza e deixa ele ser o vilão dessa história.

Mas mais do que isso, na Era Millennium existe muito contraste de ideias. No Godzilla 2000: Millennium o Ōkawara tenta puxar a sardinha para o lado da ciência como a principal força redentora da humanidade. Porém o Tezuka vai em Godzilla vs. Megaguirus e coloca a ciência a serviço dos militares. Então vem o Kaneko botando o dedo na ferida com GMK. Lá ele mostra como esses militares e o governo nunca de fato tomaram responsabilidade pelos seus atos na Segunda Guerra Mundial e hoje tentam varrer isso para baixo dos panos.

Aí volta o Tezuka com seu Godzilla Against Mechagodzilla tentando apelar para o sentimento comunitário da sociedade japonesa e mostrar que dá para unir forças entre cientistas, militares e políticos. Porém o próprio Tezuka depois vai lá e se critica em Tokyo S.O.S ao reconhecer que por vezes o governo vai agir em prol dos seus interesses e não exatamente do povo.

E por fim chegamos em Final Wars que não pretende ser algo muito além de uma celebração dessa franquia. O que está tudo bem. Tivemos cinco filmes com discussões distintas, o público merece um pouco de entretenimento descompromissado que tem o seu valor também. O problema é que com o MCU a franquia parece ser apenas isso hoje. Cada filme existe para criar hype para o próximo, servindo somente ao grande produto que se tornou. É só para mostrar como MCU é bacana, como o MCU é legal, como o MCU é divertido.

No final, o MCU virou uma enorme celebração de si mesmo. E essa festa já está ficando bem chata!

Robert Downey Jr. de volta ao MCU sendo revelado como o Doutor Destino

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