O ano se aproxima do seu fim então está na hora da Jogospectiva 2024!
Caso você seja novo aqui no Backlogger, Jogospectiva é uma lista que eu publico anualmente em dezembro. Nela eu separo alguns dos títulos que eu mais gostei de jogar no ano e faço alguns comentários rápidos. Contudo que fique claro, essa não é uma lista com jogos que foram lançados nesse período. Dificilmente eu jogo lançamentos e esse é um hábito que venho mantando há muito tempo.
Pois bem, como eu tenho dificuldade de escolher, a lista sempre fica grande e a Jogospectiva 2024 não foi diferente, Dessa vez, selecionei 20 jogos e, assim como no ano passado, a maioria deles é de PC. Corre o risco de que ano que vem isso aconteça de novo. Continuo focando na minha biblioteca da Steam que todo mês cresce um pouco mais. Contudo gostaria de assegurá-los que eu não me tornei um PC gamer, independente do que as más-línguas possam dizer! Quero voltar a emular algumas coisinhas porque preciso tomar vergonha na cara para zerar Chrono Cross e The Legend of Zelda: Ocarina of Time que eu adiei mais um ano. Também tem alguns títulos que gostaria de revisitar, mas isso fica pra outro dia (e texto).
Os mesmos critérios de sempre seguem valendo. A lista está por ordem de quando zerei cada jogo, não inclui aqueles que eu já tinha terminado no passado e limitei a apenas um candidato por franquia. Essa última foi bem fácil de cumprir porque joguei pouquíssimas sequências esse ano. Também vou deixar uma mensagem pessoal ao fim do texto se alguém tiver interesse. Agora, sem mais delongas, para a Jogospectiva 2024!
1. THIMBLEWEED PARK – AVENTURA POINT-AND-CLICK – 2017
Começando muito bem a Jogospectiva 2024. A primeira crítica que publiquei no blog foi sobre Return to Monkey Island porque sou um grande fã dos jogos de Monkey Island. A mente responsável pela criação da franquia foi Ron Gilbert, na época que trabalhava para a LucasArts. Depois de sair da empresa, Gilbert trabalhou em vários projetos próprios, sendo um deles Thimbleweed Park, uma colaboração com seu amigo e ex-colega de trabalho, Gary Winnick.
O jogo resgata a jogabilidade dos primeiros jogos em que os dois trabalharam na LucasArts, em especial Maniac Mansion que inspirou a mecânica do uso de múltiplos personagens para resolução dos puzzles. Em Thimbleweed Park você controla cinco personagens diferentes – os dois agentes do FBI, Angela Ray e Antonio Reyes, o palhaço Ransom, Delores Edmund e seu pai Franklin – que acabam se unindo para investigar um assassinato e os mistérios que circundam a cidade homônima.
Não preciso entrar em maiores detalhes da jogabilidade, quem conheceu os jogos da LucasArts sabe o que os espera. Thimbleweed Park é um jogo muitíssimo bem humorado e mostra como o Gilbert evoluiu no desenvolvimento de jogos de aventura. Não vai decepcionar fãs de longa data, a não ser talvez pelo final que não chegou a agradar muitas pessoas. Eu não sou nenhuma delas, inclusive fiz um texto defendendo o final, e considero um dos melhores point-and-click da década passada. Não que eu tenha jogado muitos, haha!
2. AXELAY – SHOOT’EM UP – 1992
Sabe-se lá porque eu decidi testar alguns “jogos de navinha” no início do ano, afinal eu tenho reflexos e coordenação motora dignos de pena. Por isso eu escolhi pegar apenas uns títulos mais leves para testar a água. Bom, pelo menos a internet me disse que eram mais leves e algumas dessas recomendações eu gostaria de questionar no tribunal. Mas enfim, daqueles que eu joguei (e que fui capaz de zerar), certamente o que mais me agradou foi Axelay. Então, para valer a experiência, decidi dar um espaço para ele na Jogospectiva 2024.
É complicado eu afirmar qualquer coisa sobre esse jogo dado o pouco contato que tenho com o gênero, mas Axelay me pareceu aquele com a jogabilidade mais sólida dos que eu me dispus a conhecer. Visual e musicalmente é um jogo fantástico e a dificuldade foi até bem acessível para mim. Gostei da mudança de perspectivas entre as fases, dando uma boa variedade a gameplay e me fazendo me adaptar. Entendo porque ele se tornou um clássico do Super Nintendo.
Então eu não tenho muito que falar de Axelay e acho que nem tenho local de fala para tal. Só posso dizer que curti bastante a experiência e recomendo para pessoas estabanadas feito eu que tenham curiosidade para conhecer shoot’em ups. E já que eu não terei outra oportunidade para falar isso, gostaria de deixar registrado uma coisa: VÁ SE FODER, ÚLTIMA FASE DE BLAZING LAZERS!!!
3. JOGOS DE RPG MAKER – 1-BIT EXPLORER / LISA: THE FIRST / SPACE FUNERAL / GRIM’S HOLLOW / MONSTER WORLD RPG – AVENTURA, HORROR E RPG – 2010-2022
Não pode ser uma lista minha se não tiver uma trapaça em algum momento e a Jogospectiva 2024 não será uma exceção. Para poupar tempo, eu tenho um passado nas comunidades de RPG Maker e por isso gosto de dar um espaço para jogos feitos nele. Esse ano não joguei tantos quanto eu gostaria, mas gostei daqueles tantos que eu joguei. Ao todo foram cinco e cada um ganhou seu respectivo texto aqui no Backlogger. Vou tentar ser breve falando de cada um deles.
Apesar de ser uma engine para se fazer RPGs, historicamente as pessoas usaram o RPG Maker para criar todo tipo de jogo como os de aventura. 1-bit Explorer é um deles, chamando atenção por uma estética simples e monocromática que alude aos títulos do Atari. É um jogo focado em exploração e puzzles que recompensa muito o jogador se ele se prestar a investigar cada canto, tornando a história cada vez maior com requintes de horror cósmico. Feito por um brasileiro e que logo vai pintar na Steam.
LISA: The First é outro desses exemplos de jogos de RPG Maker que não são RPGs. É um jogo de terror psicológico (inclusive terror é um gênero surpreendentemente comum no RPG Maker) que não tem muito a falar em termos de desafios, mas entrega tudo no que tange a história. É uma atmosfera densa e desconfortável, carregada de simbolismos terríveis de uma mente fragmentada por traumas de abuso. Acredito que seja mais conhecido pela sua sequência LISA: The Painful, contudo ainda vale muito a pena checar esse pequeno e curioso joguinho.
Falando em pequeno e curioso, Space Funeral é outra joia do RPG Maker que deveria ser conhecida até por quem não é da comunidade. Mais do que um jogo, ele é um comentário a respeito dessa idolatria por uma estética perfeita no game design. Não vá em Space Funeral esperando um RPG tradicional, porque ele pouco dá importância para suas mecânicas. É a ideia central da sua narrativa que o torna tão importante, seja você um aspirante a desenvolvedor de jogos ou um mero jogador na fila do pão.
Agora Grimm’s Hollow é o meu xodózinho da lista porque é um jogo que mostra toda a criatividade e paixão que a comunidade de RPG Maker tem pelos seus projetos. Certamente ele tem um dedinho de influência de Undertale e usa essa influência muito bem. Tem uma estética muito carismática, uma história tocante e até umas escolhas interessantes no sistema de batalha. Não tenho muito a dizer sobre ele que não sejam elogios, então fico com um simples: joguem, joguem Grimm’s Hollow imediatamente!
Para fechar a listinha de RPG Maker, temos um Fangame com letra maiúscula: Monster World RPG. Como o nome já indica, é um jogo baseado na franquia de Monster World e que não mede esforços no quesito homenagem. O fangame utiliza basicamente TUDO relacionado a Monster World: jogos, personagens, mapas, monstros, até mesmo outros fangames e jogos que também se inspiraram na franquia como A Lenda do Herói e os jogos da Turma da Mônica da TecToy. Ele fica um pouquinho enfadonho porque é um jogo absurdamente grande, mas é também absurdamente criativo e vai ser um deleite para todo fã de Monster World.
4. DAWN OF THE MONSTERS – BEAT’EM UP – 2022
Esse ano eu tive um despertar kaiju e muito provavelmente o principal responsável foi Dawn of the Monsters que eu zerei logo nos primeiros meses. Portanto, acho que ele merece ser citado na Jogospectiva 2024. Conheci o jogo através do meu amigo Savino, do canal The Flying Kick (mais outra publicidade gratuita realizada com sucesso) e me diverti bastante com essa gloriosa porradaria de monstros gigantes.
O jogo é uma mais do que evidente homenagem aos filmes e séries tokusatsu como Godzilla, Ultraman, Super Sentai e outros, onde você controla membros de um departamento de defesa da Terra que a protege dos ataques dessas criaturas titânicas que vem surgindo há décadas. As fases ficam um pouco repetitivas depois de umas horinhas de jogo, porém não deixa de ser um dos beat’em ups mais divertidos da atualidade.
O ponto alto é a capacidade de controlar e intercalar entre vários personagens de estágio em estágio, compensando pelo padrão recorrente da jogabilidade. A trama também é um barato, bem a cara de um filme da Era Showa que não tinha vergonha em ser bem ridículo e sincero com sua proposta, e só melhora com a identidade de história em quadrinhos que a direção artística de Dawn of the Monsters assume.
5. DODGEBALL ACADEMIA – RPG DE AÇÃO – 2021
Ah, finalmente o momento da Jogospectiva 2024 que eu queria que chegasse (vamos ignorar que esse é somente o quinto tópico entre 16 dessa lista). Dodgeball Academia é facilmente o título que eu mais adorei jogar esse ano. Se eu fosse capaz de fazer aqueles rankings de jogos favoritos da vida – e sabemos que eu não consigo, né? – com certeza ele estaria no topo. É um jogo fantástico que ao bater o olho você pensa que é ÓBVIO que essa ideia saiu da cabeça de um brasileiro.
Dodgeball Academia pega a estrutura de um RPG de ação e aplica no contexto de partidas de queimada. O conceito é maravilhoso por si só, mas a execução também é excelente. Foi um sistema de batalha muito bem pensado, com recursos suficientes para não deixar as batalhas caírem na mesmice, com boa dose de desafio é pura e simplesmente divertido. Os chefões, por exemplo, estão sempre entregando algo novo que obriga o jogador a adaptar suas estratégias.
Mas o maior charme do jogo para mim é o seu tom. Ele tem esse espírito maravilhoso de um shonenzão de esporte que faz você imaginar como seria da hora de ter um animê passando nesse universo. Os personagens são carismáticos, tem uma trama muito boa que vai para além de um torneio colegial e ainda deixa espaço para uma sequência que eu torço muito para que um dia seja feita.
Então não tem outro jogo nessa lista que eu poderia recomendar mais do que Dodgeball Academia. Comprem e joguem na primeira oportunidade que tiverem, vocês nem verão a hora passar de tanto que ele te captura com seu combate divertido e seu senso de humor.
6. ALIEN: INFESTATION – METROIDVANIA – 2011
Uma pequena e grata surpresa do ano porque Alien: Infestation era um jogo que eu não tinha a menor noção da sua existência. Me foi recomendado por um colega na época em que eu ainda usava a Outra Rede™ e fica aqui o agradecimento caso eu tenha esquecido de falar por lá. O jogo reú duas coisas que eu gosto bastante, metroidvania e a franquia Alien, e me surpreendeu em como ele consegue se equilibrar muito bem entre os dois primeiros filmes.
Aliens é a principal referência porque o jogo se puxa um pouco para o lado da ação. Contudo ele não perde a atmosfera de Alien: O Oitavo Passageiro que nos entregou esse personagem tão icônico que é o Xenomorfo. Você controla um grupo de fuzileiros enviados para investigar uma nave onde acabam tendo contato com os aliens e descobrem mais umas das pilantragens da Wayland. Você tem alguns elementos de metroidvania, encontrando itens que liberam seu acesso a outras áreas do mapa, enquanto precisa sobreviver aos ataques dos Xenomorfos e outros inimigos.
Como eu disse, o jogo enfatiza muito a ação e tem uma boa variedade de arsenal. Embora a munição seja limitada, você consegue encontrar pontos para carregar e salvar o jogo com certa facilidade. Por isso que a mecânica de permadeath nem chega a ser um perigo já que você passa mais sufoco mesmo é durante as lutas contra chefões que pra mim são o ponto alto de Alien: Infestation. Não virou um dos meus metroidvanias favoritos, mas é um dos que eu achei mais interessantes pela temática e assim ele garantiu um lugar na Jogospectiva 2024.
7. TORMENTED SOULS – SURVIVAL HORROR – 2021
Eu me reservo o direito de dizer que Tormented Souls é um jogo desenvolvido especificamente para mim. Outro dos meus favoritos do ano que já tinha seu lugar garantido na Jogospectiva 2024. Tormented Souls tem tudo que eu mais gosto: atmosfera de Silent Hill, jogabilidade de Resident Evil clássico e nenhuma pretensão de reinventar a roda do survival horror. Perfeitinho do jeito que todas as coisas deveriam ser!
Assim como eu falei em Thimbleweed Park, Tormented Souls é um jogo que busca resgatar uma gameplay de títulos anteriores. Você controla Caroline Walker, uma jovem que vai para um hospital abandonado depois de receber uma carta misteriosa com uma foto de duas garotas que ela sente conhecer de alguma forma. É claro que ela não encontra o lugar vazio, passa ser atacada por bizarras criaturas e vai aos poucos revelando os terríveis segredos que circundam o hospital.
Eu sei que os controles de tanque vão frustrar uma geração que não cresceu acostumada com eles e a outra geração que se desacostumou depois de tantos tiros em terceira pessoa com câmera sobre o ombro. Mas para mim essa é a melhor qualidade de Tormented Souls. Ele não tenta inovar, ele não tenta ser o diferentão, ele só pega uma jogabilidade conhecida e coloca no seu próprio universo. Mas até que o jogo mostra um pouquinho de criatividade nas armas que a protagonista usa para sobreviver, como a pistola de pregos. Embora dá para argumentar que é uma diferença estética já que elas desempenham a mesma função de armas típicas do gênero como pistolas e escopetas.
Enfim, Tormented Souls entrega uma experiência bem sólida para aqueles que tinham saudades de jogos de quando o survival horror estava em formação. Também serve como um convite para quem quiser sair do terror mainstream e aprender que pode existir mais de um tipo de gameplay além de Resident Evil 4.
8. STARDEW VALLEY – SIMULAÇÃO – 2016
Acreditem ou não, Stardew Valley foi o jogo que mais me preocupou em jogar esse ano. Até achei que ele não iria entrar na Jogospectiva 2024 porque eu iria abandoná-lo em algum momento e felizmente isso não ocorreu. Minha preocupação era porque já fui muito fã dos jogos de Story of Seasons – anteriormente conhecido como Harvest Moon – porém depois de um tempo não consegui ter paciência para jogar nenhum deles. Foi Stardew Valley que me fez entender o porquê dessa minha limitação.
Não há nada que eu possa falar dele que já não tenha sido dito nesses oito anos em que ele se tornou um dos jogos indie mais populares. A única coisa que eu posso agregar aqui é a minha experiência pessoal que escrevi naquele texto. Stardew Valley é um jogo que se afasta dessa ideia de recompensa instantânea e estímulos constantes porque ele exige que você tenha paciência. Se você tentar bancar o speedrunner e conseguir o máximo de coisas no menor tempo possível, só vai se cansar em poucas estações. É um jogo muito mais recompensador quando você o aborda num ritmo mais calmo.
E realmente não tem motivo para ter pressa porque Stardew Valley é um jogo com muito conteúdo. Dá para você passar tranquilamente dois anos do tempo do jogo e ainda sobrar muita coisa para desbloquear ou fazer. Sem contar que os arcos de personagens são cativantes e você fica com vontade de passar mais e mais tempo entre eles. Enfim, um ótimo jogo para você curtir no seu ritmo.
9. THE HOUSE OF THE DEAD REMAKE – RAIL SHOOTER – 2022
Apesar de que jogos de tiro estarem presentes na minha vida toda, o subgênero dos rail shooters foi um que eu praticamente não tive contato. Os títulos que eu me lembro de jogar foram Virtua Cop e uma port de Time Crisis pro PlayStation. Então para conhecer um pouquinho mais eu decidi pegar o remake de The House of the Dead já que eu adoro a temática de zumbis.
Devo dizer que foi uma experiência muito agradável e me deixou com vontade de jogar também The House of the Dead: Overkill que tem uma pegada de exploitation. O elemento que eu mais curti da experiência desse rail shooter é o fato dela ser bem cinematográfica. Até mais do que os jogos de tiro em terceira pessoa que às vezes parecem ter mais cutscene do que gameplay. É uma narrativa bem carregada pela ação na qual você fica imaginando como cada sequência vai se desencadear.
Também achei legal haver bifurcações no caminho de uma fase, agregando um valor maior de replay para testar outras rotas. Não posso fazer nenhuma comparação com o original, afinal só o conheço por nome, porém o remake me pareceu ser capaz de transmitir muito bem a experiência desse estilo de jogo para quem tem pouco conhecimento sobre ele. Espero ter outras oportunidades para testar outros títulos no próximo ano (ou seja: alguém me dá o Overkill na Steam, por favor!!!).
10. AGGELOS – METROIDVANIA – 2018
Monster World é uma franquia que eu gostaria que tivesse mais ativa na atualidade, principalmente com seus jogos na linha de Wonder Boy in Monster World ou Monster World IV, que é o meu favorito. Mas como consolação, eu fico feliz que alguns sucessores espirituais, como Aggelos, existam. Ele e Monster World RPG não são da mesma série portanto não estou ferindo nenhum dos critérios da Jogospectiva 2024 (como se isso fosse me impedir, né?)
O jogo não esconde em momento algum que é uma derivação direta dos jogos de Monster World e não mede esforços em referenciá-lo. Assim sua jogabilidade vai por uma linha de ação-aventura com elementos de RPG e metroidvania também. Ele dá até uma atualizada em alguns pontos, mas no geral é um resgate aos jogos antigos ainda mais na sua narrativa e estética.
Gostosinho de jogar, tem alguns picos de dificuldades em certas dungeons e na parte final, mas nada muito frustrante se você não sair correndo desembestado pelos mapas. Além disso, é outro jogo que te recompensa pela exploração com muitos segredos a serem encontrados. Aggelos é bom para quem nunca teve contato com um jogo de Monster World e ainda melhor para aqueles que gostam da franquia.
11. SIFU – BEAT’EM UP – 2022
Sifu é um jogo recompensador, mas esse sentimento vem depois de muita e muita… E MUITA frustração. Quase não entra na Jogospectiva 2024 por alguns momentos de pura raiva que ele me fez passar. O beat’em up foi projetado para que o jogador refaça a mesma fase diversas vezes e por isso é um jogo que, mais do que exigir bons reflexos, precisa que você seja persistente.
Na história um antigo discípulo do pai do ou da protagonista, Yang, volta ao dojo para roubar um talismã. Ao confrontar seu ex-sifu, Yang acaba o matando e seu capangas se livram da criança. Porém ela é salva por outro talismã que é capaz de reviver seu usuário com a consequência de envelhecer alguns anos. Esse elemento da narrativa é incorporado na jogabilidade pois cada vez que o jogador morre durante uma fase ele volta um pouco mais velho. Com isso o personagem vai ficando ligeiramente mais forte, porém seu HP máximo é reduzido.
Por isso que, mesmo tendo apenas cinco fases, o jogo se estende por horas. A não ser que você seja misticamente muito bom no jogo, leva um tempo até você dominar o combate e entender os padrões de luta dos chefões. Então você vai ter que reiniciar o cenário algumas vezes para garantir que o personagem não saia dele muito envelhecido porque esses anos serão necessários nas fases seguintes. Novamente, exige mais persistência do que habilidade.
12. THE BOOZE OF MONKEY ISLAND – AVENTURA POINT-AND-CLICK – 2024
Olha aí, não é que tivemos um lançamento na Jogospectiva 2024? The Booze of Monkey Island pegou a mim e outros fãs de surpresa e estou muito feliz que ele exista. Esse é mais um fangame que eu não poderia deixar de fora da lista porque o pessoal da Bean Adventure Agency merece o reconhecimento por todo seu esforço e carinho num projeto que eles não poderiam monetizar. Fico feliz que o financiamento coletivo para o jogo original deles conseguiu atingir a meta graças a atenção que ganharam com The Booze of Monkey Island.
Como eu já entreguei, esse é um curto fangame em que atrapalhado Guybrush Threepwood vai parar numa ilha e precisa ajudar o dono do bar local a conseguir três clientes para que ele conserte o seu navio. Todo o jogo se passa numa única região e não deve dar mais do que duas horas de jogatina. Foi um projeto muito bem feito, principalmente na direção de arte que traz animação tradicional aos moldes de The Curse of Monkey Island.
Tem muitas referências aos jogos da franquia, inclusive o elenco é formado em sua maioria por personagens conhecidos de Monkey Island. O jogo tem algumas limitações por ter sido um projeto feito sem recursos, mas não deixa de ser muito bom. Os fãs certamente não irão se decepcionar (baseado na minha evidência anedótica) e acho que quem não conhece a franquia também pode se divertir mesmo que não pegue alguma das piadas.
13. BASTION – RPG DE AÇÃO – 2011
Bastion é um jogo inexplicável. Não que ele tenha uma história confusa ou uma jogabilidade complexa. Pelo contrário, em ambos os casos ele é bem simples de se compreender e dominar. Eu digo que é inexplicável porque eu ainda não consigo esclarecer porque ele me divertiu tanto assim. Foi um nível de satisfação até maior dos meus jogos favoritos do restante da Jogospectiva 2024.
A minha teoria é que Bastion se encontra num ponto de equilíbrio perfeito em que ele não é tão complicado a ponto de afastar as pessoas e nem tão simples a ponto de desinteressá-las. Isso acaba dando ao jogo um imenso poder de entretenimento que vai agradar qualquer jogador. Agora eu até entendo mais porque a Supergiant Games é tão queridinha por alguns grupos gamers que eu já me deparei pela internet.
Nem vou me dar ao trabalho de entrar nos pormenores da trama ou da jogabilidade porque não faz o menor sentido. Quando você põe Bastion no papel ele não parece um jogo tão incrível assim, mas quando você experimenta você entende porque gostam dele. Então peço um voto de confiança de vocês e sugiro que apenas joguem para verem por si mesmos.
14. CRIMSONLAND – SHOOT’EM UP – 2003
Crimsonland foi um jogo que vi sendo citado pela internet como um precursor do subgênero dos survivors-like que ganhou tração nos últimos anos por conta de Vampire Survivors. E de fato quando você o joga dá para pinçar alguns pontos relevantes em comum, como os elementos de RPG em que os monstros deixam experiência e ao passar de nível você pode selecionar uma melhoria para o seu personagem.
Mas eu não acho que esse seja o real valor do jogo e nem o motivo dele entrar para a Jogospectiva 2024. Para mim o que mais se destacou foi perceber sua raiz na cultura de desenvolvimento de jogos independentes dos anos 2000. A versão comercializada hoje de Crimsonland é uma lançada em 2014 que conta com gráficos e interface melhorados, mais modos de jogos, novas armas, inimigos, etc. Já o original é de 2003 e você tem a opção de jogá-lo nessa versão.
Sendo uma pessoa que passou um bom tempo nos ClickJogos e Fliperama da vida, eu acabei tendo uma experiência nostálgica com Crimsonland mesmo nunca tendo jogado antes. Talvez não tenha esse efeito para os gamers mais novos que não viveram essa época, porém ela não é tão distante assim da realidade atual. Para mim foi uma oportunidade satisfatória.
15. SLEEPING DOGS – AÇÃO-AVENTURA – 2012
Eu me afastei de jogos de mundo aberto porque, francamente, existem formas melhores de se investir o tempo. É um formato de gameplay que cada ano que passa eu sinto menos vontade de explorar porque eu acho que são jogos que têm mais volume do que conteúdo. Mesmo assim, eu curti Sleeping Dogs.
Ouço há um tempo, inclusive de um amigo da faculdade, como esse foi um título subestimado na sua época. Pode até ser mesmo, ainda que eu ache que o fato dele ser mundo aberto é o que distancia algumas pessoas. Duas coisas me chamaram atenção nesse jogo. A primeira foi o fato dele enfatizar mais combate corpo-a-corpo em vez de tiro em terceira pessoa e como sou um grande fã de filmes de artes marciais isso me agradou bastante. Ajuda que a luta tem uma fluidez que remete aos jogos da série Arkham do Batman.
Outro elemento que funcionou a favor de Sleeping Dogs foi seu contexto. O protagonista é um policial infiltrado o que permitiu o jogo explorar os conflitos internos e a pressão psicológica que ele sofre por estar vivendo em dois mundos opostos. Isso cria um drama muito eficiente que jogos de Grand Theft Auto, por exemplo, não conseguiram impactar da mesma forma. Então, apesar de ser mundo aberto, vou me juntar ao coro que Sleeping Dogs é subestimado.
16. MARSUPILAMI: HOOBADVENTURE – PLATAFORMA – 2021
E para fechar a Jogospectiva 2024 com chave de ouro eu trago para vocês outro dos meus jogos favoritos desse ano (que não são desse ano), Marsupilami: Hoobadventure. Se você for mais velho deve se lembrar do desenho que costumava passar no SBT então a mesma pontada de nostalgia que me atingiu deve acertá-lo.
Para resumir, Marsupilami: Hoobadventure é maravilhoso. Não só na sua direção artística, mas é um dos melhores jogos de plataforma que joguei nesses últimos tempos. É similar ao caso de Tormented Souls, porque Marsupilami: Hoobadventure não tenta reinventar o gênero e é apenas uma execução excelente de mecânicas já bem estabelecidas.
É um jogo bem generoso na quantidade de vidas a ponto que você nunca sente o risco de levar um game over, porém isso não diminui o seu desafio. Tem um ótimo level design e a DLC que se passa numa ilha pré-histórica é de encher os olhos pelos seus cenários e trilha sonora. Adorei cada minuto.
Marsupilami: Hoobadventure é muito acessível para todos os públicos e é uma ótima porta de entrada para jogos de plataforma. Não é caro, na última promoção que teve eu levei ele por menos de cinco reais, e faz valer cada centavo. Não poderia ter ficado mais satisfeito com a compra e espero muito que um dia ele vire um clássico moderno.
UMA ÚLTIMA E RÁPIDA MENSAGEM DE FIM DE ANO
Eu ia terminar a Jogospectiva 2024 como um simples “feliz Natal e boas festas” como fiz da última vez, porém hoje eu queria falar umas coisinhas a mais. Esse foi um ano complicado para mim. Entre desilusões amorosas e ter ficado sem trabalho (esse último foi parcialmente resolvido), o golpe mais duro foi ter perdido uma tia querida um mês antes do meu aniversário. Não comento essas coisas aqui porque mesmo sendo um blog tecnicamente pessoal, tem questões mais íntimas que eu prefiro guardar para mim. Enfim, foram momentos difíceis que eu tive que enfrentar, mas agora a vida tem entrado mais ou menos nos eixos.
Ter mais do que um hobby, um lugar para eu me expressar e exercitar minha escrita me ajudou bastante a passar por esses episódios e acho que é por isso que eu estou mais animado para o próximo ano do Backlogger do que eu estive nesse que está terminando. Perdi a pretensão de ganhar algum dinheiro com o site e agora quero encará-lo como terapia porque falar sobre as coisas que eu gosto (e algumas que me irritam) se tornou uma necessidade na minha vida.
Então quero tirar esse momento para agradecer de coração todos os poucos leitores que conquistei e mesmo que não comentam com frequência eu sei que estão aí. Agradeço até mesmo você que está chegando agora e espero que passe mais tempo aqui.
Um feliz Natal a todos e nos vemos no próximo texto. Fiquem bem!
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