Olá! Meu nome é Belmonteiro, eu zerei Virgo Versus the Zodiac e eu não gosto de true endings. Na minha cabeça isso é um bom jeito de começar um texto.
Ok, vamos do início. Um bom tempo atrás um amigo meu recomendou esse humilde RPG de uma gamedev brasileira que ele conhecia, Moonana. Ela começou o projeto no RPG Maker MV, porém migrou pro Gamer Maker acredito eu por conta da complexidade que se tornou o sitema de batalha do jogo. Virgo Versus the Zodiac tem uma estética que me agrada bastante e olhando por cima o combate parecia no mínimo curioso. Contudo, como meu backlog vive lotado, eu fui empurrando o jogo com a barriga e adiando a compra. Mas quando este mesmo amigo me deu Virgo Versus the Zodiac de presente, achei que estava na hora de testá-lo.
O jogo é uma mistura de ficção científica com fantasia, onde a Via Láctea se divide em vários reinos cósmicos. Cada reino é controlado por uma das personificações dos signos do Zodíaco que também funcionam como as divindades desse literal universo. A história começa com Virgo – eu decidi não traduzir os nomes próprios – que tomou como sua cruzada pessoal restaurar a Era Dourada, um período em que a Via Láctea vivia num estado de paz e com prosperidade. Para tal, ela precisa reunir todas as coroas das demais Zodíacas, mesmo que isso signifique usar à força. Ao longo da sua jornada, Virgo é acompanhada de Ginger, um homem-biscoito que ela salvou de ser devorado por Taurus; Algol, a Estrela Demônio, e também do seu servo-espadachim, Spica.

Este será um texto longo onde eu entrarei em muitos detalhes da trama de Virgo Versus the Zodiac. Mas antes disso, gostaria de fazer uns comentários sobre a sua jogabilidade.. O sistema de batalha foi o fator que mais chamou minha atenção por me lembrar dos RPGs da franquia Mario (Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars, Paper Mario e Mario & Luigi: Superstar Saga). Além de um combate baseado por turnos, o jogo tem QTEs que servem tanto para potenciar seus ataques como reduzir o dano recebido. Cada golpe tem sua própria sequência, portanto o jogador precisa estar sempre atento. Além disso, durante as lutas você também precisa levar em consideração a posição da sua equipe e dos inimigos.
Um detalhe importante é que cada equipamento habilita um ataque diferente que pode aplicar efeitos nos usuários e nos alvos. Ao todo você pode ter quatro equipamentos ofensivos e mais quatro que habilitam counters. Virgo Versus the Zodiac tem um sistema que considero desnecessariamente complexo de atributos. Toda arma tem seus prós e contras, pois praticamente todas diminuem algum atributo do personagem. A princípio isso seria uma forma de incentivar o jogador a pensar melhor nas suas builds já que você não pode simplesmente equipar qualquer coisa que parece ser mais forte que sua arma anterior. Contudo, na prática, acho que ninguém fica fazendo essas contas e acaba usando aqueles equipamentos cujos ataques parecem ser mais legais.
Vale mencionar que existe também uma mecânica de “papel, pedra e tesoura elemental” aplicada ao combate. Por conta da sua temática, o jogo aplica as três qualidades dos signos do zodíaco – Cardinal, Fixa e Mutável – no combate. Cada equipamento se associa a uma dessas qualidades, com uma tendo vantagem sobre a outra. Cardinal causa mais dano em mutável, mutável causa mais dano em fixo e fixo causa mais dano em cardinal. Entretanto, essa ideia das três qualidades dos signos não se limita apenas ao sistema de batalha e assim eu vou usá-las para fazer uma ponte com a primeira parte da discussão de hoje.
AS TRÊS ROTAS DE VIRGO VERSUS THE ZODIAC
ATENÇÃO!!!
MUITOS SPOILERS
DAQUI PARA FRENTE
O conceito de finais múltiplos não é nada estranho nos vídeo games, ainda mais naqueles cuja história se divide em diferentes rotas. Contudo, pessoalmente eu não considero que todos os jogos com finais múltiplos são jogos com finais múltiplos. Ou então muito menos finais do que clamam ter. Na minha visão, para um final ser diferente ele precisa divergir significativamente das outras ramificações. Por exemplo, Batman Arkham Asylum é um jogo que digo que tem finais pseudomúltiplos porque a única diferença é qual vilão aparece pegando a caixa da fórmula de TITAN. De qualquer forma, sendo pseudo ou não, eu não curto muito essa ideia de finais múltiplos.
Ano passado eu soltei um texto sobre Silent Hill 2 em que menciono isso sem dar maiores explicações e é porque não existem motivos. É apenas um capricho meu. Entretanto não quer dizer que eu vou desgostar de um jogo caso ele tenha finais múltiplos e tem alguns casos que eu acho até que fortalece a história se bem aplicado. Que é o caso de Silent Hill 2 para o qual dediquei aquele texto.

O motivo deste ser um exemplo que funciona para mim é, em parte, pela forma como obtemos cada final. Em vez de se tratar de escolhas em momentos específicos, Silent Hill 2 leva em consideração como o jogador se comporta com o James. A outra parte, e pra mim a mais importante, é sobre como cada um dos finais principais – Leave, In Water & Maria – culmina num arco distinto para o protagonista. São finais que de fato transformam a narrativa do jogo e não apenas dão um desfecho com um grau mínimo de diferença. Virgo Versus the Zodiac também poderia ser um bom exemplo.
Na introdução eu não cheguei a mencionar, mas a direção artística é outra parte importante do jogo. Em especial, o uso das cores para representar cada uma das qualidades dos signos. Cardinal é roxo, Fixo é rosa (eu pelo menos acho que é rosa) e Mutável é verde. Além da sua aplicabilidade prática no combate, o jogo também usa para ressaltar as três rotas pelas quais a história pode seguir.
As cores aparecem a todo momento no texto do jogo, sobretudo quando existem opções de diálogo. A implicação mais óbvia aqui é que cada escolha te empurra para um dos três finais, certo? Mas não é assim! Talvez exista algum significado astrológico para destacar certas opções com cores específicas, mas careço desse conhecimento. Algumas escolhas possuem consequências a curto-prazo, como um aumento ou redução de um atributo, levam a uma linha de diálogo diferente ou habilitam uma side quest. Contudo, os três possíveis finais são determinados em momentos-chave de Virgo Versus the Zodiac, onde você decide entre poupar ou executar uma personagem.
Independente da sua rota, o jogo segue praticamente o mesmo salvo algumas cenas e contextos que se alteram. Um momento que dá para citar é quando os personagens principais são jogados na prisão no reino de Cancer. Quem aparece para libertar o grupo varia de acordo com as personagens que você eliminou ou poupou. De resto, você sempre vai passar pelos mesmos locais, na mesma ordem e enfrentando os mesmos inimigos. O que muda de fato são os arcos de Virgo, especialmente na rota Cardinal e na rota Fixa. O primeiro é obtido ao se poupar todas as três personagens: Deneb, uma estrela que está a serviço de Capricorn, e as duas Zodíacas Taurus e Cancer nos seus respectivos reinos. Já para o final Fixo você tem que ao menos eliminar Taurus.
Voltando a história, quando eu disse que Virgo inicia uma cruzada contra as outras Zodíacas eu não falei no sentido figurado. A personagem tem a intenção de libertar a galáxia da corrupção que ela vê se espalhando pelos reinos. Contudo há de se questionar se as suas intenções são altruístas, pois a todo momento Virgo se mostra uma pessoa autoritária, beligerante e moralista. Ela possui valores próprios a cerca de pureza, que ela impõe sobre seus súditos e classifica aqueles que não seguem sua linha de pensamento como hereges. Por isso que ela não sente qualquer remorso em passar por cima daqueles que se põe no seu caminho.

A primeira escolha vem também na primeira seção do jogo, quando Virgo invade o reino de Capricorn. Em dado momento ela encontra Deneb, as duas duelam e no final você escolhe entre “Deixar que essa estrela deplorável viva” ou “Dar um fim a sua miséria”. Notem que o tom de ambas as escolhas reflete exatamente a posição de superioridade que Virgo se vê em relação aos demais.
A segunda escolha vem ao fim do reino de Taurus ao duelar com a própria. As opções são “Acabar com a ilusão desse reino” e “Tenha misericórdia dessa Deusa deplorável”, mas existe uma pegadinha aqui. Alguns jogadores escolhem a segunda alternativa acreditando que essa é a opção para poupar Taurus, contudo se você prestar atenção nas cores, essa é na verdade a escolha que leva ao final Fixo. Porque irritada com a condescendência de Virgo, Taurus luta até a morte contra ela.
Porém, se você escolher a primeira opção, Virgo dá um “choque de realidade” em Taurus. Ela acaba desistindo da luta e aceita o tratado de paz que a protagonista trouxe para a Zodíaca assinar. Aqui já podemos reparar uma mudança no tom de Virgo e até uma intenção, um pouco não coerente ao que veremos ela fazer com outras personagens, de buscar uma solução não-violenta.
Por fim, a última escolha vem no terceiro reino que é o de Cancer. Mais uma vez temos outra luta onde o grupo de Virgo enfrenta Cancer e seu soldado-estrela Altarf. A diferença é que nesse caso a oponente pede para ser poupada, portanto as escolhas são “Aceitar o apelo de Cancer” ou “Negar o seu pedido patético”. Aqui já dá pra ver que o tom de Virgo na rota Cardinal já está totalmente oposto ao do início do jogo e eu gosto de pensar que é intencional para marcar a mudança de pensamento dela.
A consequência dessas três escolhas vem alguns capítulos depois quando vamos para o reino de Pisces, a Zodíaca por quem Virgo é apaixonada. Neste capítulo, Pisces resolve dar uma festa em homenagem a Virgo, porém alguns contratempos surgem no caminho. Aries ataca o grupo numa ponte e todos acabam separados. Procurando pelo caminho de volta, Virgo descobre que uma raça de vírus vem se aproveitando da inocência de sua amada Pisces, mas consegue fazê-la perceber a manipulação. As duas enfrentam os vírus e depois de mais alguns percalços finalmente chegam ao farol onde acontecerá a festa.

Caso você esteja na rota Cardinal, Capricorn aparece durante a comemoração e avisa que alguém planeja atacar o lugar. Todos conseguem deixar o farol a tempo, porém Pisces acaba sendo infectada e tendo sua mente totalmente controlada pelos vírus. Virgo e Capricorn conseguem contê-la, porém ela continua infectada. Virgo decide abandonar sua missão de restaurar a Era Dourada e procurar uma cura para Pisces. Como isso acontece é irrelevante, o que importa aqui é que depois de derrotar Aries, Virgo joga todas as coroas das Zodíacas no vulcão Krios. Com isso, em vez de recriar a Era Dourada, Virgo estabelece uma nova era em que todos os habitantes da galáxia e os Zodíacos passam a viver em pé de igualdade.
Agora, se você estiver na rota Fixa, Pisces acaba morrendo durante o ataque ao farol. Virgo, severamente abalada, continua sua missão de trazer a Era Dourada. Próximo ao final, Virgo revela que Ginger será sacrificado no vulcão para que ela possa forjar a Coroa Dourada. Chocados, Algol e Spica se voltam contra ela, mas Vigo determinada em concluir sua missão elimina os dois. Na cratera do vulcão, ela encontra Scorpio, a esposa de Taurus, que revela ter matado Pisces. Em negação, Virgo derrota Scorpio, deixa que Ginger se sacrifique e forja a Coroa Dourada, passando a ter controle sob toda a Via Láctea.
Tal como em Silent Hill 2, eu acho que as rotas Cardinal e Fixa de Virgo Versus the Zodiac são um bom uso desse conceito de finais múltiplos. Ambos permitem analisar a sua protagonista em prismas diferentes e, que em certa capacidade, estão atreladas a forma que você escolhe jogar. Se você for um jogador misericordioso, isso leva Virgo até uma reavaliação da sua atitude em relação aos seus pares e aqueles que ela julga inferiores. Porém se você continua no caminho da violência, o autoritarismo de Virgo não apenas ganha mais força como ela o leva às últimas consequências. E que eu particularmente acho um desfecho muito mais condizente com a personagem.
Só que tem um problema nessa história, pois existe uma terceira rota a se comentar.
O FINAL MUTÁVEL

Outro conceito que é muito comum nos vídeo games é o de true ending. Alguns consideram o true ending como o final mais satisfatório do jogo, o que para mim é uma definição bem besta. “Mais satisfatório” é algo muito subjetivo e tenho quase certeza que a maioria vai interpretar como sendo o final mais feliz,
Então poderíamos recorrer a outra definição que é a de dizer que o true ending é o final canônico, mas eu ainda acho uma definição bem besta. Não somente porque eu considero que o conceito de cânon deveria ser extinto, mas porque o cânon por vezes é determinado para fins de continuidade ou por algo exterior aquela obra. Por exemplo, Metro 2033 te permite terminar a história de duas formas, sendo uma considerada o cânon por ser o final do livro original. Isso se solidifica na sequência, Last Light, que continua a história a partir desse final e também pode terminar em dois desfechos diferentes. Anos depois, com a chegada de Metro Exodus, mais uma vez um dos finais acabou se tornando canônico para manter a sequência de eventos.
A definição que eu mais gostei foi a que classifica o true ending como aquele no qual você tem a conclusão mais completa da narrativa. Além de achar que dá uma explicação boa, essa definição também destaca o porquê de eu não gostar de true endings. Porém antes de seguirmos com o texto, preciso trazer um último exemplo com o caso dos finais de Ys Origin.
Ys Origin conseguiu desbancar The Oath in Felghana e hoje é meu título favorito da franquia. É um jogo que também tem finais múltiplos, porém aqui existe uma particularidade. As três “rotas” de Ys Origin dependem do personagem que você escolher. O caminho é o mesmo, porém a história e o arco dos protagonistas – Yunica, Hugo e Toal – mudam em cada uma dessas “rotas”. Achei um jeito mais legal de trabalhar a ideia de finais múltiplos, contudo numa ironia do destino, esse jogo que eu tanto amo também cai no problema dos true endings que eu tanto detesto. Ainda mais irônico porque é o final que eu mais gosto do jogo.
O final da Yunica e do Hugo são igualmente satisfatórios porque ambos fecham a história do jogo de maneira virtualmente semelhante, porém cada personagem tem seus temas próprios explorados na trama. A versão do Toal também é satisfatória e é considerada a canônica por ser aquela que faz as pontes com primeiro jogo de Ys. Ela não encerra a história tal como as duas outras “rotas”, pois aqui são dadas informações novas. Vai desde detalhes sobre o Toal que mudam completamente o seu personagem, como a revelação do verdadeiro vilão do jogo que estava manipulando os eventos da trama por trás dos panos. É uma reviravolta nada orgânica, o vilão literalmente cai do céu, para forçar as conexões com cânon da série.

Como podem imaginar, algo assim também acontece em Virgo Versus the Zodiac no final Mutável, quando vê elimina a estrela Deneb e poupas Taurus e Cancer. E como é esse final? A gente descobre que eventualmente a Via Láctea será destruída por um buraco negro chamado de Sol Negro e para impedir esse evento a irmã de Virgo, Gemini, se une a Capricorn – que é a Guardiã do Tempo – para colocar a galáxia num loop até que ela consiga pensar numa forma de salvar a galáxia revelando. Tanto o final Fixo quanto o Cardinal são apenas parte dos vários ciclos que ocorreram repetidas vezes e os personagens são apenas memórias das suas versões originais. Que loucura, não?
Minhas desavenças com esse final começam por achá-lo muito mal executado. Existiam alguns sinais de que algo de estranho acontecia por trás da trama. Há citações dizendo que “o Sol Negro se aproxima” e um NPC do reino de Taurus tem uma interação esquisita com Virgo, alegando que se lembra dela apesar de nunca terem se encontrado antes. Isso adiciona um mistério positivo para a ambientação do jogo. Só que a revelação nos é entregue através de um diálogo honrosamente expositivo quando o pai de Virgo, Mercury, aparece no último capítulo e conta tudo para sua filha. Tal como em Ys Origin, é uma revelação bombástica chegando do nada, que desfaz os arcos de Virgo e faz uma virada de 180 graus no seu próprio universo.
Além disso, é um desfecho que não condiz muito com as escolhas que tomamos. Cardinal e Fixo são finais que de fato parecem uma consequência das ações de Virgo pois ambos dependem do arco dela como personagem. Por outro lado, não existe qualquer justificativa para eliminar apenas Deneb e por esse único motivo o Mercury decidir contar para Virgo a verdade sobre o universo. Isso acontece apenas porque o jogo precisa que aconteça para dar sequência ao final Mutável.
Foi uma conclusão que eu achei insatisfatória de uma perspectiva narrativa e emocional. Eu só dou algum crédito a essa rota porque pelo menos ela serve para ilustrar…
O MEU PROBLEMA COM TRUE ENDINGS

Os múltiplos finais de Silent Hill 2 são honestos com o jogador. Apesar de alguns fãs perderem tempo discutindo qual é o final canônico como se isso importasse, não existe ali um true ending. A reviravolta do roteiro já foi entregue, todos os personagens e temas já foram desenvolvidos, tudo que resta é concluir o arco do protagonista. Independente se você pega Leave, In Water ou Maria, todos os três são igualmente satisfatórios porque estão de acordo com o que foi apresentado em termos narrativos e de gameplay.
Ys Origin também tem, ao meu ver, três finais igualmente satisfatórios para seus respectivos personagens. Contudo o jogo está preso na mentalidade do cânon e por tem que empurrar a rota do Toal como a correta. Não o bastante, para tal ela precisa esconder do jogador informações que só serão reveladas se ele seguir a história daquele personagem. Tal como Virgo Versus the Zodiac só revela a verdade do seu universo se você seguir pelo final Mutável.
Óbvio que isso não invalida os outros finais e menos ainda estraga a experiência do jogo. Essa é apenas uma rusga de longa data que eu tenho nos vídeo games com os true endings. Porém, devo pontuar que existem casos e casos. Meu problema é quando esse true endings surgem limitando o acesso do jogador a informações a não ser que ele siga uma determinada rota. Porque para mim isso contraria a existência de múltiplos finais. Não faça sua audiência perder o tempo dela com ramificações diferentes se você quer contar uma história específica. Para mim isso é igual a fazer um filme com final aberto e depois ir a público dizer qual deve ser a interpretação correta.
Enfim, eu estou ciente que isso tudo é uma rusga pessoal minha e sintam-se livres para discordar. No mais, reforço que Virgo Versus the Zodiac é um RPG da horinha que sem querer virou exemplo para um dos meus aborrecimentos nessa mídia. Deem uma chance e, se possível, evitem o final Mutável. Os outros dois são bem melhores!