
Se olharmos para os números brutos, os dois textos de maior sucesso (cliques) aqui no blog foram dois daqueles sobre os fangames de Os Cavaleiros do Zodíaco: As Novas Lendas & A Saga de Hades. Ambos tiveram mais de 10 mil cliques cada, porém tem um detalhe. Essa alta interação, para os padrões do meu blog, se limitou aos poucos dias que esses textos apareceram no Google Discover. Agora se fizermos uma análise a longo prazo, aí temos outro representante. Meu artigo de maior sucesso é um que publiquei em 17 de maio de 2023, O caso Raluca e o mercado do exposed.
Apesar de que essa história dispensa qualquer comentário, eu gosto de uma recapitulação. Prometo ser breve do jeito que essa confusão deveria ter sido. O caso foi uma treta entre dois youtubers, Raluca e Jean L, que ganhou proporções que ninguém poderia imaginar. É ridículo quando a gente para pra pensar nela. O que deveria começar e terminar numa briguinha entre dois indivíduos de moral dúbia e questionável, se transformou numa verdadeira novela virtual. Tinha mais personagens do que a gente se prestaria a contar e com mais reviravoltas do que o necessário. Que no caso deveria ser nenhuma.
Tudo começou com o Raluca fez um vídeo expondo uma call antiga que fez com o tal do Jean L no qual ele parecia um maluco inconveniente que não parava de assediá-lo. O caso viralizou pelo YouTube brasileiro e até mesmo fora dele. Teve muita gente que ganhou muita visualização com as muitas confusões que se sucederam dessa fatídica call. Um dos vídeos responsáveis pela repercussão dessa história foi o emblemático “Putz Raluca” do Diggo. A partir dele se iniciou uma sequência de vídeos e mais vídeos de youtubers diferentes comentando as idas e vindas do caso Raluca. Novos personagens surgiram, personagens mudaram de lado, gente que apenas cobria a treta se envolveu na treta ou começou uma treta com outra pessoa de treta ou que também cobria a treta . Agora essa história se aproxima de completar dois anos, pois segue ativa de algum jeito.
Na época eu aproveitei a situação para comentar sobre como exposed se tornou um formato de conteúdo relativamente lucrativo na internet. É um mercado bem estabelecido, alimentado não só pelos envolvidos e pela audiência, como também por aqueles que reagem a essa história e suas respectivas audiências. Se não me engano eu disse isso no meu texto, é um cenário que todo mundo sai ganhando de um jeito ou de outro. Além daquele texto, fiz outros dois – este e esse – que nunca chegaram a ter o mesmo sucesso que o primeiro. Desde então as palavras-chaves que mais levam as pessoas até o meu blog são relacionadas ao caso, como: “raluca”, “caso raluca”, “raluca o que aconteceu”, “raluca polêmica”, “quem é raluca” e por aí vai.
Por um lado isso é bom para mim porque segue trazendo mais potenciais leitores para o Backlogger. No último mês foram 400 cliques que para um blog humilde como o meu é bastante coisa. Eu também gosto bastante daquele texto porque acho que fui capaz de trazer um tema para mesa que ia além de uma treta entre dois youtubers. Contudo, também vejo um revés nessa história porque, como já comentei em outras instâncias, meu blog não é exatamente sobre esse tipo de conteúdo.
Sim, eu comento sobre alguma treta do momento sempre que eu acho que tenho algo de pertinente a dizer. Já falei aqui sobre o Monark, sobre canais de opinião e mais recentemente sobre a J. K. Rowling e como não dá para separá-la de Harry Potter. Todavia, o motor do blog ainda é conteúdo sobre vídeo games e algumas outras mídias que consumo. Mas então por que estou de Raluca pela – uma, duas, três – QUARTA vez?
Como eu ainda vejo as pessoas chegando no meu blog por causa daquele texto, eu imaginei que o Raluca ainda estava ativo nas suas redes. Contudo assumi que ele tentava engatar com algum novo conteúdo na vã esperança de ter uma segunda vida no YouTube. Meu erro é sempre assumir coisas…
Uma semana atrás mais ou menos, naquela aba de vídeos recomendados do YouTube que agora de vez em quando bota uma sugestão aleatória, apareceu um vídeo de um canal de react mencionando o Raluca. Por uma súbita curiosidade mórbida eu acabei clicando e por ali fiquei sabendo que ele moveu um processo pra cima do Diggo. “Meu Deus! Ainda essa história?”, foi a primeira coisa que eu pensei. Depois, vendo que o vídeo era de um ainda existente canal de opinião, tive uma já-não-súbita curiosidade mórbida e pensei, “Meu Deus! Será que tem mais gente ainda falando dessa história?”.
Sendo desocupado e fofoqueiro que sou, digitei “raluca” no YouTube e, para o que deveria ser uma não-surpresa, encontrei vários vídeos recentes sobre ele. Tinha gente falando sobre as últimas peripécias do Raluca, episódios de podcast com o Raluca, cortes desses podcasts, cortes de outros podcasts falando sobre o Raluca, reacts sobre esses cortes e aqueles cortes, etc. Não sei se isso se classifica como submundo do YouTube, porém é a sensação que transmitia.
Mais uma vez eu preciso destacar que fazem quase dois anos desde que o caso Raluca começou. Parece não ter sentido que ainda exista coisa a se falar e se lucrar com ele. E não existiria se ele não tivesse de fato movendo um processo contra alguns dos envolvidos. Isso deu um gás para os cantos obscuros do YouTube voltar com a cobertura da treta. A maioria desses vídeos nem tem tanta visualização assim, pois já se foram os tempos que dava para pagar aluguel falando do Raluca. O maior que vi era do Goularte, um canal grande, com umas 175 mil visualizações. No auge da treta tinha vídeo dele com até dez vezes mais desse número. Já nos demais canais, nenhum cruzou o teto das 100 mil visualizações. Alguns até falhavam para bater 10 mil. Independente disso, ainda fazia vídeos porque ainda são visualizações garantidas.
Assim me veio a reflexão que de certa forma o Raluca acabou se tornando um bom formato de conteúdo para esses canais do “baixo clero”. Mesmo que não sejam muitas visualizações, ainda são o bastante para mover os seus canais e é vantajoso para ambas as partes. O Raluca já não tem muito para onde correr na internet, ninguém é louco o bastante para entrar numa call com esse guri e assim ele não consegue mais fazer seus conteúdos antigos.
Também não tem como engatar em conteúdo novo porque o Raluca se tornou a “Regina Duarte do YouTube”. Ele até tentou, mas me diz aí quem vai querer vê-lo fazendo vídeo de Minecraft ou dando opinião sobre algum tópico? Ninguém quer saber do Raluca se não for sobre ele se metendo em outra treta e, de preferência, levando a pior. Mas como arranjar novas tretas quando se está isolado entre os demais canais?
A gente conhece a figura do personagem de uma única piada. O Raluca é agora o personagem de uma única treta. O que sobrou para ele é continuar estendendo até onde der a sua história com o Diggo, Jean L, Yanni, Tio Gin e seja mais lá quem for que entrou nessa onda. Até mesmo se ele não tiver a menor chance de vencer. Porque se ele fizer uma live ou um vídeo sobre essa treta, ainda vai ter gente para assistir e depois para comentar. Qualquer outra coisa, só irão ignorá-lo. O único momento que ele consegue visualização é quando grita que vai processar o Diggo e assim o “baixo clero” pode esfregar as mãos e fazer mais um vídeo com edição básica e comentários genéricos sobre o que aconteceu e esperar as visualizações subirem.
Mas sabe o que é o pior disso tudo para mim? É saber que eu também estou nessa dinâmica. Meu blog também se beneficia com as movimentações do Raluca na internet. Mais do que com qualquer outro artigo que eu faço assim que no máximo ganha uma atenção momentânea. Volta e meia chega gente nos meus textos de RPG Maker, porque são poucas as pessoas ainda falando desses jogos no Brasil. O Último Virgem Americano me dá bons resultados e, por motivos óbvios, aquele sobre como Pokémon não copiou Dragon Quest também. Porém meu texto #1 é o do Raluca, não tem jeito.
Não posso dizer para vocês que gostaria que tudo isso terminasse porque eu também sou do “baixo clero” da internet. Praticamente todo mundo que ainda tem um blog pessoal é. Enquanto tiver essa treta, melhor pra mim. Óbvio que essa fonte uma hora tem que seca. Mas até lá, infelizmente seremos “eternamente” Raluca.
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