Estou testando uma ideia de criar um quadro publicar textos curtos com cerca de 7-8 minutos de leitura no máximo. O motivo disso é que tem muita coisa que eu gostaria de falar aqui, porém não tão descritivamente como, sei lá, meu ensaio sobre Contos do Dia das Bruxas. Então pelos próximos dias irei postar uns 3 ou 4 pequenos textos de mídias de rápido consumo e ver se vale a pena manter o formato no futuro.


Pequena introdução de Turnip Boy Commits Tax Evasion
Isso para mim que é power fantasy

Como o nome já deixa evidente, Turnip Boy Commits Tax Evasion é um jogo que vai apostar bastante no humor.

O design fofinho dos personagens, que poderiam facilmente ser parte de um desenho infantil matinal, nos leva a crer que ele está mirando num público jovem. Bom, de fato está, porém não TÃO jovem assim. O humor autoconsciente e o sarcasmo especial que encontramos no texto vai atingir os mais velhos. Mas, novamente, não TÃO velhos assim. Isto pois ele reproduz um senso de humor que é bem típico do público interneteiro. Inclusive com referências diretas! O próprio título do jogo já é uma menção a um meme do Yoshi de sete anos. Corre o risco de um pessoal ficar alienado com esse comédia peculiar? Com certeza! Mas eu diria que o tipo de pessoa que tem interesse em jogar algo chamado Turnip Boy Commits Tax Evasion é exatamente quem está por dentro dessa cultura.

Por outro lado a gameplay não é de agora, ela vem de umas décadas atrás então ainda existem outras formas de se conectar ao público mais velho. Nos primeiros minutos você se sente numa espécie de versão light de algum The Legend of Zelda. Sobretudo se você for um daqueles que dedicou boas horas de vida em A Link to the Past.

Só que essa é uma sensação transmitida muito mais pela estética uma vez que a jogabilidade não dá a mesma ênfase na exploração do que um “Zelda-like. Não existem muitos mistérios para serem descobertos a não ser o da origem do universo do jogo. A trama é direta tal como a gameplay. Você controla um jovem nabo que iremos chamar aqui de Nabinho. Ele é um inveterado sonegador de impostos – quem nunca? – incumbido de algumas tarefas pelo Prefeito Cebola para reaver sua estufa. Durante sua aventura, nosso pequeno nabo também ajuda Annie, uma abacate exploradora, a revelar as origens daquela sociedade hortifrutista.

Aqui a progressão é totalmente linear com o jogo te apontando sempre para onde você deve ir para concluir sua atual missão. É um roteiro bem restrito então não vá com a cabeça de que você vai poder sair explorando tudo como lhe der na telha. Não há essa liberdade e também não existe muito o que se fazer além daquilo que o jogo te exige. Até existem uma meia-dúzia de side quests, mas elas servem mais para entregar punchlines do que itens que possam te ajudar na sua jornada. Pelo menos algumas vezes você ganha um chapéuzinho muito chique também!

O tom mais jocoso com que escrevo sobre o Turnip Boy Commits Tax Evasion é para refletir o próprio tom do jogo. Boa parte do tempo ele não se leva a sério, ainda que existam pitadas dramáticas sem perder a irreverência do Nabinho. Porque esse é um outro detalhe importante que por mais que ele seja um fofíssimo nabo, no seu âmago ele não deixa de ser um tremendo filho da puta!

Um monstro desse merece perdão?

Claro que o Prefeito Cebola não é nenhuma flor que se cheire e pouco a pouco fica evidente o sistema corrupto no qual essa sociedade vive. Mas não muda o fato que o “anti-heroísmo” de Nabinho flerta com uma vilania cômica. Esse lado mais sombrio do personagem faz um paralelo com o universo do jogo, que se mostra algo um pouquinho, só um pouquinho, mais terrível do que legumes e frutas sencientes. Isso é algo que serve como uma boa surpresa no jogo, porque a princípio você ache que é apenas uma aventura cômica para fugir de pagar seus impostos. E quando você menos espera o tema de guerra nuclear cai como uma… bomba nessa história nas dungeons seguintes.

Ah sim, existe um elemento de dungeon crawling em Turnip Boy Commits Tax Evasion, mas como vocês já devem imaginar ele também é bem light. São dungeons curtas e com poucos puzzles a serem resolvidos. Também não tempos um bestiário muito extenso de inimigos e menos ainda chefões, o que faz a ação ser um tanto repetitiva. Eu não acho isso ruim porque a duração do jogo se torna um benefício nesse quesito. Você consegue iniciar depois do café da manhã e termina com tempo de sobra para preparar o almoço. Assim não há muito espaço para o jogo se tornar monótono pois logo você já avançou para a parte final da história. Até mesmo a última dungeon não deve tomar mais do que 5-10 minutos do seu tempo, se você pausar pra tomar uma água.

Acho que a única critica real que cabe aqui é que o jogo poderia ter colocado alguma criatividade nas lutas contra os chefões. Essas realmente chegam a decepcionar de ser um tanto básicas. As últimas tem até seu charme, porém as outras mais parecem um inimigo comum com muita vida. Depois disso jogadores que gostam de um desafio a mais – que no geral o jogo não tem – podem até encarar uma dungeon extra. Ela tem uma pegada mais roguelite, porém não vai lhe dar qualquer coisa mais relevante desse universo que não seja mais umas horinhas de diversão.

Enfim, Turnip Boy Commits Tax Evasion bem curtinho e bem agradável. Se você é daqueles que não aguenta mais desprender dezenas de horas num mundo muito extenso, a linearidade dele pode te agradar. Humor é subjetivo, mas pra mim a comédia do jogo foi bem eficiente. A jogabilidade não tem nada particularmente impressionante, ela apenas serve ao seu propósito. E, em termos de escapismo, quem não gostaria de poder fugir dos impostos, né?


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