Todo ano eu tento dar mais atenção a um gênero específico. Por exemplo, em 2020 – ou 2021, a memória me falha no momento – me dediquei a metroidvanias. No caso do ano passado eu decidi jogar um pouco mais de RPGs. E para 2023 eu escolhi beat’em up. Já mencionei aqui que esse foi um gênero que eu meio que abandonei depois da infância/pré-adolescência. Só uns dois anos atrás que voltei a me reconectar com ele jogando o clássico Streets of Rage, The King of Dragons e também um fangame de Caverna do Dragão. Logo depois um amigo me recomendou o indie Fight ‘N Rage e eu comecei a pensar que talvez eu gostasse de beat’em ups.

Desse modo, nesses últimos anos fui indo de clássicos como Captain Commando e Final Fight – que eu zerei tem acho que dois dias, haha – até títulos mais recentes como Brok: The InvestiGator e The Friends of Ringo Ishikawa. Agora no começo do ano eu tive a grata experiência de conhecer mais um ótimo jogo indie. Tal como Fight ‘N Rage, ele me mostrou que ainda dá para reviver as experiências dos anos 80 e 90 com um bom beat’em up side scroller que consegue revigorar o gênero com uma energia nova: Mayhem Brawler.

Tela inicial de Mayhem Brawler
É hora do pau!

O jogo foi me apresentado (e presenteado) pelo meu amigo Savino, criador do canal The Flying Kick, que atualmente é minha ponte com o gênero. Como vocês puderam notar, eu não tenho tanto repertório assim na arte do briga de rua que não vá além do mainstream. Contudo, eu gostaria de dividir minha opinião sobre o que achei dessa pequena aventura entre gangues, vampiros e lobisomens. É, vocês me ouviram direito!

UMA FANTÁSTICA BRIGA DE RUA. LITERALMENTE!

Trouble encontrando Nosferatu
Chama o Blade!

Os jogos de beat’em up são orientados pela jogabilidade então um bom combate é essencial. Só que no caso de Mayhem Brawler eu me atrai por outra característica dele. O que me pegou de verdade foi a “persona” de jogo.

Mesmo que você não seja muito versado no gênero é de conhecimento popular que cenários urbanos são os mais comuns para os beat’em ups. Isso aí já vem lá dos tempos de Renegade. Naturalmente, Mayhem Brawler replica essa mesma ambientação. Todavia ele acrescenta um ingrediente extra nessa mistura. O jogo se passa dentro de um universo de fantasia urbana, um sub-gênero da fantasia que mescla os elementos fantásticos dentro de um contexto contemporâneo tipicamente urbano. Um dos seus principais temas são os conflitos entre classes, raças e as autoridades locais. Ou seja, um terreno fértil para um beat’em up.

A história segue um grupo de três policias super-humanos, Trouble, Dolphin e Star. Depois de responder um simples chamado, os três são levados a uma sequência de eventos que ameaça o futuro da cidade. É uma trama simples e direta que é o que você espera de um beat’em up, correto? Mas aí que jogo adiciona mais um ingrediente. Mayhem Brawler utiliza uma estética de história em quadrinhos na sua narrativa com aquela energia de massaveio maravilhosa. Dessa forma, cada fase é retratada como se fosse um capítulo de uma HQ. Além de funcionar simbioticamente com ambientação de fantasia urbana, isso cria de fato um universo mais instigante para o jogador se inserir.

A estética de quadrinhos vista em Mayhem Brawler
Nem MCU, nem DC. Me deem o Mayhem Brawlerverso!

Por fim, outro aspecto positivo dessa pegada de quadrinhos é que os desenvolvedores de Mayhem Brawler se colocaram numa posição criativa muito confortável para o futuro. Dessa forma, se houver uma sequência um dia, ela pode caminhar tanto para frente quanto para trás com esses protagonistas. Ou até mesmo com novos personagens, quem sabe? Também vale destacar que o gênero de fantasia urbana abre um leque maior de possibilidades para inimigos que eles podem explorar numa sequência.

SOCOS, CHUTES E TELECINESE

Star enfrentando a She Wolf
Por que choras, Jean Grey?

Pois bem, a jogabilidade de Mayhem Brawler é muito boa!

Então é isso, pessoal! Obrigado por lerem meu texto!

Ok, falando sério agora. Acontece que eu não tenho muito para onde ir aqui nesse tópico. Primeiro porque Mayhem Brawler não tenta reinventar a roda do beat’em up. E segundo, sinceramente, não vejo motivos para qualquer título tentar fazê-lo. Não é que eu ache que não exista novos caminhos a serem explorados no gênero. Apenas eu simplesmente não espero qualquer jogabilidade revolucionária ao pegar um beat’em up. Tudo que eu quero é apenas uma boa execução dos seus fundamentos e nesse aspecto Mayhem Brawler manda muito bem.

Você tem todos aqueles arquétipos dos beat’em ups que dão mais diversidade ao seus personagens sem se limitar somente a um design diferente. O Trouble é o personagem mais balanceado ideal para os novatos utilizarem. Por outro lado, Dolphin é o típico brutamontes que compensa a sua falta de velocidade com força física. Por fim, a Star é a personagem ágil para aqueles que adoram fazer acrobacias.

Dolphin enfrentando zumbis
Aproveito para dizer que o Dolphin é o melhor personagem

Socos, investidas, bloqueio, contra-ataque, armas brancas e de fogo, agarrar e lançar inimigos, golpes especiais. Você tem tudo isso no combate de Mayhem Brawler. Mas não existe nenhuma inovação, só aquilo que você precisa de mais essencial. Não peguei nenhum problema de hitbox, os controles são responsivos, as animações são bem feitas e a dificuldade é bem ajustada até para pessoas carentes de coordenação motora como eu.

O que podemos pontuar que Mayhem Brawler faz um pouco diferente, e mesmo assim não é nenhuma novidade também, é dividir a história em múltiplos caminhos que levam o jogador a três finais distintos. Sendo assim ele consegue agregar mais valor de replay a sua gameplay. Além de dar mais variedade nos cenários e inimigos que você pode encontrar também.

Uma das rotas de Mayhem Brawler
Nunca deixem de ler os tweets

Vou me reservar ao direito de não comentar sobre os gráficos porque as screenshots do texto falam por si. O que gostaria de comentar por último é como fico grato que até mesmo um pequeno estúdio indie se prestou a localizar Mayhem Brawler para português e outras línguas, mesmo que esse tipo de jogo não requer que você entenda a história para se divertir. Isso mostra um compromisso legítimo em alcançar mais pessoas que é algo que o beat’em up precisa muito para continuar sobrevivendo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS BREVÍSSIMAS

Enfim, comparando com o tamanho médio dos meus textos esse até que foi bem rápido. Em suma, eu não acho que há muito que se discutir sobre Mayhem Brawler. É um beat’em up da velha-guarda revigorado, com uma jogabilidade precisa e eficiente e que esbanja muita personalidade na sua estética e ambientação. Espero muito que no futuro possamos ver uma sequência e que um dia ele consiga ser uma referência moderna para um gênero que mesmo que tenha entrado em declínio, não deixa de lutar até hoje.


Opa, espera que tem mais! Aproveitando que a a crítica já acabou, queria recomendar outro vídeo do Savino no qual ele entrevista o criador de Mayhem Brawler, Serkan Özay, do estúdio turco Hero Concept. Tem legendas em português e como esse é um pequeno estúdio indie eu acho que todo ajuda, por mais pequena que seja, apresentá-los para o mundo:


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