Não é novidade nenhuma a relação de cão e gato que a veículos de comunicação e gamers tem um com o outro. Jornalistas e jogadores serão inimigos naturais até o fim dos tempos. E um dos que mais atraí o ódio coletivo dos gamers é a IGN. O site existe desde meados da década de 90 e se mantém ativo e relevante – quer você goste dessa afirmação ou não – até hoje. A partir dos anos de 2010, o site passou a se expandir para uma franquia, lançando edições que hoje somam 28 ao todo. A versão brasileira, por exemplo, existe desde 2015.
Apesar de cobrir também cinema, televisão e outras mídias, o foco da franquia permanece nos vídeo games. Mesmo depois de toda a infâmia que a marca ganhou ao longo dos anos com esse público. Tem uma piada que eu ouvi bastante tempo atrás num meme gringo e que felizmente dá pra traduzir para português sem perder o sentido: “não dá para soletrar ignorância sem IGN”. Tendo graça ou não, o mais importante é que essa anedota serve pra representar o que o público médio gamer sente a respeito da IGN.
Eu sinceramente não sinto esse ódio tão passional pela IGN, mas também não nutro amores por ela. O que me ajuda a não fomentar toda essa raiva pelo site que outros jogadores sentem é o fato de eu também não ser um grande fã dos gamers. Como já deixei explícito aqui e aqui também. Não significa que eu não tenha as minhas rusgas com a IGN de vez em quando. Até porque é o típico veículo comercial que eu tô cada vez desprezando. Desprezo é diferente de ódio, tá?
Mais recentemente eu tive uma oportunidade de dar uma cutucada no site quando o seguinte short passou pela minha linha do tempo:
EDIT: Como eu imaginava que iria acontecer, a IGN deletou horas depois dela viralizar. Postaram esse short originalmente no canal do YouTube, mas também deletaram lá. Felizmente alguém baixou antes!
O short é do dia 6, mas hoje tem ganhado mais tração com pessoas retweetando com mais frequência nas últimas horas. Antes disso, a IGN já tinha publicado o mesmo no seu canal de YouTube no dia 1 maio. Sem contar que o tema desse short é só uma adaptação no formato de um podcast falso de um artigo do final de janeiro. E se isso está aparecendo no BO da Semana é óbvio que não deu em boa coisa.
O pessoal está focando muito no que um dos caras do vídeo fala sobre a pontuação das reviews de jogos da IGN. Dava para esperar que essa parte iria desagradar mais o público porque grande parte das polêmicas entre gamers e o site é em relação as reviews. Outros estão comentando sobre algo que dito pelo mesmo cara a respeito de como a IGN decide quais jogos ela vai analisar.
Como são lançados ao todo milhares de jogos por ano, levando em conta o mercado indie, não tem como o site cobrir tudo. Por isso eles decidem reservar a atenção para jogos mais populares com base em fatores como: visualizações nos trailers, se é tendência no Google, se tem muitos jogadores na Steam e por aí vai.
E assim, vou dizer uma coisa pra vocês, a IGN não está errada nesse aspecto!
Do ponto de vista empresarial, é inviável para o site tentar cobrir todo tipo de jogo lançada. Ainda mais se você olhar a fundo o tipo de bizarrice que aparece na Steam todo dia. Precisariam contratar muitas pessoas para poder analisar tantos jogos, aumentando muito os custos e provavelmente sem o retorno necessário para custear nos novos funcionários. Logo, é óbvio que eles vão se focar naquilo que é mais seguro de trazer resultados para o site.
O problema é que não foi só isso que o cara falou! Quem quer que tenha escrito o roteiro para o short, e também é óbvio que aquele vídeo foi roteirizado, decidiu colocar uma fala imbecil bem no final dele:
Se você nunca ouviu falar do jogo, provavelmente não o avaliaríamos e provavelmente ele não é tão bom assim
Os caras às vezes parecem que querem ser xingados, né?
Existe uma enorme diferença entre ter um filtro para decidir quais jogos analisar, com base no potencial retorno de visualização e cliques que podem trazer, e falar que se eles ignoram o jogo é porque ele provavelmente não era bom. Isso é insultante, principalmente com os desenvolvedores indie que matariam para ter uma migalha de publicidade para seus jogos.
Achar que um jogo bom eventualmente ficará conhecido é, no melhor dos casos, inocência ou, no pior, pura canalhice. Qualidade pouco tem a ver com a popularidade de um título, o marketing desempenha um papel muito importante nesse quesito.
Brok: The InvestiGator, Mayhem Brawler e The friends of Ringo Ishikawa são todos bons jogos indie, nenhum recebeu uma review sequer da IGN americana, que tem uma recepção bem positiva na Steam – embora eu não considere isso uma métrica muito boa – e mesmo assim não são tão conhecidos. Por não poderem investir tanto em publicidade, eles ficam muito presos a pequenas bolhas gamers e nem todos tem a sorte de um dia conseguir furá-la se tornando um mega hit feito Undertale ou Stardew Valley que tem comunidades gigantescas hoje.
É muito babaca querer dizer que esses jogos não são tão bons assim por uma métrica tão superficial que é a popularidade, algo que você consegue facilmente manipular com um marketing competente. Então, para concluir, obrigado por dar razão aos memes, IGN. Você faz por onde!
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