Em três dias tivemos três demissões em massa na indústria gamer e isso não é nada normal
Apesar do meme o papo é sério!

26 de fevereiro de 2024. Empresa britânica Supermassive Games, desenvolvedora de títulos como Until Dawn, The Dark Pictures Anthology e The Quarry anuncia que demitirá 90 dos seus funcionários. Isso equivale a um terço do empresa.

27 de fevereiro de 2024. O conglomerado multinacional Sony, desenvolvedora do centenas de jogos e um dos grandes consoles de todos os tempos, anuncia que irá demitir por volta de 8% dos seus funcionários da divisão do PlayStation. São 900 pessoas ao todo.

28 de fevereiro de 2024. Não mais que umas horas atrás. Sai a notícia que empresa americana Eletronic Arts, vulgo EA, dona de franquias como The Sims, FIFA, Medal of Honor, Mass Effect, Star Wars: Battlefront e outras, diz que mandará embora mais ou menos de 670 funcionários. Algo que dá em torno de 5% dos seus trabalhadores.

Três dias. Três empresas diferentes. Três demissões. E quase 1.700 pessoas que ficaram sem trabalho desde o início da semana!

Eu não costumo falar da indústria dos vídeo games por aqui. Primeiro porque eu não acompanho-a de perto, meu interesse se concentra mais na relação entre a comunidade e os jogos do que anda acontecendo no ambiente corporativo. De vez em quando até que surge um assunto que intersecciona todos esses campos e aí eu me sinto mais confortável de emitir uma opinião. Na maioria dos casos eu fico de fora porque realmente não tenho ou então não sei o que falar. Contudo, até mesmo para alguém como eu que está quase totalmente que alheio as movimentações do mercado, é impossível de não reparar nessa sequência de demissões em massa que vem ocorrendo regularmente nessa indústria não-vital.

Acredito que isso ficou aparente para todo mundo no ano anterior, inclusive foi um grande foco da mídia gamer. Um site vem registrando todas essas demissões e, segundo os dados levantados, já foram cerca de 10.500 pessoas demitidas ao longo do ano. Mas sabe o que é pior? Algo que só fiquei sabendo agora ao entrar nesse site é que 2022 não esteve tão longe desses números. Foram 8.500 demissões, ou seja, quase 20 mil pessoas perderam seus empregos na indústria em dois anos. Mas sabe o que é pior que o pior? O primeiro trimestre de 2024 nem mesmo acabou e já alcançamos 74% das demissões do último ano. É uma real possibilidade que passaremos desse número antes do fim de abril. Talvez antes do fim de março!

O Felipe Demartini, repórter do Canaltech e quem involuntariamente me deu o bizu do site acima, fez uma matéria há poucos dias comentando sobre essas demissões em massa que ocorreram em 2023. O Felipe também pontuou algum dos possíveis motivos para essa “tendência” portanto recomendo a leitura. Um detalhe é que quando ele lançou seu artigo a contagem desse ano já estava em torno dos 6.500 funcionários mandados embora.

Demissões em massa são um enorme problema porque a vida não é um jogo de soma zero. Quase 30 mil demissões em três anos não significa que 30 mil vagas foram abertas no mercado. Não significa também que esses 30 mil desempregados conseguiram se realocar em alguma outra empresas e nem mesmo que irão conseguir no futuro próximo. Alguns, óbvio, que já devem ter conseguido se reestabelecer. Por outro lado, muitos ali vão ter que buscar algo fora da sua área de atuação. E ainda é possível que alguns dos primeiros demitidos estejam a procura de um emprego até hoje. Demora para nos recuperarmos de uma demissão massiva assim e pelo visto isso não vai parar tão cedo.

Temos que levar em consideração uma putra coisa, porque nesses três dias não foi apenas um, mas sim dois estúdios grandes fazendo demissões em massa. E se quisermos por janeiro na conta dá para citar a Eidos Montreal, a Activision Blizzard e a Riot Games. Só aí são mais 2.500 pessoas que precisaram atualizar seus currículos e perfis do LinkedIn. E sabe o que é o pior do que pior do pior? Aqui a gente está pensando apenas nas desenvolvedoras e publishers, mas imagina um outro setor dessa indústria que vive com problemas de recursos financeiros? Vocês sabem de quem eu tô falando: o jornalismo gamer. Aquele que pouco tempo atrás tinha veículo tendo que devolver seus consoles para a Xbox só por comentarem sobre o aumento do preço? Se nem uma PlayStation Studios está conseguindo manter o seu pessoal, o que pensar de umas IGN da vida?

A verdade é que eu não sei. Não faço ideia do que pensar nesse momento. Tudo que passa na minha cabeça agora é que tivemos três demissões em massa consecutivas num espaço de três dias… E ainda é quarta-feira!

EDIT 29/02/2024: agora a 505 Games vai fechar escritórios em três países diferentes, despedindo umas dez pessoas. Não é um número tão grande quanto as outras demissões, mas a quinta-feira mal começou.


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