Não esperava fazer um novo texto para o Belmonteiro’s Log tão cedo, mas aconteceu um evento recente que eu preciso registrar. Para varia um pouco – de verdade – dessa vez é numa nota positiva.
Num sei ao certo quando isso começou. Chuto que foi em algum momento entre janeiro e fevereiro. Bom, de qualquer forma, há um tempo notei que estava lentamente perdendo a vontade de jogar. Primeiro eu achei que era algo apenas momentâneo porque eu estava na minha luta contra um RPG ocidental que foi tema de outra postagem. Contudo esse sentimento (ou falta dele) se repetiu quando comecei a jogar Digital Devil Story: Megami Tensei.
Baixei o original do Nintendinho por conta daquele comparativo de jogabilidade entre ele, Pokémon, Dragon Quest e Digimon que eu planejava fazer. O Megami Tensei era o único da lista que eu ainda não tinha jogado e queria ter a experiência da sua jogabilidade na prática em vez de apenas ler sobre na internet. Foi aí que eu reparei que estava acontecendo algo parecido com Divinity: Original Sin. Eu iniciava o jogo, ficava em torno de 30 minutos até 1 hora e então desligava. Às vezes até menos!
Inclusive em Divinity o caso era e continua sendo mais grave. Sigo na mesma situação do meu primeiro log de não ser capaz de avançar além da primeira cidade. Nas últimas semanas tudo que fiz nele foi lutar contra aqueles orcs do começo e concluir a side quest de apagar um barco pegando fogo que aparece logo em seguida. Terminada a quest eu fechei o jogo e não voltei a ele desde então.
Óbvio que isso não é um problema de verdade. Reluto até usar a palavra ‘problema’ nesse contexto, é mais um contratempo pelo qual estou passando. Uma preocupação seria o termo mais adequado porque eu infelizmente frequento o Reddit…
… tá, eu explico!
Direto, no sub que eu participo, esbarro com algum relato de alguém de mais ou menos a minha idade, às vezes mais novo, às vezes mais velho, comentando como tem ficado sem vontade de jogar. Temos que levar em conta que tem o lado “vida adulta” da questão. Quando a vida corporativa se inicia o tempo passar a ser um recurso ainda mais limitado. Você se divide em trabalho, família, tarefas domésticas e outros afazeres. O tempo que sobra dá para dedicar a um joguinho se não tiver algo que você queria assistir.
Porém notem que eu não falei que essas pessoas estão sem tempo de jogos e sim sem vontade. Embora eu ache que essas coisas do tipo “síndrome de PC gamer” são mais frescura ou preguiça de ir atrás de novos jogos – e não jogos novos – não tem como descartar a validade de alguns desses relatos. Portanto comecei a considerar esse aparente desânimo com vídeo game tinha enfim me encontrado.
O Digital Devil Story pesou mais para essa conclusão porque era bem evidente para mim o quanto eu estava me obrigando a jogá-lo. As poucas vezes em que passei mais de uma hora nele não foi porque eu estava me divertindo, era porque queria terminá-lo logo. “Poxa, mas por que você não dropou o jogo se tava achando, Belmonteiro?”. Aí que tá, eu não acho esse Megami Tensei ruim. É um estilo de gameplay bem específico para um nicho que curte dungeon crawlers, ainda mais o desse período entre anos 80 e 90. Porém as minhas razões para jogá-lo não eram sobre diversão, eram mais “arqueológicas”. O problema era de não conseguir me concentrar pra jogar mais do que uns minutos sem desligar o emulador e ir fazer uma coisa. Chegou um ponto que eu comecei a assistir filme mudo em vez de continuar a jogar!
Mas então tudo mudou quando algo entrou na minha vida: Dodgeball Academia!
Numa explicação rápida de poucas linhas: é um RPG de ação indie brasileiro em que as batalhas consistem em partidas de queimada. Só isso que você precisa saber no momento. Não vou entrar em maiores detalhes porque devo fazer um texto para ele no futuro.
O jogo foi um presente de Natal do meu amigo e um dos que eu coloquei na minha lista de jogar durante esse primeiro trimestre de 2024. Como praticamente todo jogo que eu pego eventualmente para testar, eu não sabia muito dele além do seu conceito. Então quando eu instalei Dodgeball Academia, um tempinho depois de terminar minha jornada com Digital Devil Story, eu não tinha qualquer expectativa do que seria aquela experiência. Tanto que quando eu decidi abrir o jogo para “ver qualé que é” eu o fiz de maneira descompromissada às 22:30 de uma noite de quarta. Quando dei por mim já tinha passado da meia-noite!
Eu fiquei mais de duas horas direto jogando Dodgeball Academia fazendo uma única pausa pra ir pegar água. Eu nem vi o tempo passar e concluí os dos primeiros capítulos numa tacada só. Isso se manteve ao longo dos próximos dias em que o joguei initerruptamente. Por que não falar ‘sem parar’, né? Até mesmo nas horas mais frustrantes eu não largava do jogo como quando eu devo ter ficado quase que mais duas horas tentando passar daquele maldito torneio de queimada ilegal nos esgotos. Para usar uma palavra que gamer adora e eu detesto: eu estava complementa IMERSO no universo e na jogabilidade de Dodgeball Academia. Fiquei tão engajado na gameplay que até tive meu episódio de “depressão pré-capítulo final” que acontece quando eu sinto que uma história está chegando ao seu fim e terei que me despedir dela.
Já cantei a pedra que esse será provavelmente o meu jogo favorito do ano. O entusiasmo que eu fiquei com Dodgeball Academia superou até o de pegar outros jogos que já eram queridinhos meus. Ele reacendeu essa chama de ter prazer no ato de jogar, tanto que no processo de escrever esse pequeno texto eu iniciei e zerei Alien: Infestation. E não somente jogos, Dodgeball Academia foi capaz de reacender outra chama, porque o espírito de “shounenzão de porrada” me fez relembrar dos meus tempos de adolescentes quando comecei a assistir animês além do que passava na TV aberta na época. Provavelmente devo voltar a ver Gundam assim que encerrar minha série do Satoshi Kon.
Então eu não tenho muito a fazer aqui além de agradecer ao Ivan Freire pela sua criação que me relembrou como – ao contrário do que eu falo no Twitter – eu ainda gosto muito de vídeo games. Novamente obrigado, Dodgeball Academia!
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