Em algum momento a Capcom terá que fazer um REboot de Resident Evil
Eu investi mais tempo esforço nessa thumb do que no meu TCC. Foto original

Opa, um BO da Semana que não é sobre treta? O que está acontecendo?! Deve ser o fim dos tempos mesmo!

Essa aqui é uma discussão que estou muito atrasado para comentar. Eu já estava atrasado quando falei dela no meu Twitter. Mas como Resident Evil estará em alta por conta do remake desnecessário de Resident Evil 4 eu achei uma boa se aproveitar do tópico.

Eu lembro vagamente dessa discussão aparecer quando foi anunciado o novo filme de Resident Evil que será o Death Island. Eu tenho um interesse negativo para os filmes da franquia dado o passado distante e recente. Por isso não liguei muito para o anúncio e menos ainda para o discurso em volta. Foi somente semanas depois que eu me atentei a um caso por causa do Reddit.

No sub do r/gamesEcultura, alguém abriu uma discussão se a gente achava que em algum momento a Capcom iria aposentar os seus personagens clássicos de Resident Evil como Leon, Jill, Chris, Ada, Claire e por aí vai. A opinião majoritária foi que não e teve alguns comentários já imaginando um REboot. No meu caso, evidentemente, também duvido muito que um dia ela fará isso. Afinal, muito da personalidade da franquia se moldou ao redor desses personagens. Seria impossível para os fãs mais emocionados, talvez até os menos também, se desvincular deles. Até mesmo nessa nova leva da linha principal a Capcom arranjou um jeito de enfiar um personagem clássico e, no geral, as outras mídias relacionadas a franquia se apoiam neles.

Mas voltando a postagem, o que motivou a pessoa a fazer aquela pergunta é o fator da idade. Levando em consideração o último jogo da linha principal, Resident Evil Village, o ano é 2021. Ou seja, 23 anos depois dos eventos da Mansão Spencer e Raccoon City que são as pedras fundamentais da história da franquia. Nesse período, a maior parte dos personagens clássicos já está com seus 40 e tantos anos indo para os 50. Sabemos que existe que video games por natureza nos permitem dobrar um pouco mais a lógica em favor da jogabilidade que nos leva até um pouco mais de suspensão de descrença nessa mídia.

Entretanto tudo tem seu limite!

A gente já tem passado por uma onda de remakes na franquia. A ponto que já tem gente considerando um remake do Resident Evil 5 & 6. Até remake do remake de 2002 (que aliás já foi tema de um artigo aqui) eu já vi fã pedir. Mas eu acho que iremos além disso. Eu acho que a Capcom será obrigada a apertar o botão de REboot – e eu vou escrever com trocadilho sim – em algum momento!


Antes de dar sequência, vou fazer um breve desvio para explicar a diferença entre remake e reboot. Se você já compreende isso, pode pular essa parte.

Remake, de maneira simplificada, é uma reconstrução de uma obra original aproveitando muito das suas ideias, sejam a localidade, personagens, tramas e, no caso dos jogos, até mesmos mecânicas. Reboot, por sua vez, é um recomeço – ou um reset – de uma continuidade de uma série a fim de levá-la para outro caminho, ainda podendo aproveitar algumas ideias, cenários e principalmente os personagens.

Para exemplificar, vou usar a franquia de Castlevania que tem ambas ocorrências. O Super Castlevania IV, lançado para o Super Nintendo, é na verdade um remake do primeiro Castlevania lançado em 1986 reimaginando as fases e adicionando mais mecânicas que as novas tecnologias do Super Nintendo permitiam executar. Já o Castlevania: Lords of Shadow, que é dito por se passar numa realidade alternativa, é obviamente um reboot que apaga toda a continuidade da linha do tempo que havia sido construída até então e tenta levar a franquia por outro caminho. E que infelizmente não funcionou e matou Castlevania de vez.

Tudo certo então? De volta ao texto!


Uma coisa que chamou atenção do público no teaser de Death Island foi não somente a aparição da Jill, mas também a sua aparência. O filme se passa em 2015 onde a personagem já estaria com seus 41 anos, porém ela está com a mesma cara de seus 20 e tantos anos. Não somos inocentes para não perceber que existe um motivo claro pra isso. A Capcom só está se aproveitando do novo modelo da personagem que foi utilizado no remake de Resident Evil 3 que ainda está fresco no imaginário popular. E como ela não é boba, o perfil oficial de Resident Evil já lançou uma justificativa para tal dizendo que pelo fato da Jill ter sido infectada pelo T-Virus nos eventos do 3, ela sofreu alguns efeitos colateirais. Sendo um deles o conveniente envelhecimento mais lento.

Obviamente é só uma desculpinha para não ter que remodelar a personagem a colocando na mesma idade dos seus companheiros Chris e Leon no filme, respectivamente 42 e 38. Mas acho que podemos ir além disso e observar onde a Capcom situa esses títulos. Os filmes e séries sempre acontecem num período bem anterior a sua produção. Degeneration, por exemplo, é de 2008 porém a história se passa em 2005. Suas sequências, o Damnation (2012) e o Vendetta (2017), se passam respectivamente em 2011 e 2014. O Death Island vai sair agora em 2023, mas a história se situa oito anos antes. Infinite Darkness, aquela série da Netflix, é uma das maiores distâncias, sendo lançado em 2021 com a história se passando em 2006.

Notem que toda mídia tende a se situar quase sempre num período anterior ao seu lançamento. Eu não acho que isso é só uma escolha para encaixar melhor na linha do tempo da franquia, mas sim para não ter que envelhecer muito os personagens e assim poder utilizá-los.

Resident Evil tem um detalhe que não dá para desviar que são as datas dos seus eventos. A gente sabe que os casos da Mansão Spencer e Raccoon City aconteceram em 1998 do universo do jogo. A história de Leon no resgate da filha do presidente é de 2004. Resident Evil 5 se passa em 2006, Resident Evil 6 em 2012. Portanto, não tem como desconsiderar a idade dos personagens quando a gente tem todos esses marcos temporais e vai ficar cada vez mais complicado utilizar o Leon, o Chris ou a Jill (a Claire eles já não usam mesmo sendo que ela virou figurante até mesmo na série que ela deveria ser co-protagonista) num contexto mais recente.

É por isso que eu acho REboot vai vir em algum momento. HQs passam por reboots sucessivos a todo momento, então não seria nada estranho se os vídeo games, que também possuem franquias de longa data, começassem a fazê-lo para reorganizar suas linhas do tempo. Resident Evil é a cobaia perfeita, afinal ela já que daqui a 3 anos ela vai trintar e tem uma linha do tempo definida com jogos que ainda se mantém muito lucrativos.

Se eu fosse chutar, diria que esse REboot chegará no 10° título da linha principal. E depois disso não me surpreenderia se os jogos passassem a ser serializados como Resident Evil X-1, X-2, X-3 e por aí vai. Combinaria até com uma outra franquia da Capcom, não sei se vocês conhecem afinal ela não é muito popular, chamada Mega Man que teve diferentes outras séries no seu ciclo de vida. E tem até algo interessante a se notar em Mega Man que é como a Capcom configurou as séries para não ficarem dependentes dos anos. Todas as linhas do tempo não tem uma definição clara. Por exemplo, o Mega Man clássico se passa em 20XX, o Mega Man X em 21XX e o Mega Man Zero em 22XX.

Desse jeito tu consegue pular uns 10 anos para frente e para trás sem qualquer problema. Na real, você não precisa nem pensar em tempo nesses casos.

Não sei se um eventual REboot teria essa ideia de deixar um XX na sua linha temporal. Mas para mim é seguro imaginar que, alguma hora, a Capcom moverá as origens da série para os anos de 2010 e, quem sabe, até 2020 por conta do período pós-pandemia que vivemos até hoje. No título deixei como uma interrogação, mas eu trato como uma afirmação. O REboot está próximo, tenho certeza que está. Diria que é mais inevitável do que o futuro remake do remake. Até porque ninguém vai se convencer que o Leon consegue meter essa aqui depois dos quarenta!

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